São Paulo, sexta-feira, 15 de junho de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Complicou

Determinados a absolver Renan Calheiros (PMDB-AL) a qualquer custo, senadores reagiram com constrangimento à reportagem do "Jornal Nacional" que desconstruiu os papéis apresentados pelo presidente da Casa na tentativa de comprovar rendimentos com venda de gado que teriam servido para pagar pensão e outras despesas da ex-namorada, mãe de sua filha.
Alguns se recusaram a comentar o assunto, temerosos de contrariar Renan. Outros repetiam a explicação do peemedebista, segundo quem a TV teria mostrado denúncias já veiculadas, sem sucesso, na campanha eleitoral. Quase todos, porém, concordam em um ponto: depois do que foi exibido, o desgaste de enterrar hoje de maneira vapt-vupt o processo contra Renan no Conselho de Ética, como deseja a maioria de seus membros, será muito, muito maior.

Dá que é meu. A trégua entre os goianos Demóstenes Torres (DEM) e Marconi Perillo (PSDB) não durou um dia. Sem acordo sobre quem leria o voto em separado contra o arquivamento do processo de Renan, decidiram redigir dois. Jefferson Peres (PDT-AM) fará um terceiro.

W.O. O difícil será achar senadores do DEM para engrossar o coro dos que querem apresentar o voto contrário ao arquivamento. Heráclito Fortes (PI) e Aldemir Santana (DF) estão no exterior. Os suplentes Maria do Carmo (SE) e Jonas Pinheiro (MT) relutam em votar contra Renan.

Hard core. Do governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), sobre o irmão de Lula: "Conheço Vavá e não há lobby possível de ser feito por ele. Veja a sua vida. Só se fosse lobby para promover a miséria de sua existência".

Boca de siri. Depois da entrevista em que lançou a tese da "ingenuidade" de Vavá, o advogado Nelson Afonso passou ser mais comedido. Agora diz que a base da defesa da suspeita de tráfico de influência levantada pela PF não será a do "inocente útil".

Ao vivo. No período que Afonso passou em Campo Grande analisando os autos do inquérito da Operação Xeque-Mate, as conversas telefônicas com Vavá foram todas breves. O advogado terá hoje, em São Paulo, seu segundo tête-a-tête com o irmão de Lula.

Bola cantada. A alegada surpresa de Lula com as atividades clandestinas do compadre Dario Morelli não é compartilhada por quem esteve no primeiro mandato. Um ex-ministro conta que já no início do governo cortou conversa com Morelli ao perceber que ele era "problema".

Cheguei. Na manhã de ontem, enquanto o Planalto não confirmava nem desmentia a posse de Mangabeira Unger na Secretaria Especial de Planejamento Estratégico, marcada para terça, o professor de Harvard já inspecionava a piscina e a sala de ginástica do hotel Blue Tree, em Brasília, onde cogita fixar residência.

Mão-de-gato. Há quem veja o dedo do governo no empenho da direção petista em salvar a proposta do voto em lista, mesmo que "flexível".

Holofote. O PT criou comissão sobre a "lista flexível" a fim de evitar que seu Diretório Nacional fosse convocado. Mas o presidente da sigla, Ricardo Berzoini, insiste em reuni-lo na segunda. Quer mostrar "unidade partidária".

Consulta. Na barafunda de propostas sobre a reforma política, um grupo comandado por Miro Teixeira (PDT-RJ) passou a sugerir a realização de plebiscito em outubro para que o eleitor escolha como quer votar para deputado. Trata-se de idéia que José Dirceu já havia defendido.

Visita à Folha. Wellington Dias (PT), governador do Piauí, visitou ontem a Folha.
Estava acompanhado de Ricardo Pontes, assessor, e de Paula Menna Barreto, diretora da FSB Comunicações e assessora de imprensa.

Tiroteio

"Não dá para entender este governo: o ministro Mares Guia passou quatro anos combatendo o turismo sexual; agora vem a ministra Marta Suplicy e parece querer estimulá-lo".
Do senador HERÁCLITO FORTES (DEM-PI) sobre o "relaxa e goza" sugerido pela petista às vítimas dos infindáveis transtornos nos aeroportos.

Contraponto

Relax aérea

Durante vôo que o levou ontem de Brasília ao Rio, Lula chamou para perto de si os ministros a bordo: Tarso Genro (Justiça), José Temporão (Saúde), Miguel Jorge (Desenvolvimento), Orlando Silva (Esporte) e Marta Suplicy (Turismo). A ex-prefeita tomou a iniciativa de comentar a saia-justa que criara na véspera ao fazer sugestão heterodoxa aos usuários do caótico transporte aéreo nacional, pelo que já havia pedido desculpas públicas:
-Presidente, sem querer embaracei o governo...
Bem-humorado, Lula valeu-se das palavras da própria ministra para tranqüilizá-la:
-Marta, relaxa e goza!


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