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Ciro se diz "inimigo político" de Jader
DA REPORTAGEM LOCAL
O virtual candidato à Presidência pelo PPS, Ciro Gomes, se definiu ontem como inimigo do presidente do Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA), e defendeu uma
CPI exclusiva para apurar as denúncias contra o senador.
"Sempre fui inimigo político do
Jader e adversário do PMDB no
Ceará", declarou Ciro.
O pré-candidato alegou ter sido
mal-interpretado na entrevista
que deu na quarta-feira, em Brasília, em que chamou de "teatro" a
proposta do PT para criar uma
CPI para investigar outras denúncias de corrupção além das que
recaem sobre Jader.
As declarações de Ciro foram
entendidas como uma defesa do
presidente do Senado e uma tentativa de aproximação do PPS
com o PMDB com vistas a 2002. O
pré-candidato do PPS, porém,
disse que estava apenas diferenciando as posições do seu partido
em relação às do PT.
"O PT incluiu o Jader (no seu
pedido de CPI) para fazer teatro
porque percebeu que estava com
a imagem desgastada", disse Ciro.
O ataque ao PT reforça o racha
no bloco das oposições no Congresso. O PPS e o senador Jefferson Péres (PDT-AM) defendem
uma CPI exclusiva para apurar o
envolvimento de Jader em fraudes de títulos da dívida agrária,
entre outras acusações.
Péres e o PPS sustentam que só
há possibilidade de aprovação de
uma CPI se ela não envolver denúncias contra o governo. Assim,
seria possível obter o apoio de
parte do PFL e do PSDB.
Em compensação, acham quase
impossível aprovar a CPI tendo o
governo como alvo. No mês passado, a bancada governista derrotou proposta de CPI das oposições para investigar corrupção
nos mandatos de FHC.
Já o PT pensa o contrário. Quer
que, além de Jader, a CPI investigue denúncias de suposto tráfico
de influência do ex-secretário-geral da Presidência Eduardo Jorge
Caldas Pereira e suspeitas de que
os bancos Marka e FonteCindam
obtiveram informações privilegiadas na crise cambial de 1999.
As divergências entre PT e PPS
no caso Jader incluem também
falta de confiança. A bancada do
PPS acredita que o PT não irá se
esforçar em combater Jader para
evitar complicações ao senador
petista José Eduardo Dutra (ES),
suspeito de ter acobertado a fraude dos ex-senadores Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e José
Roberto Arruda (sem partido) no
episódio da violação do painel.
Por seu lado, os petistas consideram que o PPS está fazendo o
jogo do governo. Na avaliação da
bancada petista, o governo poderia se aproveitar das investigações
para desviar a atenção sobre seus
próprios problemas se a CPI for
concentrada nas denúncias contra o presidente do Senado.
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