|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
BRASIL PROFUNDO
PF tenta confirmar informação em terra indígena de Rondônia
Garimpeiros dizem ter achado corpos
RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM ESPIGÃO D'OESTE
O sindicato dos garimpeiros de
Espigão d'Oeste (a 534 km de Porto Velho) informou ontem que
um grupo de garimpeiros avisou
ter encontrado 17 corpos de colegas no interior da terra indígena
Roosevelt, dos índios cinta-larga.
A Polícia Federal começa hoje
uma operação para resgatar mais
corpos de garimpeiros assassinados na terra indígena dos cinta-larga em Pimenta Bueno (700 km
de Porto Velho). Serão usados seis
helicópteros, segundo o delegado
federal Mauro Sposito, 53.
Na quarta-feira da semana passada, segundo o relato de 16 garimpeiros sobreviventes, um grupo de índios atacou um garimpo
ilegal na região conhecida como
Batom, a cerca de 130 km da cidade de Espigão. Três corpos foram
resgatados pela PF no domingo.
Armado "até com granadas",
segundo o sindicato, um grupo de
30 garimpeiros teria invadido a
reserva na última segunda-feira
para fazer as buscas por conta
própria, cansados de esperar o
reinício das operações da PF e da
Funai. A busca oficial estava suspensa desde o domingo, após a
pane do helicóptero da PF.
O sindicato informou que o
grupo, por meio de um telefone
via satélite, disse ter encontrado
os corpos numa estrada de terra e
numa "grota" (local de extração
do minério). O grupo então teria
se dividido na reserva, "guardando" os corpos para que eles não
fossem retirados durante a noite
pelos índios. O superintendente
da PF em Porto Velho, Marco Aurélio de Moura, disse que um helicóptero tentará hoje pousar numa
clareira na mata. Dali, os policiais
guiados por garimpeiros tentarão
resgatar os possíveis corpos.
Ontem, Sposito sobrevoou a
área com dois garimpeiros. Francisco de Chagas Cortez, 41, um
dos que fizeram sobrevôo, disse
que apontou ao delegado uma região conhecida como Grotinha,
onde pelo menos 60 garimpeiros
teriam sido atacados e mortos por
30 índios no dia 7 passado. O local
está dentro da terra indígena.
"Não foi possível ver corpos do alto. Apenas mostrei a região, pois
trabalhei há quatro anos no garimpo [dos índios]", disse Cortez.
Dos três corpos já achados na
área, dois foram enterrados como
indigentes no cemitério de Ji-Paraná. O terceiro corpo foi identificado como sendo do garimpeiro
Francisco Chagas Saraiva.
A Polícia Civil informou que
parte da casa do índio chamado
"Carlão Cinta-Larga", em Espigão, foi incendiada na última segunda-feira. O fogo consumiu o
sofá e parte da parede e da porta
da sala. A polícia apura se o ato foi
retaliação de garimpeiros, que no
domingo haviam seqüestrado outro índio, Marcelo Cinta-Larga.
Texto Anterior: Insegurança domina o país, afirma Serra Próximo Texto: Toda mídia: Nenhuma ironia Índice
|