São Paulo, sábado, 15 de julho de 2000


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CASO TRT
Presidente afirma a interlocutores não imaginar Eduardo Jorge negociando com ex-juiz Nicolau dos Santos Neto
FHC teme "decepção" com ex-assessor


RAYMUNDO COSTA
DO PAINEL, EM SÃO PAULO

SANDRA BRASIL
DA REPORTAGEM LOCAL

Informado das possíveis quebras de sigilos fiscal, bancário e telefônico do ex-ministro Eduardo Jorge, o presidente Fernando Henrique Cardoso admitiu a interlocutores que pode ter uma "grande decepção", com o ex-assessor e amigo de 15 anos.
FHC soube da iniciativa do Ministério Público ontem. Abatido, disse a interlocutores que não consegue imaginar a cena de Eduardo Jorge dividindo propina com o ex-juiz foragido Nicolau dos Santos Neto.
Na avaliação do Planalto, é bem provável que o Ministério Público alcance seu objetivo na Justiça. Diante disso, o governo deve mudar a estratégia de defesa que havia preparado para o depoimento do ex-secretário no Congresso.
Inicialmente, os líderes governistas pretendiam armar um cerco de proteção em torno de Eduardo Jorge, recorrendo a instrumentos regimentais para evitar que a oposição acuasse o ex-ministro. A disposição agora é outra. O que vai condenar ou absolver o ex-ministro é o resultado da devassa que o Ministério Público fará em suas contas bancária e fiscal e em suas declarações de rendimento.
FHC fez uma única exigência a seus aliados no Congresso: quer um desfecho rápido para a crise. De preferência, ainda em agosto. A criação de uma CPI deve ser evitada a qualquer custo. O escândalo paralisou várias iniciativas do governo. Exemplo: o programa para atender as regiões mais pobres do país, temporariamente batizado de IDH-12.
Procuradores federais do Rio, São Paulo e Brasília estão montando um dossiê para pedir à Justiça a abertura das contas bancárias e a quebra dos sigilos de Eduardo Jorge.
O dossiê já tem vários capítulos. São eles: as propostas orçamentárias feitas com créditos suplementares que extrapolaram limites da lei orçamentária; falta de rastreamento por parte do Banco Central da maior parte das ordens bancárias para a obra superfaturada do Fórum Trabalhista de São Paulo; as ligações supostamente escusas entre Eduardo Jorge, o ex-juiz e o ex-senador Luiz Estevão. Os procuradores estão levantando ainda documentos sobre as empresas de Eduardo Jorge. Um dos procuradores envolvidos na preparação do dossiê disse à Folha que os indícios obtidos até agora demonstram que o ex-ministro teve um crescimento patrimonial superior aos seus rendimentos.


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