São Paulo, sexta-feira, 15 de maio de 2009

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Indicada política era mal avaliada na Infraero

Histórico de ex-mulher do líder do PMDB diz que baixa produtividade impediu sua transferência a outra área

ALAN GRIPP
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Uma funcionária desinteressada, com baixa produtividade e faltosa -por isso, sem ambiente de trabalho. Esse é o resumo do histórico funcional de Mônica Infante de Azambuja, assessora especial da presidência da Infraero, nomeada por indicação política, com salário de R$ 9.795,72 mensais.
Mônica é ex-mulher do líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves. Sua demissão, anunciada mas ainda não consumada, está entre aquelas que despertaram a ira de caciques do partido, que se queixaram pessoalmente ao presidente Lula e declararam guerra ao ministro Nelson Jobim (Defesa), também do PMDB.
A Folha teve acesso a dados da ficha de Mônica na Infraero e entrevistou colegas de trabalho dela na superintendência do aeroporto de Brasília, que pediram anonimato. Ontem, a reportagem deixou dois recados em sua secretária eletrônica, mas até o fechamento desta edição ela não ligou de volta.
Mônica foi nomeada em outubro de 2003, durante a gestão do ex-deputado Carlos Wilson, morto em abril do ano passado. Em tese, ela tinha a função de auxiliar o superintendente da Infraero no Centro-Oeste (cargo já extinto) em atividades administrativas, comerciais e na "relação com a comunidade aeroportuária".
Porém, segundo seu histórico, Mônica se dedicou a quatro atividades básicas: confecção de etiquetas de pastas, digitação de correspondências, elaboração de índice de pasta de correspondência e fiscalização do contrato de limpeza.
Em avaliação recente, os resultados alcançados por ela foram considerados aquém do aceitável, e atribuídos por seus avaliadores a despreparo profissional e desinteresse.
O histórico funcional diz que, em cerca de seis anos, Mônica afastou-se do trabalho por licença médica diversas vezes, totalizando 89 dias, e tem outras faltas não justificadas -estas não contabilizadas. Afirma também que seu remanejamento foi tentado, mas, por baixa produtividade, nenhuma das demais áreas de Brasília tem interesse em recebê-la.
Na segunda-feira, após sua demissão ser anunciada, Mônica pediu novo afastamento por razões médicas, por 30 dias.
Mônica foi casada com Alves até 1997. Em 2002, no processo de separação, ela o acusou de ter contas em paraísos fiscais e movimentação financeira muito acima da declarada. As acusações custaram a Alves a vaga de vice na chapa de José Serra (PSDB) à Presidência.
Um ano depois, Mônica foi nomeada na Infraero, mas o deputado nega ter indicado a ex-mulher. "Foi um pedido pessoal dela à época ao presidente Carlos Wilson", disse.
Alves diz que engrossou o coro dos descontentes com as demissões pela forma como elas foram anunciadas. "Indicação política não é crime." O desmonte dos cargos políticos na Infraero teve início em abril, quando um novo estatuto foi aprovado. Já foram fechados 28 postos. Ao final, serão 97.



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