São Paulo, sexta-feira, 15 de junho de 2001

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Sem-terra voltam a invadir fazenda
Paulo Amorim/Folha Imagem
Fazenda Chão Preto, do senador Jader Barbalho, que voltou a ser invadida ontem pelo MST


DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM

Cerca de 700 integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) voltaram a invadir a fazenda Chão Preto, de propriedade do presidente do Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA), ontem, por volta das 5h.
A área havia sido invadida no dia 1º de maio. Depois de 22 dias, os invasores receberam cestas básicas e saíram do local.
Durante a negociação, o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) teria dado um prazo de 15 dias para apresentar novas áreas próximas à fazenda, que fica em Aurora do Pará (250 km ao sul de Belém), para assentar os sem-terra.
Eles acabaram montando acampamento dentro de um assentamento que faz limite com a fazenda. Segundo o coordenador estadual do MST, Raimundo Nonato de Souza, as áreas oferecidas são muito afastadas (mais de 100 km das estradas) e em outro município, Paragominas (cerca de 450 km ao sul de Belém).
Nonato de Souza disse ainda que há contradições sobre o tamanho da fazenda, que, segundo Jader, teria 16 mil hectares, mas, segundo o MST, teria 10 mil hectares. "Estamos cada vez mais certos de que a fazenda é grilada."

Invasão "política"
A superintendente do Incra em Belém, Maria Santana Tavares da Silva, disse que a invasão é "política", que as áreas oferecidas são à margem de uma rodovia e que a Chão Preto tem 16 mil hectares "totalmente produtivos e legais".
Além da suposta grilagem, o MST escolheu a fazenda porque a área estaria "cheia de falcatruas da Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia)". Os sem-terra se referiam à sociedade que Jader e o empresário José Osmar Borges tiveram na fazenda Campo Maior, hoje anexada à Chão Preto. Borges recebeu mais de R$ 100 milhões em empréstimos da Sudam para projetos considerados irregulares.
A Campo Maior já havia sido invadida uma vez em 1996, mas Jader acabou negociando e pagando indenizações aos invasores.
Segundo o advogado de Jader, Edilson Dantas, a área é legal e produtiva. A Justiça do Pará já havia aceito o pedido de reintegração de posse, por causa dos argumentos de Dantas, na primeira invasão. Ontem, a Agência Folha não conseguiu falar com Dantas.
(LUÍS INDRIUNAS)

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