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Sem-terra voltam a invadir fazenda
Paulo Amorim/Folha Imagem
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Fazenda Chão Preto, do senador Jader Barbalho, que voltou a ser invadida ontem pelo MST |
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM
Cerca de 700 integrantes do
MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) voltaram
a invadir a fazenda Chão Preto, de
propriedade do presidente do Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA), ontem, por volta das 5h.
A área havia sido invadida no
dia 1º de maio. Depois de 22 dias,
os invasores receberam cestas básicas e saíram do local.
Durante a negociação, o Incra
(Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) teria dado
um prazo de 15 dias para apresentar novas áreas próximas à fazenda, que fica em Aurora do Pará
(250 km ao sul de Belém), para assentar os sem-terra.
Eles acabaram montando
acampamento dentro de um assentamento que faz limite com a
fazenda. Segundo o coordenador
estadual do MST, Raimundo Nonato de Souza, as áreas oferecidas
são muito afastadas (mais de 100
km das estradas) e em outro município, Paragominas (cerca de
450 km ao sul de Belém).
Nonato de Souza disse ainda
que há contradições sobre o tamanho da fazenda, que, segundo
Jader, teria 16 mil hectares, mas,
segundo o MST, teria 10 mil hectares. "Estamos cada vez mais certos de que a fazenda é grilada."
Invasão "política"
A superintendente do Incra em
Belém, Maria Santana Tavares da
Silva, disse que a invasão é "política", que as áreas oferecidas são à
margem de uma rodovia e que a
Chão Preto tem 16 mil hectares
"totalmente produtivos e legais".
Além da suposta grilagem, o
MST escolheu a fazenda porque a
área estaria "cheia de falcatruas
da Sudam (Superintendência do
Desenvolvimento da Amazônia)". Os sem-terra se referiam à
sociedade que Jader e o empresário José Osmar Borges tiveram na
fazenda Campo Maior, hoje anexada à Chão Preto. Borges recebeu mais de R$ 100 milhões em
empréstimos da Sudam para projetos considerados irregulares.
A Campo Maior já havia sido invadida uma vez em 1996, mas Jader acabou negociando e pagando indenizações aos invasores.
Segundo o advogado de Jader,
Edilson Dantas, a área é legal e
produtiva. A Justiça do Pará já havia aceito o pedido de reintegração de posse, por causa dos argumentos de Dantas, na primeira
invasão. Ontem, a Agência Folha
não conseguiu falar com Dantas.
(LUÍS INDRIUNAS)
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