São Paulo, sábado, 15 de maio de 2004

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AGENDA NEGATIVA

São 4,4% dos funcionários da ativa

Governo estima que a greve geral tem a adesão de 22 mil servidores

LUIS RENATO STRAUSS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os números oficiais do primeiro balanço da greve geral dos servidores apontam que 22 mil estão parados. O quadro, que foi divulgado ontem pelo Ministério do Planejamento, representa 4,4% dos funcionários da ativa.
O comando da greve dos servidores discorda dos números oficiais e estima que a paralisação atinja 25% da categoria.
Segundo o secretário de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça, não há uma paralisação geral que tenha sido deflagrada nesta semana. "Não há uma greve geral de fato. Há, sim, greves específicas."
Nove categorias estão com funcionários parados. As paralisações mais preocupantes, para Mendonça, são a do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e a do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), que, respectivamente, atingem 70% e 23% das categorias.
Numa pauta comum, os servidores pedem, principalmente, aumento salarial emergencial de 50,19%, incorporação das gratificações, criação de uma data-base e reestruturação do plano de carreira. O governo oferece reajustes diferenciados de 9,5% a 29,38% para os aposentados e de 12,85% a 32,27% para o pessoal da ativa. O dia 21 foi estabelecido como prazo final para as categorias aceitarem a proposta, ou ela será retirada.
"O prazo também está no processo de negociação. Se a negociação está indo bem, não vai ser por 24 horas ou 48 horas que nós vamos fechar a porta", disse Mendonça. Para ele, na próxima semana, serão fechados os acordos.
Mas, apesar de os números da paralisação serem considerados amenos, elas têm afetado o país.
No caso da Polícia Federal, além das filas nos aeroportos causadas pela operação padrão, houve uma queda no mês de abril de 83% nos inquéritos instaurados (de 4.300 para 750) e de 73% na apreensão de drogas (de 14,1 toneladas para 3,8 toneladas), em relação ao mesmo período do ano passado. A greve durou do dia 9 de março até o início desta semana.
No caso do INSS, a paralisação, que foi iniciada no dia 20 do mês passado, causou uma queda de 37,5% no número de pedidos de benefícios da Previdência Social.
De acordo com empresários ouvidos pela Folha, a greve dos auditores da Receita Federal, deflagrada no dia 26 de abril, tem causado demora na liberação de documentos e de cargas nos portos, aeroportos e postos de fronteira.
Já a paralisação do Incra, que foi iniciada na última semana, pode comprometer as metas do governo na reforma agrária. Os servidores decidiram ontem continuar a greve por mais uma semana.
O principal embate entre grevistas e o governo está na questão da política de gratificações. Segundo os servidores em greve, há hoje 42 tipos de gratificação. Um funcionário pode ter um salário nominal de R$ 500, mas que, somado aos extras recebidos, eleva o valor final para R$ 1.000. Os grevistas querem que as gratificações sejam incorporadas ao vencimento.


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