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Indicada política era mal avaliada na Infraero
Histórico de ex-mulher do líder do PMDB diz que baixa produtividade impediu sua transferência a outra área
ALAN GRIPP
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Uma funcionária desinteressada, com baixa produtividade
e faltosa -por isso, sem ambiente de trabalho. Esse é o resumo do histórico funcional de
Mônica Infante de Azambuja,
assessora especial da presidência da Infraero, nomeada por
indicação política, com salário
de R$ 9.795,72 mensais.
Mônica é ex-mulher do líder
do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves. Sua demissão, anunciada mas ainda não
consumada, está entre aquelas
que despertaram a ira de caciques do partido, que se queixaram pessoalmente ao presidente Lula e declararam guerra ao
ministro Nelson Jobim (Defesa), também do PMDB.
A Folha teve acesso a dados
da ficha de Mônica na Infraero
e entrevistou colegas de trabalho dela na superintendência
do aeroporto de Brasília, que
pediram anonimato. Ontem, a
reportagem deixou dois recados em sua secretária eletrônica, mas até o fechamento desta
edição ela não ligou de volta.
Mônica foi nomeada em outubro de 2003, durante a gestão do ex-deputado Carlos Wilson, morto em abril do ano passado. Em tese, ela tinha a função de auxiliar o superintendente da Infraero no Centro-Oeste (cargo já extinto) em atividades administrativas, comerciais e na "relação com a
comunidade aeroportuária".
Porém, segundo seu histórico, Mônica se dedicou a quatro
atividades básicas: confecção
de etiquetas de pastas, digitação de correspondências, elaboração de índice de pasta de
correspondência e fiscalização
do contrato de limpeza.
Em avaliação recente, os resultados alcançados por ela foram considerados aquém do
aceitável, e atribuídos por seus
avaliadores a despreparo profissional e desinteresse.
O histórico funcional diz
que, em cerca de seis anos, Mônica afastou-se do trabalho por
licença médica diversas vezes,
totalizando 89 dias, e tem outras faltas não justificadas -estas não contabilizadas. Afirma
também que seu remanejamento foi tentado, mas, por
baixa produtividade, nenhuma
das demais áreas de Brasília
tem interesse em recebê-la.
Na segunda-feira, após sua
demissão ser anunciada, Mônica pediu novo afastamento por
razões médicas, por 30 dias.
Mônica foi casada com Alves
até 1997. Em 2002, no processo
de separação, ela o acusou de
ter contas em paraísos fiscais e
movimentação financeira muito acima da declarada. As acusações custaram a Alves a vaga
de vice na chapa de José Serra
(PSDB) à Presidência.
Um ano depois, Mônica foi
nomeada na Infraero, mas o
deputado nega ter indicado a
ex-mulher. "Foi um pedido
pessoal dela à época ao presidente Carlos Wilson", disse.
Alves diz que engrossou o coro dos descontentes com as demissões pela forma como elas
foram anunciadas. "Indicação
política não é crime." O desmonte dos cargos políticos na
Infraero teve início em abril,
quando um novo estatuto foi
aprovado. Já foram fechados
28 postos. Ao final, serão 97.
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