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BAHIAGATE
Estratégia evitaria eventuais contradições e constrangimentos de depoimento feito pessoalmente pelo pefelista
ACM deve fazer defesa por escrito no Senado
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) decidiu não depor hoje pessoalmente ao Conselho de Ética, segundo a Folha
apurou, sobre seu suposto envolvimento com a escuta ilegal de telefones na Bahia.
ACM enviará sua defesa das
acusações por escrito. Ele é apontado como mandante dos grampos. O texto, preparado com a
ajuda do advogado José Gerardo
Grossi, tem cerca de 50 páginas.
Em 30 laudas o pefelista se defende. O restante do material são documentos que supostamente sustentam sua tese de inocência.
O senador foi convencido por
vários amigos e aliados no Senado
a não fazer o depoimento pessoalmente. Entre os que sugeriram a
defesa por escrito estão o presidente da Casa, José Sarney
(PMDB-AP), e os senadores Jorge
Bornhausen (PFL-SC) e Tasso Jereissati (PSDB-CE).
A rigor, ACM não é obrigado a
comparecer ao Conselho de Ética.
Quando foi convidado a depor, o
presidente do conselho, senador
Juvêncio da Fonseca (PMDB-MS), deixou claro que a defesa poderia ser feita "por escrito".
O líder do PFL no Senado, José
Agripino (RN), disse que a defesa
por escrito "evitaria o choque
frontal com alguns senadores".
Aliados de ACM ponderaram
que, indo ao conselho, ele estaria
sujeito a entrar em eventuais contradições, que poderiam ser usadas posteriormente como quebra
de decoro, além de enfrentar polêmicas e constrangimentos.
Sarney e Agripino fizeram consultas a líderes e ao relator do caso, Geraldo Mesquita Júnior
(PSB-AC), e não encontraram objeção à defesa por escrito.
Complicação
O relator disse ontem que, para
ele, não importa a forma como
ACM apresentará sua versão. Mas
disse que sua ausência poderá
prejudicá-lo no conselho.
"Se ele não for, algum senador
poderá se sentir frustrado. Não sei
até que ponto isso influenciará o
julgamento", afirmou. Mesquita
lembrou que, se ACM enviar sua
defesa por escrito, eventuais dúvidas dos integrantes do conselho
poderão não ser esclarecidas. Para Jefferson Péres (PDT-AM), por
exemplo, será "ruim" ACM não
comparecer pessoalmente.
O senador baiano passou os últimos dias preparando sua defesa.
Leu todos os depoimentos de testemunhas que o acusaram de ser
mandante dos grampos no inquérito da Polícia Federal. E recebeu
orientação jurídica.
Sarney tem atuado nos bastidores para tentar evitar a cassação de
ACM. Busca articular com os líderes de todos os partidos o apoio a
uma pena mais branda, como a
suspensão temporária -por dois
ou três meses, por exemplo.
Nessa articulação, uma peça
fundamental será o parecer do relator. Se Mesquita propuser abertura de processo por quebra de
decoro, mas não sugerir nenhuma pena, será mais fácil evitar a
perda definitiva do mandato. O
parecer tem de ser submetido à
Mesa Diretora da Casa, onde cinco dos sete votos tendem a ser favoráveis a ACM.
Como convidado a depor, ACM
teve a prerrogativa de escolher a
data do seu depoimento no conselho -marcado para as 17h.
Nessa fase de sindicância -que
apura a existência ou não de indícios de envolvimento de ACM
nos grampos-, o conselho ouviu
o delegado da PF Gesival Gomes
de Souza, encarregado do inquérito que apura a escuta clandestina, e os jornalistas das "IstoÉ"
Luiz Cláudio Cunha e Weiller Diniz. Cunha afirmou que ACM lhe
dissera ter mandado grampear
Geddel Vieira Lima (PMDB-BA),
adversário político do pefelista.
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