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INVESTIGAÇÃO
Ele nega as acusações
Maluf deve depor hoje sobre contas no exterior
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
O ex-prefeito Paulo Maluf (PP)
deve comparecer hoje ao Ministério Público paulista para falar sobre o envio ilegal de milhões de
dólares para o exterior e o suposto
superfaturamento de obras públicas durante a gestão dele na Prefeitura de São Paulo (93-96).
O ex-prefeito e seus familiares,
também apontados pela Promotoria como detentores de contas
não declaradas no exterior, negam as acusações. Maluf, que é
pré-candidato à disputa pela prefeitura, diz ser vítima de uma perseguição política. "Sou o político
mais investigado do Brasil, e nunca encontraram nada."
Maluf já foi ouvido, no final de
2001, sobre as contas no exterior.
Na época, um dos poucos documentos que o Ministério Público
tinha em mãos era uma carta, enviada por autoridades de Jersey,
intitulada "Paulo Maluf". Na
mensagem, Jersey cobrava providências do Brasil e informava que
os "recursos" (cerca de US$ 200
milhões) não poderiam ficar bloqueados por tempo indefinido.
No depoimento de hoje, o ex-prefeito deverá ser confrontado
com os extratos bancários enviados pela Suíça, que atribuem a ele
e a seus familiares contas naquele
país. Os valores foram transferidos no final de 1997 para o paraíso
fiscal da ilha de Jersey, ainda segundo documentos da Suíça. Um
dos papéis repassados ao Brasil é
uma ficha de abertura de conta na
Suíça em que consta uma assinatura similar a do ex-prefeito.
Os promotores Sílvio Marques e
Sérgio Turra Sobrane deverão
perguntar ainda sobre o suposto
superfaturamento de obras públicas (avenida Água Espraiada e túnel Ayrton Senna). Para a Promotoria, as contas no exterior foram
alimentadas com o desvio de dinheiro público durante a gestão
malufista e a de seu sucessor, o ex-prefeito Celso Pitta -também investigado pelo envio ilegal de dinheiro para o exterior.
O Ministério Público procura
também esclarecer o aporte financeiro que a empresa Eucatex,
da família Maluf, recebeu entre
1997 e 1998 de investidores de Jersey. A identidade deles nunca foi
revelada, pois a legislação da ilha
protege tais investimentos.
O advogado do ex-prefeito paulistano, Ricardo Tosto, confirmou
à Promotoria a presença de Maluf
no depoimento de hoje.
O PP constituiu ontem um conselho de ética que irá analisar as
denúncias contra o ex-prefeito. O
conselho terá cinco dias para se
manifestar, e o relatório final será
encaminhado à Executiva Nacional e à Executiva Estadual do partido, que irão decidir sobre a manutenção da candidatura Maluf.
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