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QUESTÃO AGRÁRIA
Para ministro, proposta de seu colega Rossetto desestabilizará campo
Rodrigues é contra rever produção agora
DA REPORTAGEM LOCAL
O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, afirmou ontem
que a proposta apresentada pelo
Ministério do Desenvolvimento
Agrário (MDA) para atualização
dos parâmetros de produtividade
agrícola poderá criar uma "grande instabilidade" no campo.
Rodrigues afirmou que a proposta de revisão de critérios é um
"mecanismo que desestabiliza
ainda mais o setor". Para o ministro, o tema não deveria ser discutido neste ano.
"Os agricultores estão tristes, é
um ano triste. Não é um ano alegre nem bom para a agricultura."
Pelo projeto do MDA, serão
propostos novos índices que exigem mais produtividade dos imóveis rurais. Propriedades fora do
padrão mínimo de produção serão consideradas improdutivas e
desapropriadas.
Para o ministro Miguel Rossetto, do Desenvolvimento Agrário,
os índices atuais não refletem as
evoluções da agropecuária no
Brasil, já que se baseiam no Censo
Agropecuário realizado em 1975.
A sugestão dele é usar dados mais
recentes.
A proposta recebeu críticas de
ruralistas, que apostam na influência e na disposição de Rodrigues para derrubar a mudança.
Cauteloso, o ministro da Agricultura disse ontem que o projeto
ainda está em discussão técnica e
afastou qualquer mal-estar entre
os dois ministérios.
"Não tenho nenhuma discordância, até porque o assunto ainda está em discussão. Todavia, eu
considero este um ano ruim para
esse tipo de coisa. A renda rural
despencou, os custos de produção
subiram demais, os preços agrícolas caíram no mundo todo, tivemos perda de produtividade em
várias regiões do país por causa
da seca. Então, há uma perda de
renda importante na agricultura
que cria uma situação de mal-estar", disse Rodrigues.
Os produtores de milho, por
exemplo, dizem ser impossível
atingir a meta proposta de aproximadamente 70 sacas por hectare
no Estado de São Paulo -o índice hoje é de cerca de 40 sacas. A
média de produção em uma propriedade com baixa tecnologia
oscila entre 50 e 60 sacas.
No Ministério da Agricultura, a
proposta será analisada pelo Conselho Nacional de Política Agrícola (CNPA), órgão colegiado do
ministério. Para ser aprovada, a
mudança apresentada pelo MDA
precisa ser feita por meio de uma
Instrução Normativa conjunta
dos ministérios da Agricultura e
do Desenvolvimento Agrário.
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