|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SUCESSÃO NO ESCURO
Defensores de Itamar tentarão obter principais postos do comando do PMDB para garantir candidatura
Itamaristas armam estratégia anti-FHC
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
Os oposicionistas do PMDB, defensores da pré-candidatura do
governador Itamar Franco (MG),
já têm a estratégia para combater
os governistas do partido: vão para o enfrentamento na convenção
nacional do dia 9 de setembro.
Com isso, tentarão destruir o pacto anti-Itamar firmado entre a ala
governista e o presidente Fernando Henrique Cardoso.
Essa é a única possibilidade de
os oposicionistas não ficarem reféns dos governistas, que manobram com a defesa da candidatura própria na convenção de setembro, mas, na prática, tentariam derrubá-la em 2002.
O presidente do diretório mineiro e secretário-geral do PMDB
nacional, deputado federal Saraiva Felipe, contra-atacou ontem,
dizendo que o grupo que apóia
Itamar não dará aos aliados de
FHC a oportunidade de dirigir
qualquer tipo de acordo.
"Não daremos aos traidores do
PMDB essa oportunidade de manobra. A nossa estratégia é o enfrentamento. Vamos denunciar
isso e mostrar o desespero de Fernando Henrique, que não está
preocupado com o modelo [econômico", mas preocupado em
salvar a própria pele do desgaste."
A estratégia dos governistas se
sustenta na eleição do diretório
nacional. O governador Jarbas
Vasconcelos (PE) disse que a ala
pró-FHC, defendendo a candidatura própria na convenção sem
fechar com o nome de Itamar, ganharia a maioria dos postos de comando no PMDB.
Com o controle partidário na
mão dos governistas, Itamar ficaria em uma situação delicada,
pois poderia ser derrotado na
convenção do próximo ano, que
definirá legalmente a posição do
PMDB na sucessão presidencial.
Como o prazo de filiação partidária termina em outubro, em 2002
ele já não poderia mudar de partido para se lançar candidato.
Por isso os oposicionistas vão
para o enfrentamento. Acreditam
que a guerra aberta e declarada já
em setembro vai definir claramente os postos de comando no
diretório nacional. Obtendo a
maioria dos cargos da direção, o
nome de Itamar teria mais chances de aprovação na convenção
do próximo ano.
Se perderem, Itamar teria tempo para mudar de partido, possivelmente para o PL, e poderia organizar a coligação partidária que
sustentaria a sua candidatura.
Nesse caso, perderia um bom
tempo de TV, o que tranquilizaria
FHC, que teme Itamar candidato
pelo PMDB.
Acordo
Os itamaristas dizem também
que não vão aceitar qualquer tipo
de acordo visando lançar um nome de consenso para a presidência do partido, alguém que transite bem nos dois lados. Os governistas podem sugerir o senador
José Sarney (AP) ou o deputado
Michel Temer (SP), que é assediado pelo PPS de Ciro Gomes.
Para o grupo de Itamar, nenhum deles é confiável. Temer é
adversário do ex-governador
Orestes Quércia em São Paulo,
um dos principais defensores do
nome de Itamar. Já Sarney é considerado um "problema insanável", como dizem os apoiadores
do governador de Minas, já que
tem um filho ministro de FHC, José Sarney Filho (Meio Ambiente),
e uma filha governadora pelo
PFL, Roseana Sarney (MA).
O nome oposicionista mais forte para disputar a presidência do
PMDB é o do ex-deputado Paes
de Andrade (CE). Se os governistas quiserem apoiá-lo, dizem os
itamaristas, ótimo. Como isso
não deve ocorrer, a disputa em setembro é praticamente inevitável.
Texto Anterior: Resenha: Não se vêem mais novidades como antigamente Próximo Texto: Conde tenta impugnar Maia no PFL Índice
|