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TODA MÍDIA
Nenhuma ironia
NELSON DE SÁ
Depois de uma semana de
guerra, Garotinho respirou
quando sites e canais de notícia
passaram a noticiar a morte de
Lulu, o líder na Rocinha. Foi
manchete até no JN:
- Chefe do tráfico morre em
troca de tiros com policiais.
Mas foi um alívio que já veio
carregado de ameaça, ao menos
no relato da Globo Online:
- O comércio está fechando
as suas portas e o clima é tenso.
A polícia começa a se preparar
para a reação popular.
O problema é que Lulu, de
"perfil assistencialista", era
"querido pelo moradores" da
comunidade sem Estado.
O secretário de Segurança do
Rio havia atravessado o dia todo
-e também os anteriores-
sob pedidos para sua demissão e
até intervenção no Estado.
Segundo a Globo, de manhã,
"no Congresso, deputados do
Rio pediram a intervenção". Do
tucano Eduardo Paes:
- A intervenção federal se faz
mais do que necessária.
Na rádio Jovem Pan, mais
uma tucana, Denise Frossard:
- O Rio de Janeiro virou uma
terra de ninguém. Garotinho é
um irresponsável.
No RJTV, regional da Globo, o
secretário teria dito que "não
tem interesse pessoal em se
manter no cargo" -e que, "se
entenderem que é preciso", está
"pronto para colaborar".
Quanto ao próprio, Garotinho
foi a Brasília criticar o governo
federal e, de quebra, a Globo.
Disse que "desde o início" ele
achava que a história "não era o
que estava sendo retratado",
que uma parte da mídia estava
exagerando na cobertura.
Sem mencionar o JN, insistiu
que não fez "ironia nenhuma",
como descreveu anteontem o
telejornal. Dele, na Globo:
- Estão querendo dar caráter
político ao que não tem. Tudo
foi tratado tecnicamente.
Nem tanto. Dele novamente,
dizendo por que pediu milhares
de soldados, mas declarou que
eles não são necessários:
- Para amanhã não virem
acusar Rosinha de ter recusado.
O MÉXICO APÓIA
O chanceler mexicano pode ter passado despercebido
ou quase pelo Brasil, mas não para o próprio México.
Jornais como o "El Universal" ou "La Crónica de Hoy"
destacavam ontem que "o México quer se integrar ao
Mercosul", não só como sócio comercial, mas político.
Que "o México apóia a proposta de Brasil e Argentina
para reformar o FMI". Que "o México apóia o Brasil na
disputa das inspeções nucleares". Que "o presidente Fox
visitará o Brasil em julho para se reunir com Lula".
A "Voz da América", do governo americano, destacou
em especial a declaração do chanceler mexicano de que o
Brasil "não precisa dar mais nenhuma demonstração de
que (o programa nuclear) é para fins pacíficos".
Quem alimenta?
O Brasil assusta os EUA. Ou
pelo menos a Carolina do Norte.
Um jornal regional, "News &
Observer", publicou três longas
reportagens com o título geral
"quem alimenta o mundo?".
Resposta: "Você pode pensar
que somos nós. Tente Brasil".
Um dos protagonistas locais,
para o grande jornal da Carolina
do Norte, é o Mato Grosso. É lá
que estaria sendo pavimentada
"a estrada que leva à cesta de
pães do mundo no futuro".
Conseqüências
Do "News & Observer":
- O Brasil já ameaça os EUA
como a superpotência agrícola
do mundo -acontecimento
que poderá ter conseqüências
profundas para a América rural.
Para a Carolina do Norte.
Para todos
Segundo o jornal, fazendeiros
americanos já seguem para o
novo oeste, caso de um tal John
Neusch, que saiu de Minnesota
para o Centro-Oeste.
Mas um especialista ouvido,
enquanto listava as vantagens
do Brasil, garantia:
- O que é bom para o Brasil
será bom para todos.
Bioceânico
Não é só o governo federal que
avança pela América do Sul.
Um jornal regional argentino,
"El Tribuno", destacava ontem
em manchete o "forte impulso
para o Corredor Bioceânico",
dado por províncias argentinas,
paraguaias e bolivianas, mais o
Mato Grosso do Sul.
O corredor deverá articular
ferrovias, estradas, rios etc.
Zicosul
Representantes das províncias
e estados lançaram ontem, diz o
jornal, a Zona de Integração do
Centro-Oeste Sul-americano.
Zicosul ou Zicosur, no acrônimo
original em espanhol.
Liderança
O "Miami Herald" publicou
há semanas, mas o argentino
"La Nacion" só foi reproduzir
ontem um apocalíptico artigo
em que o economista Jeffrey
Sachs anuncia "a decadência
dos Estados Unidos".
Argumento dele, além dos
costumeiros (déficit externo,
crise orçamentária):
- O mundo está chegando
perto. A liderança tecnológica
americana diminuirá em relação
a Brasil, China, Índia e outros.
GOOGLE x MICROSOFT
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Uma "guerra" virtual
vem se desenvolvendo
nas últimas semanas. O
anúncio pela Google, que
tem o principal serviço
de busca da internet no
mundo, de que passaria a
concorrer também na
faixa de e-mail dominada
hoje pelo Hotmail, da Microsoft, iniciou um jogo de
pressão que já entra pela política americana.
O "Los Angeles Times" destacava ontem o "desafio" da
Google à Microsoft, mas o conflito é notícia há semanas
em sites como "Wired" e canais como BBC.
A vantagem do novo e-mail (logotipo acima) é tornar
desnecessários serviços de anti-spam. A desvantagem é a
leitura das mensagens pelos computadores da Google,
para direcionar publicidade nas próprias mensagens.
Em meio ao choque de gigantes entraram grupos de
direitos virtuais como o Fórum Mundial de Privacidade
e, agora, políticos americanos. O "Wall Street Journal"
noticiou ontem que a Google já estuda mudanças.
ENDEREÇOS
Globo Online - oglobo.globo.com/online; RJTV - rjtv.globo.com; "El Universal"
-eluniversal.com.mx; "La Crónica de Hoy" - cronica.com.mx; "Voz da América"
-voa.gov; "News & Observer" - newsobserver.com; "El Tribuno" - eltribuno.com.ar;
"The Miami Herald" - herald.com; "La Nacion" - lanacion.com.ar; "Los Angeles
Times" - latimes.com; "Wired" - wired.com; "The Wall Street Journal" - wsj.com
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