São Paulo, quinta-feira, 15 de abril de 2004

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BRASIL PROFUNDO

PF tenta confirmar informação em terra indígena de Rondônia

Garimpeiros dizem ter achado corpos

RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL

HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM ESPIGÃO D'OESTE

O sindicato dos garimpeiros de Espigão d'Oeste (a 534 km de Porto Velho) informou ontem que um grupo de garimpeiros avisou ter encontrado 17 corpos de colegas no interior da terra indígena Roosevelt, dos índios cinta-larga.
A Polícia Federal começa hoje uma operação para resgatar mais corpos de garimpeiros assassinados na terra indígena dos cinta-larga em Pimenta Bueno (700 km de Porto Velho). Serão usados seis helicópteros, segundo o delegado federal Mauro Sposito, 53.
Na quarta-feira da semana passada, segundo o relato de 16 garimpeiros sobreviventes, um grupo de índios atacou um garimpo ilegal na região conhecida como Batom, a cerca de 130 km da cidade de Espigão. Três corpos foram resgatados pela PF no domingo.
Armado "até com granadas", segundo o sindicato, um grupo de 30 garimpeiros teria invadido a reserva na última segunda-feira para fazer as buscas por conta própria, cansados de esperar o reinício das operações da PF e da Funai. A busca oficial estava suspensa desde o domingo, após a pane do helicóptero da PF.
O sindicato informou que o grupo, por meio de um telefone via satélite, disse ter encontrado os corpos numa estrada de terra e numa "grota" (local de extração do minério). O grupo então teria se dividido na reserva, "guardando" os corpos para que eles não fossem retirados durante a noite pelos índios. O superintendente da PF em Porto Velho, Marco Aurélio de Moura, disse que um helicóptero tentará hoje pousar numa clareira na mata. Dali, os policiais guiados por garimpeiros tentarão resgatar os possíveis corpos.
Ontem, Sposito sobrevoou a área com dois garimpeiros. Francisco de Chagas Cortez, 41, um dos que fizeram sobrevôo, disse que apontou ao delegado uma região conhecida como Grotinha, onde pelo menos 60 garimpeiros teriam sido atacados e mortos por 30 índios no dia 7 passado. O local está dentro da terra indígena. "Não foi possível ver corpos do alto. Apenas mostrei a região, pois trabalhei há quatro anos no garimpo [dos índios]", disse Cortez.
Dos três corpos já achados na área, dois foram enterrados como indigentes no cemitério de Ji-Paraná. O terceiro corpo foi identificado como sendo do garimpeiro Francisco Chagas Saraiva.
A Polícia Civil informou que parte da casa do índio chamado "Carlão Cinta-Larga", em Espigão, foi incendiada na última segunda-feira. O fogo consumiu o sofá e parte da parede e da porta da sala. A polícia apura se o ato foi retaliação de garimpeiros, que no domingo haviam seqüestrado outro índio, Marcelo Cinta-Larga.


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