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NO AR
Menem sem fim
NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA
Que o Brasil se vê cada vez
mais integrado à Argentina já é flagrante. Da política à
cultura, os brasileiros andam
mais e mais próximos dos argentinos.
Mas agora até pronunciamentos pela TV ganham transmissão na íntegra por aqui. Foi o que se viu na Band News, com
o longo discurso de renúncia de
Carlos Menem.
Sem tradução, foi possível
acompanhar a insistência do
ex-presidente em se proclamar
"vitorioso", em sublinhar sua
"vitória no primeiro turno".
Foi possível acompanhar a insistência em apontar uma situação que "conspira contra a paz social", numa Argentina que "se
encontra fragmentada" e cuja
"principal ameaça à democracia provém do perigo da ingovernabilidade".
Por vezes, resvalou para a
ameaça, como ao dizer que o
presidente eleito, Néstor Kirchner, pode ser "retirado". Ao final, agradeceu aos "milhares e
milhares de militantes justicialistas" e disse:
- Não abandono a política.
A Argentina, bem como o Brasil, deve conviver ainda algum
tempo com os cenários e figurinos kitsch do ex-presidente. E
com seu discurso de apocalipse
para a democracia.
Demorou, não faltou vaivém,
mas Garotinho aceitou o "protocolo" de adesão ao tal Sistema
Único de Segurança.
Antes dele, sem caprichos, assinou Aécio Neves, o governador
tucano de Minas. Seu partido é
de oposição a Lula, mas ele não
economizou entusiasmo -e
uma certa crítica ao passado.
Aécio, na Globo:
- Estamos, pela primeira vez
na história, enfrentando de forma organizada e inteligente o
crime.
Voltando ao Rio, vale registrar que Garotinho aceitou só o
"protocolo". Como um Menem
brasileiro, com ele tudo pode
acontecer.
Para quem anda tomando a
segurança em São Paulo como
modelo, a Jovem Pan mostrou
que não é bem assim.
Dez quilos de cocaína sumiram do cofre onde as drogas
apreendidas são guardadas, no
Departamento de Investigações
sobre Narcóticos (Denarc).
É certo que um policial responsável foi preso -e a cocaína
recuperada.
É certo também que o diretor
do Denarc veio a público para,
emocionado, pedir que não se
perca a confiança na polícia,
porque vai achar todos os responsáveis.
Mas desta vez até a Pan, que
costuma cobrir de elogios a Polícia Civil, indicou que vai esperar para ver.
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