DA REPORTAGEM LOCAL

Após deixar o lançamento do programa Rede 10 - Luta Contra a Pobreza Urbana, em São Paulo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu, pela primeira vez, que poderá se submeter a uma cirurgia para corrigir uma lesão muscular que provoca dores em seu ombro direito.
"Não desisti de fazer a cirurgia, mas não tem pressa. Vou cuidar do ombro e fazer a fisioterapia. Quando eu entender que devo operar, marco e opero numa noite. E fica tudo bem", disse Lula a uma equipe da TV Globo no momento em que usava o heliporto da emissora.
A síndrome de impacto, chamada popularmente de bursite, incomoda o presidente há pelo menos 20 anos. Lula está tratando também do ombro esquerdo -que machucou durante um jogo de futebol com seus ministros.
De acordo com a equipe médica de Lula, as constantes dores que o presidente sente no lado direito -e que o incomodaram no dia da posse- só serão completamente curadas por meio de uma intervenção cirúrgica. Ou seja, inevitavelmente, Lula terá de passar por uma operação.
As dores diminuíram com as sessões frequentes de fisioterapia e de acupuntura, mas essas técnicas, segundo os médicos, não corrigem a lesão.
Segundo a Folha apurou, Lula foi convencido por seu acupunturista, o chinês Gu Hanghu, a adiar a cirurgia. Hanghu sugeriu ao presidente que ele insista no tratamento. No mínimo, disse, a acupuntura amenizaria o impacto de uma futura operação.
Não há previsão de quando a operação será realizada. "A cirurgia não é uma emergência", disse o cardiologista Roberto Kalil Filho, médico particular de Lula.
Especialistas consultados pela Folha afirmaram que as dores que Lula sente no ombro direito são causadas provavelmente por uma inflamação em um dos três tendões que formam o manguito rotador -tendões que participam do movimento de elevação dos braços. A cirurgia, feita por artroscopia (com a ajuda de microcâmera, inserida em uma pequena incisão), tem 85% de chances de sucesso.