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OUTRO LADO
Maioria contesta dados da lista
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL
DA FOLHA CAMPINAS
Estados, municípios, estatais,
empresas, bancos e entidades que
contestam sua condição de devedor da Previdência Social argumentam que discutem, judicial e
administrativamente, a legalidade
da cobrança pelo INSS (Instituto
Nacional do Seguro Social). Alguns questionam os valores das
dívidas apontados na lista.
O assessor da Transbrasil, Carlos Badra, reiterou ontem que a
renegociação da dívida faz parte
dos planos para a volta da empresa ao mercado."Temos de sentar e
rever todos esses números", disse.
A Varig, em 3º na lista dos devedores, informou que reconhece
que deve, mas os cálculos do valor
da dívida estão sendo rediscutidos. A Vasp também está entre os
devedores (6ª colocação), mas a
assessoria não comentou o assunto até a conclusão desta edição.
Estatais
Em nota, a Caixa Econômica Federal disse que questiona a legalidade de diversas autuações fiscais
para o recolhimento de contribuição sobre pagamentos a funcionários que, segundo a CEF, têm
"característica indenizatória".
A Petrobras afirmou que a dívida de R$ 117 milhões com a Previdência é referente a "tributos que
o INSS entende que não foram recolhidos por empresas prestadoras de serviços contratadas" pela
estatal. Segundo a empresa, "em
todas as autuações" a Petrobras
vem "impugnando os lançamentos e solicitando das suas contratadas a comprovação dos recolhimentos previdenciários".
O subprocurador-geral do município do Rio, Alberto Guimarães Júnior, disse que a prefeitura
"não reconhece" a dívida de R$
101 milhões da Companhia de
Limpeza Urbana do Rio e que foram movidos recursos administrativos e judiciais para impugnar
a dívida. A Codesp (Companhia
Docas do Estado de São Paulo) informou que espera conseguir um
reescalonamento da dívida de R$
185 milhões.
Estados e municípios
O secretário de Finanças de
Campinas, Sérgio Vital e Silva, informou que dos cerca de R$ 402
milhões que a prefeitura devia no
início da atual gestão, em 2001, R$
300 milhões foram renegociados
naquele ano e vêm sendo pagos
em dia.
Os cerca de R$ 100 milhões restantes o secretário afirmou que
são referentes a ações judiciais em
que a prefeitura diz entender não
ser devedora.
O governo de Roraima contesta
o valor da dívida citado na lista,
segundo a qual o Estado deve R$
123,596 milhões ao INSS. Segundo o Estado, a dívida foi renegociada em agosto de 2001, e o débito é de cerca de R$ 47 milhões, que
serão pagos em 240 meses.
A Prefeitura de Manaus disse
que contesta judicialmente as notificações fiscais de débitos emitidas pelo INSS, cujo montante seria de R$ 161 milhões.
A Secretaria da Educação e Inovação do Estado de Santa Catarina, por meio de seu consultor jurídico, Sérgio Loques, disse que a
sua dívida com o INSS (R$ 229
milhões) é resultado de contratos
com empreiteiros que não fazem
repasses ao instituto.
Bancos
Os bancos que apareceram na
lista divulgaram notas.
O Bradesco divulgou a seguinte:
"O Bradesco é um dos maiores
contribuintes da Previdência. Social, recolhendo anualmente o valor de 329 milhões de reais (base
de 2002) e não se considera dela
devedor. O Bradesco, possuindo
inclusive "certidão positiva de débitos com efeito de negativa", expedida recentemente. Discussões
judiciais existentes de matérias
específicas são oriundas de divergências de entendimentos entre
agentes da fiscalização do INSS e
o banco, sendo que muitas delas
com depósito".
O Itaú divulgou a seguinte nota:
"Lamentavelmente, os nomes
do Itaú, Banerj e Itaú Seguros foram incluídos na lista do INSS,
pois são valores que resultaram
de notificações para cobrança de
débitos que ainda estão em discussão judicial. São situações [...]
em que a autoridade fiscalizadora
entende que deve ser cobrada a
contribuição e o Grupo Itaú a
considera indevida. Isso gera processos administrativos ou judiciais. O Grupo Itaú possui, como
qualquer empresa, questões em
discussão, honesta e legítima, nas
quais entende que não é devida a
contribuição previdenciária".
