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São Paulo, domingo, 15 de junho de 2003

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Partido admite aliança até com PSDB

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A estratégia eleitoral que o PT está montando para a eleição municipal de 2004, a primeira que disputa no governo federal, prevê uma política de "portas abertas" para alianças partidárias e a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na campanha.
Desta vez, diferentemente do que ocorreu em 2000, não haverá vetos da direção nacional a coligações com partidos considerados de direita, como PFL e PP.
Mesmo alianças locais com setores do PSDB estarão liberadas, em nome do crescimento no número de prefeituras em poder do partido -são 189 atualmente.
"A atitude do PT nesta eleição será mais positiva. O PP acaba de entrar em nossa base e setores do PFL apóiam o governo Lula. Quanto ao PSDB, há afinidade ideológica em vários municípios", diz Silvio Pereira, que coordenará o Grupo de Trabalho Eleitoral do PT montado para a eleição municipal.
"É claro que há situações em que isso não é possível. Não dá para ver o [Paulo] Maluf [ex-prefeito de São Paulo, do PP] apoiando a reeleição da Marta Suplicy em São Paulo", afirma.
Em 2000, o PT vetou expressamente alianças com pefelistas e o então PPB. Diretórios municipais que se rebelaram contra a diretriz chegaram a sofrer ameaça de intervenção, caso de Governador Valadares (MG), em que a aliança era com o PFL local.
A flexibilidade na aceitação de alianças, para dar maior musculatura eleitoral ao PT, é um dos componentes de uma articulação que começa a ser pensada desde já para a primeira eleição que o partido disputará sem ser oposição.
Prevendo uma campanha fortemente nacionalizada, com o governo de Lula como um dos protagonistas principais, o partido antecipou em quase um ano a elaboração de sua estratégia eleitoral. "O PT estará na vanguarda da defesa do governo Lula nesta eleição", diz o presidente nacional do partido, José Genoino.
Espera-se também "tom elevado" da oposição. "Haverá uma disputa política de caráter simbólico muito importante em São Paulo e nas outras capitais. Podemos esperar grau elevado no tom da oposição", afirma Paulo Ferreira, titular da Snai (Secretaria Nacional de Assuntos Institucionais), instância petista responsável pelo acompanhamento de prefeituras do partido.
Reservadamente, petistas admitem que a perda de cidades importantes em poder do partido, principalmente São Paulo, seria um golpe duro para a estabilidade do governo Lula.
No final do ano, o partido deve realizar uma conferência eleitoral, em que haverá a recomendação de reproduzir no plano municipal, sempre que possível, a aliança que sustenta o governo Lula.
Além de fortalecer as chapas municipais, os petistas querem evitar o que avaliam ter sido um erro do governo Fernando Henrique: deixar que questões menores comprometam a estabilidade da base governista e paralisem a administração.
O projeto do PT, que hoje tem 189 prefeituras e 2.467 vereadores, é dobrar esses números. Apesar de forte nas capitais, falta ao partido "capilaridade" nos pequenos municípios do interior, fragilidade que o PT espera ver sanada apostando na popularidade do presidente.
Lula, de acordo com a direção petista, será chamado a emprestar seu cacife à campanha, na medida em que sua agenda permitir.
"Vamos ter que combinar a agenda institucional do presidente com a condição de filiado ao PT que ele é. Temos que ver formas de participação do presidente na campanha", diz Ferreira.


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