São Paulo, sexta-feira, 15 de junho de 2001

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SUCESSÃO NO ESCURO

Defensores de Itamar tentarão obter principais postos do comando do PMDB para garantir candidatura

Itamaristas armam estratégia anti-FHC

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

Os oposicionistas do PMDB, defensores da pré-candidatura do governador Itamar Franco (MG), já têm a estratégia para combater os governistas do partido: vão para o enfrentamento na convenção nacional do dia 9 de setembro. Com isso, tentarão destruir o pacto anti-Itamar firmado entre a ala governista e o presidente Fernando Henrique Cardoso.
Essa é a única possibilidade de os oposicionistas não ficarem reféns dos governistas, que manobram com a defesa da candidatura própria na convenção de setembro, mas, na prática, tentariam derrubá-la em 2002.
O presidente do diretório mineiro e secretário-geral do PMDB nacional, deputado federal Saraiva Felipe, contra-atacou ontem, dizendo que o grupo que apóia Itamar não dará aos aliados de FHC a oportunidade de dirigir qualquer tipo de acordo.
"Não daremos aos traidores do PMDB essa oportunidade de manobra. A nossa estratégia é o enfrentamento. Vamos denunciar isso e mostrar o desespero de Fernando Henrique, que não está preocupado com o modelo [econômico", mas preocupado em salvar a própria pele do desgaste."
A estratégia dos governistas se sustenta na eleição do diretório nacional. O governador Jarbas Vasconcelos (PE) disse que a ala pró-FHC, defendendo a candidatura própria na convenção sem fechar com o nome de Itamar, ganharia a maioria dos postos de comando no PMDB.
Com o controle partidário na mão dos governistas, Itamar ficaria em uma situação delicada, pois poderia ser derrotado na convenção do próximo ano, que definirá legalmente a posição do PMDB na sucessão presidencial. Como o prazo de filiação partidária termina em outubro, em 2002 ele já não poderia mudar de partido para se lançar candidato.
Por isso os oposicionistas vão para o enfrentamento. Acreditam que a guerra aberta e declarada já em setembro vai definir claramente os postos de comando no diretório nacional. Obtendo a maioria dos cargos da direção, o nome de Itamar teria mais chances de aprovação na convenção do próximo ano.
Se perderem, Itamar teria tempo para mudar de partido, possivelmente para o PL, e poderia organizar a coligação partidária que sustentaria a sua candidatura. Nesse caso, perderia um bom tempo de TV, o que tranquilizaria FHC, que teme Itamar candidato pelo PMDB.

Acordo
Os itamaristas dizem também que não vão aceitar qualquer tipo de acordo visando lançar um nome de consenso para a presidência do partido, alguém que transite bem nos dois lados. Os governistas podem sugerir o senador José Sarney (AP) ou o deputado Michel Temer (SP), que é assediado pelo PPS de Ciro Gomes.
Para o grupo de Itamar, nenhum deles é confiável. Temer é adversário do ex-governador Orestes Quércia em São Paulo, um dos principais defensores do nome de Itamar. Já Sarney é considerado um "problema insanável", como dizem os apoiadores do governador de Minas, já que tem um filho ministro de FHC, José Sarney Filho (Meio Ambiente), e uma filha governadora pelo PFL, Roseana Sarney (MA).
O nome oposicionista mais forte para disputar a presidência do PMDB é o do ex-deputado Paes de Andrade (CE). Se os governistas quiserem apoiá-lo, dizem os itamaristas, ótimo. Como isso não deve ocorrer, a disputa em setembro é praticamente inevitável.



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