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Marta aceita Turismo, mas impõe condições
FÁBIO ZANINI
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A ex-prefeita de São Paulo
Marta Suplicy (PT) decidiu
aceitar o Ministério do Turismo do governo Luiz Inácio Lula
da Silva. Mas colocou duas condições para isso. Primeiro, que
tenha a liberdade de sair do governo no ano que vem, a fim de
se candidatar novamente à Prefeitura de São Paulo, se quiser.
Segundo, que sua pasta receba
uma injeção de recursos do governo federal e que seja preservada de cortes e contingenciamentos. As conversas estavam
encaminhadas para a aceitação
das duas condições por Lula.
Consultas
Marta passou os últimos dias
consultando aliados sobre aceitar ou não um convite que, oficialmente, ainda não havia sido
feito pelo presidente até o fechamento desta edição. A formalização, porém, poderia
ocorrer ainda na noite de ontem, depois de novo encontro
entre Lula e o presidente do PT,
Ricardo Berzoini.
A princípio, Marta estava disposta a recusar o Ministério do
Turismo, que considerava um
"prêmio de consolação", mas
chegou à conclusão de que seria
um erro dispensar um convite
de Lula num momento em que
o presidente da República está
com a popularidade em alta.
Além disso, ela ficaria sem cargo nenhum e longe dos holofotes da mídia num período de
definição das candidaturas para 2008.
Para um aliado que conversou com a ex-prefeita nesta semana, Marta "não pode se dar
ao luxo" de não entrar no governo agora.
Ela foi atraída pela possibilidade de, mesmo contrariada
em suas intenções iniciais,
transformar o ministério numa
vitrine. Mira-se no exemplo do
atual titular da pasta, Walfrido
dos Mares Guia, que começou
como um ministro apagado e
depois virou uma das estrelas
da equipe de Lula, podendo até
assumir a coordenação política.
Aliados lembraram à ex-prefeita que o setor de turismo gerou 1 milhão de postos de trabalhos nos últimos quatro anos,
entre formais e informais. Se
ela repetir o feito, ganha cacife
para a eleição presidencial de
2010. Além disso, há também a
possibilidade de ganhar a Infraero em sua pasta.
Olho em 2008
Ao mesmo tempo em que espera um ministério fortalecido,
Marta continuará com um olho
na Prefeitura de São Paulo
-que ela perdeu em campanha
de reeleição em 2004. Ela sabe
que, se abrir mão tão cedo, seu
lugar de pré-candidata será
imediatamente ocupado -o
primeiro da fila seria o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP).
De acordo com petistas que
sondaram o Planalto sobre a
demanda da ex-prefeita, Lula
concordou em abrir uma exceção para ela na regra que estabeleceu de que seus ministros
permaneçam por quatro anos.
O próprio presidente tem dito que reconquistar a Prefeitura de São Paulo é um objetivo
estratégico do partido no ano
que vem, e que Marta poderá
ser a única petista com chances
reais de vitória.
A ida de Marta Suplicy para a
equipe de Lula criou divergências dentro do PT e do Planalto.
Na versão de aliados da ex-prefeita, Lula não teria demonstrado, no início, interesse efetivo
em tê-la no ministério por considerar que ela atrairia o debate
sobre sua própria sucessão cedo demais. Já no Planalto essa
versão era negada. Lula só não
quis aceitar a nomeação da petista para Cidades para não
criar atritos com o PP.
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