São Paulo, sexta-feira, 15 de junho de 2001

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Ciro se diz "inimigo político" de Jader

DA REPORTAGEM LOCAL

O virtual candidato à Presidência pelo PPS, Ciro Gomes, se definiu ontem como inimigo do presidente do Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA), e defendeu uma CPI exclusiva para apurar as denúncias contra o senador.
"Sempre fui inimigo político do Jader e adversário do PMDB no Ceará", declarou Ciro.
O pré-candidato alegou ter sido mal-interpretado na entrevista que deu na quarta-feira, em Brasília, em que chamou de "teatro" a proposta do PT para criar uma CPI para investigar outras denúncias de corrupção além das que recaem sobre Jader.
As declarações de Ciro foram entendidas como uma defesa do presidente do Senado e uma tentativa de aproximação do PPS com o PMDB com vistas a 2002. O pré-candidato do PPS, porém, disse que estava apenas diferenciando as posições do seu partido em relação às do PT.
"O PT incluiu o Jader (no seu pedido de CPI) para fazer teatro porque percebeu que estava com a imagem desgastada", disse Ciro.
O ataque ao PT reforça o racha no bloco das oposições no Congresso. O PPS e o senador Jefferson Péres (PDT-AM) defendem uma CPI exclusiva para apurar o envolvimento de Jader em fraudes de títulos da dívida agrária, entre outras acusações.
Péres e o PPS sustentam que só há possibilidade de aprovação de uma CPI se ela não envolver denúncias contra o governo. Assim, seria possível obter o apoio de parte do PFL e do PSDB.
Em compensação, acham quase impossível aprovar a CPI tendo o governo como alvo. No mês passado, a bancada governista derrotou proposta de CPI das oposições para investigar corrupção nos mandatos de FHC.
Já o PT pensa o contrário. Quer que, além de Jader, a CPI investigue denúncias de suposto tráfico de influência do ex-secretário-geral da Presidência Eduardo Jorge Caldas Pereira e suspeitas de que os bancos Marka e FonteCindam obtiveram informações privilegiadas na crise cambial de 1999.
As divergências entre PT e PPS no caso Jader incluem também falta de confiança. A bancada do PPS acredita que o PT não irá se esforçar em combater Jader para evitar complicações ao senador petista José Eduardo Dutra (ES), suspeito de ter acobertado a fraude dos ex-senadores Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e José Roberto Arruda (sem partido) no episódio da violação do painel.
Por seu lado, os petistas consideram que o PPS está fazendo o jogo do governo. Na avaliação da bancada petista, o governo poderia se aproveitar das investigações para desviar a atenção sobre seus próprios problemas se a CPI for concentrada nas denúncias contra o presidente do Senado.


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