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Aeronáutica restringe visita da CPI
Deputados que investigam crise aérea foram ao Cindacta, mas não tiveram acesso a controladores de vôo
"O que vimos hoje aqui não explica o que aconteceu no dia 30 de março", afirmou a deputada Luciana Genro, uma das integrantes da CPI
LEILA SUWWAN
SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em uma visita monitorada e
dirigida ao Cindacta 1, em Brasília, na qual os deputados da
CPI do Apagão Aéreo não tiveram acesso aos controladores
de vôo, a Aeronáutica aproveitou ontem, segundo relato dos
parlamentares, para se queixar
da retenção de recursos do fundo destinado à manutenção do
sistema aéreo do país.
A visita dos parlamentares ao
principal centro de controle aéreo brasileiro durou duas horas
e meia, mas o percurso delimitado pela Aeronáutica excluiu o
contato direto com os controladores. Os deputados passaram
cerca de 15 minutos observando o trabalho dos controladores de um mirante isolado.
Os membros da CPI conheceram departamentos de defesa aérea, centrais de busca e salvamento e tiveram "aulas" de
meteorologia e segurança de
vôo. Todo o trajeto foi acompanhado por militares.
A Aeronáutica argumentou
questões de segurança para evitar o contato direto dos deputados com os controladores. Segundo ela, os sargentos poderiam se desconcentrar.
"O que vimos hoje aqui não
explica o que aconteceu no dia
30 de março", disse a deputada
Luciana Genro (PSOL-RS).
O Cindacta 1 é o órgão responsável por mais de 75% do
fluxo aéreo nacional, nas regiões Sudeste e Centro-Oeste.
Foi lá onde ocorreu o motim
que fechou os aeroportos de todo o país no dia 30 de março.
A única deficiência reconhecida pela FAB foi o déficit de
controladores. Segundo o coronel Eduardo Raulino, comandante do Cindacta-1, o centro
de controle de área (ACC) precisa de 220 controladores, mas
hoje só tem 188.
O início da visita teve a presença do comandante da Aeronáutica, Juniti Saito, que despediu-se com um breve pronunciamento, no qual citou a
"oportunidade de mostrar a excelência das condições de trabalho aqui proporcionadas".
Os deputados também tiveram uma rápida reunião com o
brigadeiro Ramón Cardoso,
chefe do Decea (Departamento
de Controle de Espaço Aéreo).
No encontro, falaram sobre a
retenção de verbas do Fundo
Aeronáutico, abastecido com
recursos recolhidos em passagens e em aeroportos.
Segundo relato dos deputados, Cardoso disse que "seria
muito bom" se o dinheiro não
fosse retido. Em dezembro, a
Aeronáutica confirmou que esse fundo acumulou um superávit de R$ 364 milhões em três
anos e o valor ficou de ser repassado em três parcelas.
O Ministério da Defesa afirma que apenas 7,4% das verbas
para esse setor foram contigenciadas nos últimos quatro anos.
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