São Paulo, quinta-feira, 15 de março de 2007

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Novo ministro é investigado no Supremo

Escolhido para a Agricultura, Odílio Balbinotti, que já foi da Arena e do PSDB e está no PMDB, vai se explicar hoje a Lula

"Sou pessoa inocente, sou limpo", diz deputado, que é o maior produtor de sementes de soja do país e tem o apoio de Requião e de Maggi


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA

O novo ministro da Agricultura, Odílio Balbinotti (PMDB-PR), 65, responde a um inquérito sigiloso no STF (Supremo Tribunal Federal). Ele é investigado por crime contra a fé pública e por falsidade ideológica.
O procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, pediu ao Supremo a abertura do inquérito em agosto do ano passado. A investigação contra ele se iniciou no Ministério Público de Mato Grosso.
Em rápida entrevista ontem no Congresso, Balbinotti não quis dar detalhes da investigação. Disse que hoje irá se explicar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com quem irá se encontrar. "Vamos ter a oportunidade de esclarecer. Só tenho a dizer que sou pessoa inocente, sou limpo", disse.
Ele também admitiu que tem dívidas com o Banco do Brasil. "Qual o agricultor que não tem? Mas só as tenho porque tenho crédito", afirmou.
Sobre promessas para a agricultura, Balbinotti também não quis entrar em detalhes e disse apenas que o produto está descapitalizado, mas o preço está compensador.
Típico representante do agronegócio exportador brasileiro, Balbinotti teve o nome apoiado pelos governadores Roberto Requião (PMDB-PR) e Blairo Maggi (PR-MT), e por José Borba, ex-deputado do PMDB que renunciou em 2005 para escapar do processo do mensalão.
A empresa de Balbinotti, a Adriana Sementes, produz sementes de soja em 26 mil hectares em Mato Grosso -posição que coloca o novo ministro como o maior produtor de sementes de soja do país.
Gaúcho de Gaurama, ele iniciou a militância política em 1973 no pequeno município de Barbosa Ferraz (noroeste do PR). Ao longo de sua trajetória, trocou várias vezes de partido.
Eleito vereador pela Arena (Aliança Renovadora Nacional), Balbinotti deixou a sigla em seu segundo mandato como prefeito (1989-1993), quando decidiu se filiar ao PFL.
Em 1994, foi eleito pela primeira vez deputado federal, já no PDT, migrando para o PSDB, onde ficou até 2003, quando se aliou a Requião, ingressou no PMDB e conseguiu o quarto mandato. Seu reduto eleitoral se concentra hoje nos municípios de Sarandi e Maringá (noroeste do Paraná).
Com atividades agropecuárias em Mato Grosso e no Paraná, Balbinotti possui antiga ligação política com os governadores dos dois Estados -respectivamente, Blairo Maggi (PR) e Requião (PMDB).
Com Maggi, atuou na criação da Fundação Mato Grosso, principal instituto de pesquisa agropecuária do Estado, com sede em Rondonópolis. Atualmente, Balbinotti é diretor conselheiro da entidade.
No Paraná, suas relações com o governador Requião se estreitaram na última campanha eleitoral, quando, depois de trocar o PSDB pelo PMDB, Balbinotti conseguiu seu quarto mandato consecutivo na Câmara Federal, onde sempre foi membro ativo nas comissões de Agricultura.
Balbinotti conseguiu várias indicações suas para cargos no Executivo estadual na nova gestão de Roberto Requião. Não conseguiu, no entanto, emplacar um nome de sua preferência para a pasta da Agricultura paranaense.
Requião preferiu nomear para o cargo o ex-secretário nacional de Agricultura Familiar do governo Lula, Walter Bianchini, ligado ao PT.
A empresa de Balbinotti em Rondonópolis é hoje administrada por um filho do deputado.
Ontem, Odílio Balbinotti Filho, 42, presidente-executivo da Adriana Sementes, se disse surpreso com a indicação do pai para o ministério. "Fiquei sabendo há exatos dez minutos. Falei com o pai pela manhã e ele não disse nada. Agora vou ter que trabalhar mais", afirmou no final da tarde.
A empresa familiar produz, também, sementes de milheto. Balbinotti Filho não informou o faturamento do grupo.


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