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São Paulo, quinta-feira, 15 de maio de 2003

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NO AR

Menem sem fim

NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA

Que o Brasil se vê cada vez mais integrado à Argentina já é flagrante. Da política à cultura, os brasileiros andam mais e mais próximos dos argentinos.
Mas agora até pronunciamentos pela TV ganham transmissão na íntegra por aqui. Foi o que se viu na Band News, com o longo discurso de renúncia de Carlos Menem.
Sem tradução, foi possível acompanhar a insistência do ex-presidente em se proclamar "vitorioso", em sublinhar sua "vitória no primeiro turno".
Foi possível acompanhar a insistência em apontar uma situação que "conspira contra a paz social", numa Argentina que "se encontra fragmentada" e cuja "principal ameaça à democracia provém do perigo da ingovernabilidade".
Por vezes, resvalou para a ameaça, como ao dizer que o presidente eleito, Néstor Kirchner, pode ser "retirado". Ao final, agradeceu aos "milhares e milhares de militantes justicialistas" e disse:
- Não abandono a política.
A Argentina, bem como o Brasil, deve conviver ainda algum tempo com os cenários e figurinos kitsch do ex-presidente. E com seu discurso de apocalipse para a democracia.
 
Demorou, não faltou vaivém, mas Garotinho aceitou o "protocolo" de adesão ao tal Sistema Único de Segurança.
Antes dele, sem caprichos, assinou Aécio Neves, o governador tucano de Minas. Seu partido é de oposição a Lula, mas ele não economizou entusiasmo -e uma certa crítica ao passado. Aécio, na Globo:
- Estamos, pela primeira vez na história, enfrentando de forma organizada e inteligente o crime.
Voltando ao Rio, vale registrar que Garotinho aceitou só o "protocolo". Como um Menem brasileiro, com ele tudo pode acontecer.
 
Para quem anda tomando a segurança em São Paulo como modelo, a Jovem Pan mostrou que não é bem assim.
Dez quilos de cocaína sumiram do cofre onde as drogas apreendidas são guardadas, no Departamento de Investigações sobre Narcóticos (Denarc).
É certo que um policial responsável foi preso -e a cocaína recuperada.
É certo também que o diretor do Denarc veio a público para, emocionado, pedir que não se perca a confiança na polícia, porque vai achar todos os responsáveis.
Mas desta vez até a Pan, que costuma cobrir de elogios a Polícia Civil, indicou que vai esperar para ver.


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