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São Paulo, terça-feira, 15 de abril de 2003

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CASO SILVEIRINHA

Segundo CPI no Rio, Rodrigo Silveirinha fez ligações em 2002

Fiscal teria telefonado para Garotinho

FERNANDA DA ESCÓSSIA
MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO

Dados preliminares da CPI do "Propinoduto" mostram que Rodrigo Silveirinha Corrêa, suspeito de comandar um suposto esquema de corrupção na Fazenda estadual, ligou pelo menos três vezes para a casa do ex-governador Anthony Garotinho (PSB) e de sua mulher, a hoje governadora Rosinha Matheus. Os telefonemas foram feitos em 2002.
A informação foi divulgada ontem pela deputada Graça Mattos (PSB), relatora dos dados resultantes da quebra do sigilo telefônico dos fiscais investigados. Segundo a deputada, as ligações foram feitas durante a campanha eleitoral do ano passado, da casa de Silveirinha para a casa de Garotinho no Cosme Velho (zona sul), para onde o ex-governador e sua mulher se mudaram após ele deixar o cargo para disputar a Presidência pelo PSB.
Silveirinha foi subsecretário de Administração Tributária na gestão de Garotinho (1999 a abril de 2002) e trabalhou na campanha eleitoral da governadora Rosinha.
Silveirinha, mais quatro fiscais e sete auditores são investigados sob suspeita de terem enviado irregularmente para a Suíça pelo menos US$ 33,4 milhões. A CPI foi criada pela Assembléia Legislativa para investigar o caso.
Quando o escândalo das contas na Suíça foi divulgado, em janeiro, Garotinho disse que não tinha ligação com Silveirinha e que ele era "o sub do sub do sub".
Líder do PSB na Assembléia, Graça Mattos minimizou a descoberta dos telefonemas. "É uma coisa irrelevante. Não quer dizer nada", afirmou, destacando que não informou o fato a Garotinho.
Garotinho divulgou nota sobre o caso: "Conforme amplamente noticiado, o fiscal Rodrigo Silveirinha Corrêa fazia parte do grupo de trabalho responsável pela área tributária na campanha da Frente Rio Esperança [de Rosinha] ao governo do Rio de Janeiro. Nessa época, nenhuma acusação pesava contra o referido fiscal".
A deputada disse que foram encontrados telefonemas entre alguns dos fiscais investigados -como Silveirinha, Carlos Eduardo Pereira Ramos e Lúcio Picanço- e deles para David Birman, ex-subsecretário de Receita no governo Garotinho. As ligações aparecem tanto no governo Garotinho quanto após todos deixarem os cargos públicos, inclusive no início de janeiro deste ano.
"Isso mostra que eles eram amigos, já que os telefonemas foram feitos das casas de uns para casas de outros. Aqui, todos negaram ser amigos", disse Graça Mattos. Os dados analisados se referem a chamadas feitas dos telefones fixos dos fiscais, no período de 1999 até o início deste ano. A análise está sendo feita por técnicos do TCE (Tribunal de Contas do Estado) à disposição da CPI.
A CPI descobriu ainda que três ex-deputados estaduais- Henry Charles (PMDB), Laprovita Vieira (PPB) e André Luiz (PMDB)- receberam ligações do lobista Romeu Sufan, que aparece numa fita de vídeo pedindo US$ 3 milhões a diretores da Light, em 1999, em troca do fim de uma fiscalização na empresa. Procurados pela Folha, os ex-deputados Charles, Vieira e Luiz não foram achados.


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