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Aliados de Sarney evitam o funcionamento de conselho
Governistas travam Conselho de Ética para diminuir desgaste de presidente do Senado
Em retaliação à indefinição
no órgão, que pode vir a
investigar o peemedebista,
a oposição não votou a Lei
de Diretrizes Orçamentárias
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os partidos que sustentam a
permanência do presidente do
Senado, José Sarney (PMDB-AP), no cargo conseguiram
adiar a instalação do Conselho
de Ética. A intenção é empurrar
a eleição do novo presidente do
órgão para agosto, após o recesso, quando se espera que a pressão por investigação contra
Sarney seja minimizada.
O conselho é o único órgão
que pode decidir pelo afastamento de Sarney e investigá-lo
por quebra de decoro parlamentar. Ontem foi apresentada
mais uma denúncia contra ele,
a terceira que se soma a uma representação do PSOL.
Ao adiar a instalação do órgão, os governistas tentam evitar dar palanque para a oposição continuar desgastando Sarney e o governo. A avaliação ontem era que, mesmo com a CPI
da Petrobras, o foco continuou
em Sarney. Pela primeira vez,
senadores pediram a renúncia
dele da presidência.
O adiamento também ajuda a
resolver impasse em torno da
indicação do presidente do
conselho -o PMDB quer Paulo
Duque (PMDB-RJ), enquanto
o PT trabalha por Antonio Carlos Valadares (PSB-SE).
Duque é o preferido do líder
do PMDB, Renan Calheiros
(AL), e já mostrou estar afinado
com Sarney. "É um homem que
prestou muitos serviços ao
país. Ficar vasculhando a vida
dele é bobagem", disse Duque.
Em retaliação à indefinição
no conselho, a oposição não votou ontem a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias), sem a
qual o Congresso não pode entrar de recesso a partir de sexta.
A Folha apurou que os governistas só irão aceitar instalar o Conselho de Ética hoje se
perceberem que, sem isso, será
impossível aprovar a LDO.
Os aliados contam com as férias para tentar diminuir a
pressão contra Sarney -intensificada com novas denúncias
envolvendo a Fundação José
Sarney, a suspeita de que ele teria conta no exterior não declarada à Receita e a amizade dele
com o banqueiro Edemar Cid
Ferreira, do banco Santos.
A revista "Veja" revelou que
Sarney viajou a Veneza com as
contas pagas pelo banqueiro
-o que foi admitido pelo senador, que também disse que pediria à Procuradoria Geral uma
devassa em suas contas no exterior. O caso da viagem está
sendo comparado ao de Renan,
que enfrentou processo por
quebra de decoro por ter tido
contas pagas por um lobista.
"Nessa altura não adianta o
presidente se licenciar. Ele tem
de renunciar", disse Pedro Simon (PMDB-RS) no plenário.
Arthur Virgílio (PSDB-AM),
ingressou com nova denúncia
no conselho em que acusa Sarney de ter mentido ao dizer que
não participa da administração
da fundação que leva seu nome.
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