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IMPRENSA
Jornal norte-americano agradece decisão do governo brasileiro de revogar o cancelamento do visto de Larry Rohter
"NYT" nega ter se retratado ou se desculpado
RAFAEL CARIELLO
DE NOVA YORK
Em nota em que se diz "bastante
satisfeito" com a decisão do governo brasileiro de reverter a cassação do visto do jornalista Larry
Rohter, o jornal "The New York
Times" reafirmou ontem, no início da noite, que considera a reportagem publicada no último
domingo "correta e justa" e fez
questão de declarar que a carta
enviada ao governo "não continha nem um pedido de desculpas
nem uma retratação".
A reportagem de Rohter, publicada no domingo passado, afirmava haver uma preocupação no
Brasil com o "hábito de bebericar" do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Relacionava ainda as
gafes do presidente a um suposto
consumo excessivo de álcool.
Ao saudar ontem a decisão do
governo de rever a medida, a nota
do jornal diz: "Continuamos a
afirmar que nossa reportagem era
correta e justa, como vínhamos
dizendo ao longo da semana".
O ministro Márcio Thomaz
Bastos (Justiça) disse ontem que o
fato de o jornal não pedir desculpas não influencia a emissão de
um despacho para revogar o cancelamento do visto.
Segundo a Folha apurou, a avaliação do governo sobre a nota do
"NYT", em que o jornal diz não
ter pedido desculpas nem se retratado, é que ele está com receio
de sofrer uma ação de indenização por parte do governo brasileiro.
Assessores do presidente disseram à Folha que não estão preocupados com a nota do jornal, alegando que receberam do jornalista Larry Rohter o pedido de reconsideração, considerado oficialmente um pedido de retratação pelo governo brasileiro.
A Folha apurou também que o
governo vai analisar juridicamente a nota emitida pelo "NYT" e estudar uma ação contra o jornal
com base nela.
Além das razões políticas para
recuar, o governo tinha diante de
si a iminência de uma derrota judicial ainda maior que o salvo-conduto que o ministro do STJ
(Superior Tribunal de Justiça) Peçanha Martins concedeu anteontem a Rohter. Se não voltasse
atrás, o governo tenderia a perder,
em definitivo, a batalha judicial
que travaria com o repórter.
Isso porque predomina no meio
jurídico a interpretação de que o
cancelamento do visto violou a
garantia da liberdade de expressão. A derrota deveria ocorrer no
julgamento do mérito do habeas
corpus movido pelo senador Sérgio Cabral (PMDB-RJ) no STJ ou,
em último caso, no exame de
eventual recurso ao STF (Supremo Tribunal Federal).
Colaborou SILVANA DE FREITAS, da Sucursal de Brasília
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