|
Texto Anterior | Índice
SÃO PAULO
Tribunal decide em até 3 meses sobre candidatura
Atento à decisão do TSE, Alckmin completa cem dias como governador
CLÓVIS ROSSI
COLUNISTA DA FOLHA
Geraldo Alckmin Filho completou cem dias como governador titular de São Paulo esta semana
com o olhar posto em Brasília.
Mas que ninguém se equivoque:
seu olhar está dirigido para o TSE
(Tribunal Superior Eleitoral) e
não para o Palácio do Planalto.
Alckmin espera que o TSE decida, o que deve ocorrer em dois ou
três meses, se pode ou não disputar o governo do Estado em 2002,
a sua meta virtualmente excludente, por mais que se especule
com a candidatura presidencial.
Como foi eleito vice-governador duas vezes seguidas e assumiu o cargo de governador, com a
morte do titular (Mário Covas),
Alckmin poderia ser considerado
inelegível, já que uma segunda
reeleição é vedada pela lei.
Mas uma consulta do deputado
Gonzaga Patriota (PSB-PE) ao
TSE obteve, do procurador da
Corte, uma resposta positiva à
possibilidade de candidaturas de
quem está na situação de Alckmin. Patriota abandonou o caso,
mas o deputado Luiz Carlos
Hauly (PSDB-PR) o retomou.
O TSE decidiu que o assunto é
de interesse geral e vai emitir manifestação definitiva até agosto.
Enquanto não tem segurança
jurídica sobre a candidatura,
Alckmin assume como "missão"
concluir o melhor possível a gestão de seu padrinho e ídolo político, o governador Covas.
Assumiu também a mania de
Covas de saber uma infinidade de
dados administrativos, que recita
um após o outro, sem tomar fôlego e sem consultar anotações.
Assumiu igualmente a obsessão
de Covas com as contas públicas,
fator que se revelou fatal para a
popularidade do governador
morto. Alckmin conta, por exemplo, que vendeu o jatinho do governo, que, só de manutenção,
consumiu R$ 1,7 milhão em 2000.
Para o governador, o ajuste fiscal é uma obra "inacabável", o
que não o impede de comemorar
o fato de que parte das compras
do Estado foi colocada no sistema
de bolsa eletrônica, o que permitiu, conta Alckmin, uma economia de 20% nos gastos.
Só na compra de pneus para os
veículos do Estado, a consulta eletrônica aos vários fornecedores
permitiu reduzir o custo em 25%.
A economia estende-se ao consumo de energia no Palácio dos
Bandeirantes, sede do governo e
residência da família Alckmin ao
mesmo tempo. Dos 8.580 kW
consumidos antes do anúncio do
racionamento, Alckmin festeja
um corte para 5.100 kW.
Mas ele é capaz de recitar também dados de programas sociais.
Orgulha-se do "Bom Prato", a rede de, até agora, cinco restaurantes populares que vendem refeição a R$ 1. O governo banca o restante (mais R$ 1 por prato).
Todos esses números fazem a
política ocupar menos das conversas do governador do que seria
imaginável em se tratando de alguém que faz política o tempo todo desde o início da vida adulta.
Alckmin acha que discutir agora o nome do candidato presidencial da situação não faz sentido.
"Deve-se primeiro ouvir o partido, depois ouvir a sociedade e, como resultante, surgir o candidato,
que não pode ser fruto de uma
vontade pessoal", afirma.
Por isso joga para o final do ano,
talvez começo de 2002, a definição da candidatura presidencial
da coligação PSDB-PMDB-PFL,
cuja manutenção Alckmin defende. Não o faz por uma questão
ideológica, mas porque, para o
PSDB, "é difícil caminhar para a
esquerda, porque todos os espaços à esquerda estão ocupados".
Em momento algum, fala em
nomes para disputar a Presidência. A não ser quando se trata de
afastar completamente um deles:
justamente o de Geraldo Alckmin
Filho, que, aos 48 anos, tem todo o
tempo do mundo para esperar até
mais de uma sucessão.
Texto Anterior: Conde tenta impugnar Maia no PFL Índice
|