O Grupo Santander Banespa
emitiu uma nota em que diz que
"nos diversos julgamentos já concluídos, o banco conseguiu demonstrar que os débitos são indevidos, o que torna irregular sua
inclusão na lista dos devedores da
Previdência Social".
O grupo diz ainda que a cobrança é referente a períodos anteriores ao da administração do Banespa pelo Banco Central e da
compra do Banespa pelo banco
espanhol Santander. O Banespa
aparece na lista como devedor de
R$ 107.207.231,67.
O Banerj (Banco do Estado do
Rio de Janeiro, privatizado em junho de 1997) deve, de acordo com
a lista, R$ 116 milhões à Previdência. O liquidante do Berj (nome da
massa falida do banco), Elias de
Matos Brito, disse, por meio da
Secretaria de Administração do
Estado, que a maior parte desse
valor é referente a juros e multas
cobradas por notificações fiscais
que não foram pagas. As notificações, segundo a secretaria, somam R$ 39,87 milhões.
A secretaria informou que já recorreu da cobrança. Segundo ela,
o INSS deveria R$ 178 milhões em
créditos ao Berj, referentes a diferenças de juros não pagos pelo
instituto por serviços prestados.
Outros casos
A Companhia Vale do Rio Doce
emitiu nota em que diz que "não
deve e não pode ser classificada
como devedora". Segundo a nota,
"a CVRD vem discutindo o mérito das autuações lavradas pelo
INSS no Poder Judiciário, tornando, assim, essas autuações inexigíveis até o final do processo".
A Telefônica/Telesp disse em
nota que possui discussões judiciais e administrativas com o
INSS e, por isso, não se considera
devedora, mas contribuinte com
"legítimo direito de defesa".
O presidente do grupo CR Almeida Engenharia e Construções,
Pedro Fraletti, afirmou que a dívida da empresa foi paga com precatórios do Paraná. "Somos credores Estado", disse.
O acordo, segundo ele, foi fechado em 2000. "Mas, como o Estado ainda não pagou o INSS, a dívida não pôde ser liquidada",
disse ele, que afirmou ainda ter
um certificado do próprio instituto confirmando o negócio.
Por meio de sua assessoria de
imprensa, a EBID Editora Páginas
Amarelas informou que está negociando sua dívida por meio do
Refis, o programa de refinanciamento de dívidas de empresas
com a União. Segundo a editora, a
renegociação, entretanto, não elimina ações anteriores ao início
das conversas sobre o assunto.
A Associação Sulina de Crédito
e Assistência Rural, informou que
está pleiteando na Justiça a desconstituição da dívida -de R$
255,934 milhões, segundo a lista.
Segundo a instituição, o governo não reconheceu o caráter filantrópico da entidade na área rural.
A Fundação Universidade de
Passo Fundo (dívida de R$ 115,741
milhões, segundo a lista) afirma
que não tem débito com a Previdência. As execuções existentes
estão suspensas por decisão judicial, de acordo com a instituição.
Já a Casal (Companhia de Abastecimento Dágua e Saneamento
do Estado de Alagoas) não contesta a dívida de R$ 141,716 milhões apontada pela lista.
Não localizados
A Cobrasma aparece na lista como devedora de R$
212.978.505,86 ao INSS. O presidente da empresa, Luís Eulálio de
Bueno Vidigal Filho, é o único autorizado a falar pela empresa a
respeito do caso, mas está em viagem fora do país.
Até a conclusão desta edição, a
Folha não havia recebido resposta do advogado da massa falida da
Bloch, Alfredo Bumacher.
A Fundação Educacional do
Distrito Federal, que ocupa a 8ª
posição na lista de devedores, foi
absorvida pela Secretaria de Educação do DF e extinta. Até a conclusão desta edição, o secretário
da pasta não havia respondido
aos recados deixados pela Folha.
A Folha não localizou nenhum
representante da Encol (4ª na lista) ontem à tarde para falar sobre
a dívida da empresa com o INSS.
Colaboraram a Sucursal do Rio, a Agência Folha e a Redação
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