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JUDICIÁRIO
Proposta contraria idéia do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, que pretende iniciar mudança "do zero"
STJ e TST defendem reforma "fatiada"
EVANDRO SPINELLI
DA FOLHA RIBEIRÃO
Os presidentes do STJ (Superior
Tribunal de Justiça), Nilson Naves, e do TST (Tribunal Superior
do Trabalho), Francisco Fausto,
defenderam ontem, em Ribeirão
Preto (SP), que a reforma do Judiciário seja "fatiada".
A proposta de Naves e Fausto
contraria o que defende o ministro da Justiça, Márcio Thomaz
Bastos, que declarou que pretende começar a reforma "do zero".
"Defendemos que a reforma seja fatiada. Podemos votar os pontos consensuais agora e, nos outros pontos, daríamos uma parada, que também não pode ser
muito longa", afirmou Naves.
Dessa forma, afirma o presidente do STJ, não seria perdido todo o
processo de discussão já realizado
no Congresso, que está sintetizado no parecer do ex-senador Bernardo Cabral (PFL-AM) e foi aprovado na Comissão de Justiça
do Senado. A matéria tramita no
Legislativo desde 1992.
"Zerar a reforma, eu acho tormentoso. Temos de partir da proposta do Bernardo Cabral", disse o presidente do STJ.
Na avaliação de Fausto, o processo de debate já acontece há
mais de dez anos e seria um grande prejuízo reiniciá-lo.
Entre os pontos consensuais estariam a criação do Conselho Federal de Justiça -que teria uma corregedoria para funcionar como o órgão de controle do Judiciário- e da Escola Nacional de
Magistrados, ligada ao STJ -seriam criados os dois órgãos também no âmbito da Justiça do Trabalho-, e a transferência de
competência para julgar ministros de Estado do STF (Supremo
Tribunal Federal) para o STJ.
"Nesses itens não há nenhuma
divergência em todas as comissões do Congresso. Acredito que
se possa votar isso junto com as
reformas da Previdência e tributária, que são prioritárias", disse o
presidente do TST.
Já Naves disse acreditar que a
primeira "fatia" da reforma do Judiciário pode ser aprovada antes
mesmo do início das votações das
demais reformas. Ele afirmou
ainda que o Congresso e o governo estão dando sinais de que as
prioridades podem ser invertidas
e que a reforma do Judiciário pode ser discutida logo depois das
mudanças na Previdência e no
sistema tributário.
Os presidentes do STJ e do TST
deram as declarações durante o 1º
Congresso Poder Judiciário e Efetividade da Justiça, que se encerra
hoje em Ribeirão Preto. Estava
prevista a presença também do
ministro Sepúlveda Pertence, do
STF, mas ele não compareceu.
Proposta polêmica
Naves propôs também que, em
vez da súmula vinculante -medida da qual ele se declarou um
defensor-, seja criada a súmula
impeditiva. A súmula vinculante
é uma das propostas mais polêmicas da reforma do Judiciário. Por
ela, os tribunais superiores poderiam editar súmulas que obrigariam todos os juízes do país a seguir aquela posição.
A súmula impeditiva não obrigaria os juízes a julgar de acordo
com a posição dos tribunais superiores, mas permitiria o recurso
apenas se a decisão fosse contrária a ela.
"A importância maior que tem
a súmula é que ela vincula também o administrador público,
não apenas o Judiciário", disse o
presidente do STJ.
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