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BALANÇO
Texto do ex-senador Guilherme Palmeira critica a elevada carga de impostos e a lentidão da reforma agrária
Relator do TCU quer aprovar contas de Lula com ressalvas
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Relatório elaborado pelo TCU
(Tribunal de Contas da União)
que será colocado em votação hoje no plenário do órgão aprova
com ressalvas e recomendações
as contas do primeiro ano do governo do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva. É a primeira avaliação do TCU sobre a gestão petista,
iniciada em janeiro de 2003.
As críticas do documento estão
centradas no baixo poder de compra dos trabalhadores, na manutenção de uma "alta" carga tributária, no "isolamento" do programa Fome Zero e na "insuficiência" das políticas de reforma agrária da atual gestão. Sobre a questão da segurança pública, o relatório afirma que o Estado não consegue manter "níveis aceitáveis"
de segurança para a população.
O documento, de 510 páginas e
que também trata das contas do
Legislativo e do Judiciário, foi elaborado pelo ministro Guilherme
Palmeira, 65, que foi governador e
senador por Alagoas. Ele foi também um dos fundadores do PFL,
em 1985. Em 1994, Palmeira foi escolhido pelo partido para ser vice
na chapa de Fernando Henrique
Cardoso (PSDB) à Presidência,
mas renunciou após acusações de
ter favorecido uma empreiteira e
de ter duas aposentadorias precoces em cargos públicos. Foi substituído na chapa pelo senador
Marco Maciel (PFL-PE).
O nome de Palmeira foi escolhido relator por meio de um sorteio.
Quatro anos atrás, ele teve de se
desfiliar do PFL para assumir o
cargo de ministro do TCU.
Reforma da Previdência
O relatório diz ainda que a reforma da Previdência, em fase final de tramitação no Congresso,
será insuficiente para conter o déficit do setor. Uma nova reforma
terá de ser realizada no país a médio prazo, segundo o texto do relatório. Não há comentários, porém, sobre a taxação de inativos.
O governo Luiz Inácio Lula da
Silva é elogiado pelo relatório na
questão do comércio exterior,
principalmente no desempenho
do agronegócio e nas exportações
de commodities -a soja e o minério de ferro são enaltecidos no
texto do relatório.
Ao elogiar o tema, o relatório
aponta "deficiências" e pede
"providências" para a questão do
transporte. Diz, por exemplo, que
as exportações se tornam onerosas por causa dos problemas portuários e ferroviários do país.
Ontem, a Secretaria de Imprensa do Palácio do Planalto disse
que não faria comentários a respeito do relatório.
Na prática, o documento serve
apenas como uma base para o
Congresso, que oficialmente tem
a função de aprovar ou não as
contas do Executivo. O TCU elabora tal documento desde 1935.
No governo Fernando Henrique
Cardoso (1995-1998 e 1999-2002),
algumas contas também foram
aprovadas com ressalvas, segundo o tribunal de contas.
No campo econômico, por se
tratar de um documento técnico,
não há sugestões para eventuais
mudanças de rumo. Faz uma análise sobre o PIB (Produto Interno
Bruto), que, em 2003, recuou
0,2% em relação a 2002. Sobre isso, diz que os "problemas" se originaram em governos passados.
O relatório não fala de assistencialismo, termo comum entre os
críticos do Fome Zero. Mas afirma que o programa é insuficiente
se tocado sem apoio nas áreas de
educação e saúde e na geração de
empregos.
O ministro, segundo a Folha
apurou, pede em seu relatório que
os gastos com o Fome Zero fiquem mais claros a partir de 2004.
O Fome Zero é o principal programa assistencial do governo
Lula e uma prioridade desde o início de seu mandato.
Tensão no campo
Guilherme Palmeira faz uma ligação entre a política de reforma
agrária da gestão Lula com o acirramento das tensões no campo a
partir de 2003. No ano passado, 42
pessoas foram assassinadas em
conflitos no campo -um aumento de 110% sobre os 20 casos
ocorridos em 2002.
Para o ministro, o número de 36
mil famílias assentadas foi "insuficiente". A promessa de Lula era
assentar 60 mil. O número de invasões de terra também avançou
no intervalo, de 103 (2002) para
222 (2003). Ele também pede mais
investimentos em programas de
crédito fundiário.
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