São Paulo, quarta-feira, 15 de julho de 2009

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Aliados de Sarney evitam o funcionamento de conselho

Governistas travam Conselho de Ética para diminuir desgaste de presidente do Senado

Em retaliação à indefinição no órgão, que pode vir a investigar o peemedebista, a oposição não votou a Lei de Diretrizes Orçamentárias


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os partidos que sustentam a permanência do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), no cargo conseguiram adiar a instalação do Conselho de Ética. A intenção é empurrar a eleição do novo presidente do órgão para agosto, após o recesso, quando se espera que a pressão por investigação contra Sarney seja minimizada.
O conselho é o único órgão que pode decidir pelo afastamento de Sarney e investigá-lo por quebra de decoro parlamentar. Ontem foi apresentada mais uma denúncia contra ele, a terceira que se soma a uma representação do PSOL.
Ao adiar a instalação do órgão, os governistas tentam evitar dar palanque para a oposição continuar desgastando Sarney e o governo. A avaliação ontem era que, mesmo com a CPI da Petrobras, o foco continuou em Sarney. Pela primeira vez, senadores pediram a renúncia dele da presidência.
O adiamento também ajuda a resolver impasse em torno da indicação do presidente do conselho -o PMDB quer Paulo Duque (PMDB-RJ), enquanto o PT trabalha por Antonio Carlos Valadares (PSB-SE).
Duque é o preferido do líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), e já mostrou estar afinado com Sarney. "É um homem que prestou muitos serviços ao país. Ficar vasculhando a vida dele é bobagem", disse Duque.
Em retaliação à indefinição no conselho, a oposição não votou ontem a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias), sem a qual o Congresso não pode entrar de recesso a partir de sexta.
A Folha apurou que os governistas só irão aceitar instalar o Conselho de Ética hoje se perceberem que, sem isso, será impossível aprovar a LDO.
Os aliados contam com as férias para tentar diminuir a pressão contra Sarney -intensificada com novas denúncias envolvendo a Fundação José Sarney, a suspeita de que ele teria conta no exterior não declarada à Receita e a amizade dele com o banqueiro Edemar Cid Ferreira, do banco Santos.
A revista "Veja" revelou que Sarney viajou a Veneza com as contas pagas pelo banqueiro -o que foi admitido pelo senador, que também disse que pediria à Procuradoria Geral uma devassa em suas contas no exterior. O caso da viagem está sendo comparado ao de Renan, que enfrentou processo por quebra de decoro por ter tido contas pagas por um lobista.
"Nessa altura não adianta o presidente se licenciar. Ele tem de renunciar", disse Pedro Simon (PMDB-RS) no plenário.
Arthur Virgílio (PSDB-AM), ingressou com nova denúncia no conselho em que acusa Sarney de ter mentido ao dizer que não participa da administração da fundação que leva seu nome.


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