São Paulo, terça-feira, 15 de junho de 2004

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INVESTIGAÇÃO

Ele nega as acusações

Maluf deve depor hoje sobre contas no exterior

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

O ex-prefeito Paulo Maluf (PP) deve comparecer hoje ao Ministério Público paulista para falar sobre o envio ilegal de milhões de dólares para o exterior e o suposto superfaturamento de obras públicas durante a gestão dele na Prefeitura de São Paulo (93-96).
O ex-prefeito e seus familiares, também apontados pela Promotoria como detentores de contas não declaradas no exterior, negam as acusações. Maluf, que é pré-candidato à disputa pela prefeitura, diz ser vítima de uma perseguição política. "Sou o político mais investigado do Brasil, e nunca encontraram nada."
Maluf já foi ouvido, no final de 2001, sobre as contas no exterior. Na época, um dos poucos documentos que o Ministério Público tinha em mãos era uma carta, enviada por autoridades de Jersey, intitulada "Paulo Maluf". Na mensagem, Jersey cobrava providências do Brasil e informava que os "recursos" (cerca de US$ 200 milhões) não poderiam ficar bloqueados por tempo indefinido.
No depoimento de hoje, o ex-prefeito deverá ser confrontado com os extratos bancários enviados pela Suíça, que atribuem a ele e a seus familiares contas naquele país. Os valores foram transferidos no final de 1997 para o paraíso fiscal da ilha de Jersey, ainda segundo documentos da Suíça. Um dos papéis repassados ao Brasil é uma ficha de abertura de conta na Suíça em que consta uma assinatura similar a do ex-prefeito.
Os promotores Sílvio Marques e Sérgio Turra Sobrane deverão perguntar ainda sobre o suposto superfaturamento de obras públicas (avenida Água Espraiada e túnel Ayrton Senna). Para a Promotoria, as contas no exterior foram alimentadas com o desvio de dinheiro público durante a gestão malufista e a de seu sucessor, o ex-prefeito Celso Pitta -também investigado pelo envio ilegal de dinheiro para o exterior.
O Ministério Público procura também esclarecer o aporte financeiro que a empresa Eucatex, da família Maluf, recebeu entre 1997 e 1998 de investidores de Jersey. A identidade deles nunca foi revelada, pois a legislação da ilha protege tais investimentos.
O advogado do ex-prefeito paulistano, Ricardo Tosto, confirmou à Promotoria a presença de Maluf no depoimento de hoje.
O PP constituiu ontem um conselho de ética que irá analisar as denúncias contra o ex-prefeito. O conselho terá cinco dias para se manifestar, e o relatório final será encaminhado à Executiva Nacional e à Executiva Estadual do partido, que irão decidir sobre a manutenção da candidatura Maluf.


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