São Paulo, quinta-feira, 15 de março de 2007

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Marta aceita Turismo, mas impõe condições

FÁBIO ZANINI
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy (PT) decidiu aceitar o Ministério do Turismo do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Mas colocou duas condições para isso. Primeiro, que tenha a liberdade de sair do governo no ano que vem, a fim de se candidatar novamente à Prefeitura de São Paulo, se quiser. Segundo, que sua pasta receba uma injeção de recursos do governo federal e que seja preservada de cortes e contingenciamentos. As conversas estavam encaminhadas para a aceitação das duas condições por Lula.

Consultas
Marta passou os últimos dias consultando aliados sobre aceitar ou não um convite que, oficialmente, ainda não havia sido feito pelo presidente até o fechamento desta edição. A formalização, porém, poderia ocorrer ainda na noite de ontem, depois de novo encontro entre Lula e o presidente do PT, Ricardo Berzoini.
A princípio, Marta estava disposta a recusar o Ministério do Turismo, que considerava um "prêmio de consolação", mas chegou à conclusão de que seria um erro dispensar um convite de Lula num momento em que o presidente da República está com a popularidade em alta. Além disso, ela ficaria sem cargo nenhum e longe dos holofotes da mídia num período de definição das candidaturas para 2008.
Para um aliado que conversou com a ex-prefeita nesta semana, Marta "não pode se dar ao luxo" de não entrar no governo agora.
Ela foi atraída pela possibilidade de, mesmo contrariada em suas intenções iniciais, transformar o ministério numa vitrine. Mira-se no exemplo do atual titular da pasta, Walfrido dos Mares Guia, que começou como um ministro apagado e depois virou uma das estrelas da equipe de Lula, podendo até assumir a coordenação política.
Aliados lembraram à ex-prefeita que o setor de turismo gerou 1 milhão de postos de trabalhos nos últimos quatro anos, entre formais e informais. Se ela repetir o feito, ganha cacife para a eleição presidencial de 2010. Além disso, há também a possibilidade de ganhar a Infraero em sua pasta.

Olho em 2008
Ao mesmo tempo em que espera um ministério fortalecido, Marta continuará com um olho na Prefeitura de São Paulo -que ela perdeu em campanha de reeleição em 2004. Ela sabe que, se abrir mão tão cedo, seu lugar de pré-candidata será imediatamente ocupado -o primeiro da fila seria o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP).
De acordo com petistas que sondaram o Planalto sobre a demanda da ex-prefeita, Lula concordou em abrir uma exceção para ela na regra que estabeleceu de que seus ministros permaneçam por quatro anos.
O próprio presidente tem dito que reconquistar a Prefeitura de São Paulo é um objetivo estratégico do partido no ano que vem, e que Marta poderá ser a única petista com chances reais de vitória.
A ida de Marta Suplicy para a equipe de Lula criou divergências dentro do PT e do Planalto. Na versão de aliados da ex-prefeita, Lula não teria demonstrado, no início, interesse efetivo em tê-la no ministério por considerar que ela atrairia o debate sobre sua própria sucessão cedo demais. Já no Planalto essa versão era negada. Lula só não quis aceitar a nomeação da petista para Cidades para não criar atritos com o PP.


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