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CASO TRT
Presidente afirma a interlocutores não imaginar Eduardo Jorge negociando com ex-juiz Nicolau dos Santos Neto
FHC teme "decepção" com ex-assessor
RAYMUNDO COSTA
DO PAINEL, EM SÃO PAULO
SANDRA BRASIL
DA REPORTAGEM LOCAL
Informado das possíveis quebras de sigilos fiscal, bancário e telefônico do ex-ministro Eduardo
Jorge, o presidente Fernando
Henrique Cardoso admitiu a interlocutores que pode ter uma
"grande decepção", com o ex-assessor e amigo de 15 anos.
FHC soube da iniciativa do Ministério Público ontem. Abatido,
disse a interlocutores que não
consegue imaginar a cena de
Eduardo Jorge dividindo propina
com o ex-juiz foragido Nicolau
dos Santos Neto.
Na avaliação do Planalto, é bem
provável que o Ministério Público
alcance seu objetivo na Justiça.
Diante disso, o governo deve mudar a estratégia de defesa que havia preparado para o depoimento
do ex-secretário no Congresso.
Inicialmente, os líderes governistas pretendiam armar um cerco de proteção em torno de
Eduardo Jorge, recorrendo a instrumentos regimentais para evitar que a oposição acuasse o ex-ministro. A disposição agora é
outra. O que vai condenar ou absolver o ex-ministro é o resultado
da devassa que o Ministério Público fará em suas contas bancária
e fiscal e em suas declarações de
rendimento.
FHC fez uma única exigência a
seus aliados no Congresso: quer
um desfecho rápido para a crise.
De preferência, ainda em agosto.
A criação de uma CPI deve ser
evitada a qualquer custo. O escândalo paralisou várias iniciativas
do governo. Exemplo: o programa para atender as regiões mais
pobres do país, temporariamente
batizado de IDH-12.
Procuradores federais do Rio,
São Paulo e Brasília estão montando um dossiê para pedir à Justiça a abertura das contas bancárias e a quebra dos sigilos de
Eduardo Jorge.
O dossiê já tem vários capítulos.
São eles: as propostas orçamentárias feitas com créditos suplementares que extrapolaram limites da
lei orçamentária; falta de rastreamento por parte do Banco Central da maior parte das ordens
bancárias para a obra superfaturada do Fórum Trabalhista de São
Paulo; as ligações supostamente
escusas entre Eduardo Jorge, o ex-juiz e o ex-senador Luiz Estevão.
Os procuradores estão levantando ainda documentos sobre as
empresas de Eduardo Jorge. Um
dos procuradores envolvidos na
preparação do dossiê disse à Folha que os indícios obtidos até
agora demonstram que o ex-ministro teve um crescimento patrimonial superior aos seus rendimentos.
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