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DATAFOLHA
Petista atinge 43%, seu maior índice na campanha; candidato tucano, Garotinho e Ciro estão em empate técnico
Lula cresce 11 pontos, e Serra perde 5
DA REPORTAGEM LOCAL
O pré-candidato do PT, Luiz
Inácio Lula da Silva, cresceu 11
pontos percentuais, e o tucano José Serra caiu cinco pontos na disputa presidencial, revela pesquisa
Datafolha realizada ontem.
Lula saltou de 32% para 43% em
35 dias, e Serra passou de 22% para 17%. Lula obtém sua maior
vantagem na sucessão, com 26
pontos à frente dos demais.
Anthony Garotinho (PSB) oscilou um ponto negativamente, ficando com 15%. Ciro Gomes
(PPS) oscilou um ponto positivamente, obtendo 14%.
Como a margem de erro é de
dois pontos percentuais para
mais ou para menos, Serra pode
ter entre 15% e 19%, Garotinho
entre 13% e 17%, e Ciro, entre 12%
e 16%. Assim, há um triplo empate técnico na segunda colocação, o
que não ocorria desde fevereiro
no cenário com esses candidatos.
O crescimento de Lula pode ser
creditado, ao menos parcialmente, ao programa de televisão do
PT -transmitido em cadeia nacional de rádio e televisão na
quinta-feira passada-, emocional e direcionado às mulheres.
A opção por Lula no eleitorado
feminino cresceu 14 pontos desde
9 de abril, passando de 25% para
39%. Entre os homens, Lula subiu
oito, indo de 39% para 47%.
Outro destaque da subida de
Lula é sua intenção de voto no Sul
do país, onde cresceu 21 pontos.
Foi na região Sudeste que o petista
teve a subida mais tímida, no entanto, bastante expressiva, de oito
pontos. Entre os eleitores que ganham mais de R$ 2.000, o pré-candidato do PT obteve um crescimento de 17 pontos, o maior de
todas as faixas de renda.
Lula também registrou o maior
crescimento até aqui do chamado
voto espontâneo, em que o pesquisador pergunta em quem o
eleitor pretende votar sem mostrar uma lista de candidatos. Em
abril, tinha 18% e saltou agora para 27%. Os demais candidatos oscilaram dentro da margem de erro, com Serra ficando com 6%,
Garotinho, 6%, e Ciro, 5%. Esse
percentual é importante porque
mede um tipo de voto que, em tese, tem menor probabilidade de
ser alterado.
A rejeição do petista -número
de eleitores que disseram que não
votariam nele de maneira alguma- caiu de 31% para 27%. A de
Serra subiu de 18% para 23%, e a
de Garotinho, de 17% para 23%. A
de Ciro oscilou de 15% para 17%.
A subida de Lula pode ser explicada por duas outras questões feitas aos eleitores: 70% dos entrevistados querem que as ações do
próximo presidente sejam diferentes das de Fernando Henrique
Cardoso, e 50% querem um presidente de oposição ao tucano
-19% afirmam que querem um
presidente com ações semelhantes às de FHC, e 34% defendem
um candidato que apóie o presidente.
A queda de Serra é maior no
eleitorado acima de 60 anos, chegando a 11 pontos -faixa na qual
Lula cresceu 18 pontos- e entre
os que têm renda maior que R$
2.000, menos oito pontos.
O tucano caiu ainda dez pontos
no Norte/Centro-Oeste e sete
pontos no Nordeste, de onde pretende escolher seu candidato a vice-presidente.
Se tomados apenas os chamados votos válidos -ou seja, sem
incluir os brancos e nulos- e calculando que os 4% que se disseram indecisos se distribuam proporcionalmente àqueles que têm
candidato, Lula atinge 47%, estando a três pontos de ultrapassar
os 50% dos votos válidos, o que
encerraria a disputa já no primeiro turno.
O Datafolha ouviu 3.410 eleitores em 153 municípios de todas as
unidades da Federação.
Nos 35 dias que separam a pesquisa Datafolha de 9 de abril para
a de ontem, houve fatos políticos e
econômicos importantes. Para o
quadro eleitoral, o principal deles
foi a formalização, em 13 de abril,
da renúncia de Roseana Sarney
(PFL) à sua pré-candidatura, atingida por envolvimento em acusações de irregularidades em empréstimos da Sudene.
Houve notícias negativas para
os quatro principais candidatos
nesse período. A candidatura Lula sofreu pressão de bancos de investimento internacionais que recomendaram cautela em relação
ao Brasil, em razão de fragilidades
na situação econômica do país e
da ascensão do petista.
O petista ainda cometeu seu
maior deslize até aqui ao citar a
possibilidade de criação de uma
alíquota de 50% para o Imposto
de Renda de Pessoa Física, idéia
que foi rechaçada pelos próprios
economistas do partido.
Lula enfrentou ainda dois desgastes internacionais: o primeiro
foi o golpe e contragolpe, entre 12
e 15 de abril, na Venezuela, onde
Lula mantém boas relações com o
presidente Hugo Chávez; o segundo foi a derrota do socialista
francês Lionel Jospin na eleição
presidencial francesa em 21 de
abril, campanha da qual o petista
participou diretamente.
Desde a última pesquisa, José
Serra enfrentou sua maior turbulência política. Reportagens sobre
suposto pedido de cobrança de
propina de Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-arrecadador de fundos
para campanhas de Serra, ao empresário Benjamin Steinbruch na
formação de consórcios na privatização da Vale do Rio Doce.
Colaborou RENATO FRANZINI, da Redação
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