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Comerciantes negam ter comprado gado de Renan
Nova suspeita pode influenciar decisão do Conselho de Ética, que julga hoje senador
Vendas de bois de fazendas em Alagoas é principal argumento do presidente do Senado para justificar pagamentos a jornalista
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Supostos compradores de gado do presidente do Senado,
Renan Calheiros (PMDB-AL),
negaram ontem ao "Jornal Nacional" da TV Globo terem feito
negócios com o senador, situação que pode alterar o roteiro
delineado pelo Conselho de
Ética do Senado, que pretendia
arquivar hoje o processo de
cassação contra Renan.
A venda de gado de suas fazendas em Alagoas, que teria
lhe rendido R$ 1,9 milhão nos
últimos quatro anos, é o principal argumento usado pelo senador peemedebista para afirmar que, ao possuir recursos
próprios suficientes, não utilizou dinheiro de uma empreiteira para pagar pensão alimentícia à jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha.
Na reportagem de ontem do
"Jornal Nacional", o sócio-gerente da Carnal Carnes de Alagoas LTDA, João Teixeira dos
Santos, 82, nega que tenha
comprado gado de Renan. Na
defesa entregue ao Conselho de
Ética, o senador teria reunido
três recibos sustentando a venda de R$ 127 mil para a empresa, já inativa, localizada na periferia de Maceió.
O "Jornal Nacional" sustenta
ainda serem falsos os endereços apresentados no recibo de
outra suposta compradora do
gado de Renan, a GF da Silva
Costa, que teria adquirido R$
164 mil em carnes. Na sede da
empresa, em cidade vizinha a
Maceió, moraria Givanete Maria da Silva, que acumula correspondência da empresa e diz
que ali nunca funcionou "negócio de carne".
Ao "Jornal Nacional", Renan
disse que tem como provar com
notas fiscais, cheques e Guias
de Transporte Animal (exigidas para a venda de carne) a
existência dos negócios.
No endereço do dono da empresa, diz a reportagem, ninguém afirma o conhecer. O
contador da GF, Roberto Gomes de Souza, que seria o mesmo da Carnal, disse ao "Jornal
Nacional" não se lembrar de
negócios com o senador.
A GF também estaria inativa
e teria sido multada em R$ 680
mil por extravio de notas fiscais. A reportagem afirma que
cinco recibos apresentados por
Renan têm datas "posteriores
ao fechamento da empresa".
Um terceiro suposto cliente
do gado de Renan foi identificado pelo "Jornal Nacional" como sendo Elzir de Souza Silva,
dono de um pequeno açougue
chamado Stop Carnes. Ele teria
comprado R$ 47 mil em carnes.
Silva confirma ter comprado
gado de Renan, mas afirma não
conhecê-lo. "Eu nem conheço
ele. Já viu pobre conhecer rico?", disse à reportagem.
O maior cliente do senador
seria a MW Ricardo da Rocha,
microempresa que administraria o açougue São Jorge -os recibos sustentariam R$ 429 mil
em vendas ao açougue de carne
das fazendas de Renan. Os donos da empresa, Maria Waldeci
Ricardo da Rocha e José Acácio
da Rocha, não deram entrevista
à TV Globo, mas a reportagem
afirma que a empresa declarou
no ano passado ter faturamento de apenas R$ 23 mil.
A reportagem do "Jornal Nacional" também entrevistou
um gerente das fazendas de Renan, que afirmou ser de no máximo 1.100 cabeças o rebanho
do senador. Em sua declaração
de renda entregue neste ano à
Receita Federal, Renan declarou possuir 1.704 bois e búfalos.
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