São Paulo, sábado, 15 de março de 2008

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São Paulo elege hoje novo procurador-geral

Procuradores e promotores do Ministério Público do Estado irão às urnas para escolher o substituto de Rodrigo Pinho

Futuro procurador-geral vai administrar orçamento em 2008 de R$ 1,1 bi; candidato apoiado por Rodrigo Pinho é José Oswaldo Molineiro

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Hoje os 201 procuradores e 1.621 promotores do Ministério Público do Estado de São Paulo irão às urnas para eleger o novo chefe da instituição, o procurador-geral de Justiça que irá substituir Rodrigo Rebello Pinho, há quatro anos no cargo.
Os procuradores José Oswaldo Molineiro, 56, José Benedito Tarifa, 55, Fernando Grella Vieira, 51, e Paulo Afonso Garrido de Paula, 51, concorrem à vaga de Pinho, que, no cargo, foi criticado por um suposta partidarização do órgão em prol do PSDB e elogiado por empenhar-se em medidas de combate à impunidade e à corrupção.
O futuro procurador-geral irá gerir um orçamento em 2008 de R$ 1,1 bilhão. Do eleito dependerá eventuais ações contra prefeitos e governador. Para se ter uma idéia, hoje 443 prefeitos são alvos de investigação na Procuradoria Geral.
O candidato de Pinho é Molineiro, ex-chefe-de-gabinete, que se coloca como o herdeiro oficial do prestígio que o ex-procurador-geral Luiz Antonio Marrey, hoje secretário estadual, ainda goza na instituição.
"Há dez anos o nosso grupo tem buscado um Ministério Público voltado ao anseio da sociedade, e é isso que queremos continuar." Nos dez anos, Molineiro inclui duas gestões de Marrey, que fez dois sucessores: José Geraldo Filomeno (uma gestão) e o próprio Pinho, que foi reeleito.
A escolha por Molineiro provocou uma cisão no grupo ligado a Marrey, que defendia a realização de prévia. Dois ex-assessores do procurador-geral se lançaram na disputa, Garrido de Paula e Tarifa.
Como prioridade, Garrido de Paula defende a valorização das Promotorias. Ele rejeita o rótulo de dissidente. "Continuo no mesmo lugar, pertenço ao grupo histórico [de Marrey] ao qual Pinho não pertence. Friso que não sou candidato do procurador-geral, mas dos meus colegas que lutam por uma instituição independente, autêntica e democrática."
Tarifa, por sua vez, também diz não ser um separatista. "Só quero colocar a minha experiência profissional à disposição dos colegas", afirma. Se eleito, o procurador promete fazer um levantamento da situação de trabalho dos promotores, para tentar melhorar.
Para promotores ouvidos pela Folha, o principal beneficiado com a cisão do grupo de Marrey é Grella, associado por alguns a um antigo oponente do atual secretário, o ex-procurador-geral Araldo Dal Pozzo, amigo do ex-governador Luiz Antonio Fleury Filho (PMDB), que deixou o cargo em 1993.
"Defendo uma administração suprapartidária, feita não por grupos diferentes, mas por pessoas unidas por uma mesma idéia", diz Grella, que defende a criação de um banco de dados informatizado e compartilhado entre as Promotorias.
Para conquistar votos de promotores, os candidatos disseram que irão trabalhar para que o promotor também possa disputar cargos de chefia, inclusive o de procurador-geral -hoje restrito a procuradores.
Apenas Molineiro revelou em quem votou para o governo do Estado em 2006. "No governador José Serra [PSDB]."
Da eleição de hoje, uma lista com os nomes dos três mais votados será submetida a escolha do governador José Serra. Reza a tradição que o mais votado seja o indicado, mas essa regra foi quebrada em 1996 pelo governador Mário Covas (PSDB), que nomeou Marrey, apesar de ele ter perdido a disputa. Serra tem 15 dias para anunciar o nome do novo procurador-geral.
A gestão é de dois anos com direito a uma reeleição.


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