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Novo ministro é investigado no Supremo
Escolhido para a Agricultura, Odílio Balbinotti, que já foi da Arena e do PSDB e está no PMDB, vai se explicar hoje a Lula
"Sou pessoa inocente, sou limpo", diz deputado, que é o maior produtor de sementes de soja do país e tem o apoio de Requião e de Maggi
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA
O novo ministro da Agricultura, Odílio Balbinotti (PMDB-PR), 65, responde a um inquérito sigiloso no STF (Supremo
Tribunal Federal). Ele é investigado por crime contra a fé pública e por falsidade ideológica.
O procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza,
pediu ao Supremo a abertura
do inquérito em agosto do ano
passado. A investigação contra
ele se iniciou no Ministério Público de Mato Grosso.
Em rápida entrevista ontem
no Congresso, Balbinotti não
quis dar detalhes da investigação. Disse que hoje irá se explicar ao presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, com quem irá se
encontrar. "Vamos ter a oportunidade de esclarecer. Só tenho a dizer que sou pessoa inocente, sou limpo", disse.
Ele também admitiu que tem
dívidas com o Banco do Brasil.
"Qual o agricultor que não tem?
Mas só as tenho porque tenho
crédito", afirmou.
Sobre promessas para a agricultura, Balbinotti também não
quis entrar em detalhes e disse
apenas que o produto está descapitalizado, mas o preço está
compensador.
Típico representante do
agronegócio exportador brasileiro, Balbinotti teve o nome
apoiado pelos governadores
Roberto Requião (PMDB-PR) e
Blairo Maggi (PR-MT), e por
José Borba, ex-deputado do
PMDB que renunciou em 2005
para escapar do processo do
mensalão.
A empresa de Balbinotti, a
Adriana Sementes, produz sementes de soja em 26 mil hectares em Mato Grosso -posição que coloca o novo ministro
como o maior produtor de sementes de soja do país.
Gaúcho de Gaurama, ele iniciou a militância política em
1973 no pequeno município de
Barbosa Ferraz (noroeste do
PR). Ao longo de sua trajetória,
trocou várias vezes de partido.
Eleito vereador pela Arena
(Aliança Renovadora Nacional), Balbinotti deixou a sigla
em seu segundo mandato como
prefeito (1989-1993), quando
decidiu se filiar ao PFL.
Em 1994, foi eleito pela primeira vez deputado federal, já
no PDT, migrando para o
PSDB, onde ficou até 2003,
quando se aliou a Requião, ingressou no PMDB e conseguiu
o quarto mandato. Seu reduto
eleitoral se concentra hoje nos
municípios de Sarandi e Maringá (noroeste do Paraná).
Com atividades agropecuárias em Mato Grosso e no Paraná, Balbinotti possui antiga ligação política com os governadores dos dois Estados -respectivamente, Blairo Maggi
(PR) e Requião (PMDB).
Com Maggi, atuou na criação
da Fundação Mato Grosso,
principal instituto de pesquisa
agropecuária do Estado, com
sede em Rondonópolis. Atualmente, Balbinotti é diretor
conselheiro da entidade.
No Paraná, suas relações
com o governador Requião se
estreitaram na última campanha eleitoral, quando, depois
de trocar o PSDB pelo PMDB,
Balbinotti conseguiu seu quarto mandato consecutivo na Câmara Federal, onde sempre foi
membro ativo nas comissões
de Agricultura.
Balbinotti conseguiu várias
indicações suas para cargos no
Executivo estadual na nova
gestão de Roberto Requião.
Não conseguiu, no entanto,
emplacar um nome de sua preferência para a pasta da Agricultura paranaense.
Requião preferiu nomear para o cargo o ex-secretário nacional de Agricultura Familiar
do governo Lula, Walter Bianchini, ligado ao PT.
A empresa de Balbinotti em
Rondonópolis é hoje administrada por um filho do deputado.
Ontem, Odílio Balbinotti Filho, 42, presidente-executivo
da Adriana Sementes, se disse
surpreso com a indicação do
pai para o ministério. "Fiquei
sabendo há exatos dez minutos.
Falei com o pai pela manhã e
ele não disse nada. Agora vou
ter que trabalhar mais", afirmou no final da tarde.
A empresa familiar produz,
também, sementes de milheto.
Balbinotti Filho não informou
o faturamento do grupo.
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