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DATAFOLHA
33% afirmam que o presidente tem "muita responsabilidade" por essas ocorrências; só 13% acham que FHC não tem culpa
69% vêem corrupção no governo FHC
DA REPORTAGEM LOCAL
Pesquisa Datafolha realizada
ontem revela que 69% dos entrevistados acreditam na existência
de casos de corrupção no governo
do presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Desse total,
33% afirmam que FHC tem ""muita responsabilidade" por essas
ocorrências, e 51%, que tem ""um
pouco de responsabilidade".
Somente 13% não atribuem ao
presidente culpa pelos episódios
envolvendo corrupção -3% não
souberam responder.
O levantamento foi realizado
dez dias após a divulgação de denúncias sobre uma suposta tentativa de cobrança de propina durante o processo de privatização
da Vale do Rio Doce, realizado em
1997. O caso teria sido levado ao
presidente sem que nenhuma
providência tenha sido tomada.
A informação sobre o suposto
achaque teria partido do empresário Benjamin Steinbruch, líder
do consórcio comprador da empresa, que transmitiu a denúncia
ao ex-ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros (Comunicações)
e ao ministro Paulo Renato (Educação), conforme ambos admitiram à Folha.
Segundo Mendonça de Barros,
a suposta cobrança foi levada ao
presidente em 1998. FHC, segundo assessores, teria dito não se
lembrar da conversa.
De acordo com o levantamento,
apenas 14% dos entrevistados
afirmaram não existir casos de
corrupção no governo, enquanto
17% não souberam responder.
Entre os 49% que acreditam que
FHC tomou conhecimento da denúncia, 85% opinaram que o presidente agiu ""mal" ao não comunicar o problema à Justiça. Para
12%, ele agiu ""bem", já que não
havia provas a respeito do suposto pedido de propina.
Do total de 3.410 entrevistados,
20% disseram acreditar que Fernando Henrique não soube do suposto achaque, e 31% não souberam responder.
O pivô da denúncia foi o empresário Ricardo Sérgio de Oliveira,
responsável pela arrecadação de
fundos de campanha do atual
presidenciável tucano, José Serra.
Diretor do Banco do Brasil à época da privatização, teria cobrado
R$ 15 milhões -ou US$ 15 milhões, conforme a versão- para
organizar o consórcio vencedor.
Serra
Em relação a FHC, é menor, entretanto, o percentual dos entrevistados que diz acreditar que Serra tenha sabido sobre o suposto
pedido de propina. Do total de
pesquisados, 40% afirmaram
acreditar que o presidenciável tucano soube do caso, contra 20%
que disseram que ele não tomou
conhecimento do episódio e 40%
que não souberam responder.
Entre os 44% que afirmaram
acreditar que Ricardo Sérgio tenha solicitado a suposta propina,
38% declaram que o dinheiro teria sido pedido para fins pessoais
e 35%, para o financiamento de
campanhas de candidatos do
PSDB. Na avaliação de 18%, os recursos seriam usados com outros
objetivos. Outros 8% não souberam responder.
Do total de entrevistados, 53%
disseram ter tomado conhecimento sobre as denúncias. Desse
percentual, 8% disseram estar
bem informados sobre o caso,
30%, mais ou menos informados,
15%, mal informados, e 1% não
soube responder. Já 46% dos pesquisados declararam desconhecer o episódio.
A revelação do caso provocou
uma nova crise na campanha de
Serra. Além da tentativa de criação de uma CPI para investigar a
denúncia, o tucano teve também
de enfrentar novo pedido do PFL
para que ele fosse trocado na disputa pelo Palácio do Planalto.
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