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CAMPO MINADO
De acordo com líder dos sem-terra, "se a terra é produtiva, que o governo a compre para assentamento"
MST invade fazenda produtiva no Sul do país
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
Cerca de cem integrantes do
MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) invadiram ontem uma fazenda em Cruz
Alta, no Rio Grande do Sul, com
atestado de produtividade.
Na área tomada da fazenda
Bom Sossego, de 360 hectares, segundo a família proprietária, são
criadas 345 cabeças de gado e há
uma plantação de soja. No total, a
fazenda possui 863,1 hectares.
O advogado e filho da proprietária Carmelinda Portinho Santana, Tarcísio Santana, possui um
documento certificado pelo Incra
(Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) em 2003
definindo a área como "grande
propriedade produtiva".
Ontem, a assessoria de imprensa do Incra disse que não foi feita
vistoria no local nos últimos anos.
O coordenador do MST Nilton
Lima, responsável pela invasão,
afirmou que pouco importa o fato
de a área ser produtiva. "Estamos
fazendo pressão. Se a terra é produtiva, que o governo a compre
para assentamento", afirmou.
A pedido da família, a 1ª Vara
Cível de Cruz Alta determinou
reintegração de posse da terra.
Na semana passada, o MST já
tomara uma fazenda produtiva
em Porto Seguro (BA), onde promoveu a derrubada de quatro
hectares de eucaliptos plantados
pela multinacional Veracel, uma
das maiores empresas de celulose
do país. Os sem-terra alegaram
que não dá para comer eucalipto.
A fazenda do RS é atendida basicamente pela família -a proprietária e os dois filhos. O único
empregado com carteira assinada
que havia no local se demitiu. A
família costuma contratar peões
autônomos para atuar na área.
"O gado é manso e a propriedade não exige muito. Nós vendemos gado para abate pelos frigoríficos e plantamos soja", disse Tarcísio Santana.
O Incra do RS disse que vai vistoriar e desapropriar áreas até o
fim do mês no Estado. Os sem-terra montaram seu acampamento na área próximo à BR-158.
A outra invasão
Uma outra invasão ocorrida no
Rio Grande do Sul teve como cenário a fazenda Guerra, em Coqueiros do Sul, no último dia 2. Os
700 sem-terra continuam no local
após acordo judicial com os proprietários para sair dentro de um
mês. Nesse período, o Incra se
comprometeu a assentar o grupo.
Também nesse caso, os proprietários da fazenda sustentam que
ela é produtiva. O MST preferiu
não se referir à questão de a área
ser ou não produtiva, alegando
que o motivo da invasão é o fato
de uma só família apenas ser proprietária de 7.000 hectares, o que
seria uma demasia.
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