WILLIAM FRANÇA
enviado especial a Belo Horizonte


O presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem a prefeitos mineiros que a reforma tributária deve ser feita no próximo ano independentemente de quem vencer as eleições.
Segundo FHC, o futuro presidente terá o "suporte imediato das urnas" para fazer a reforma.
"Para podermos passar da taxa de crescimento de 3% a 4% -que certamente no final do ano estaremos atingindo- e marchar no ano que vem para 5% na direção de 6%, temos de acertar essas questões", disse o presidente.
Em 1º de julho, na festa de aniversário de quatro anos do Real, FHC estava menos otimista. Previu que o crescimento do PIB superaria os 4% em 99, mas não mencionava 6%. Hoje, 1% do PIB (Produto Interno Bruto, a soma das riquezas produzidas no país) equivale a cerca de R$ 8,6 bilhões.

Juros
Além da reforma tributária, FHC se referiu à queda nas taxas de juros e o reequilíbrio da balança comercial como pilares necessários para o crescimento econômico.
O presidente havia ouvido, momentos antes, queixas dos prefeitos de Minas Gerais quanto à distribuição dos recursos orçamentários. Ele participou ontem da cerimônia de abertura do 15º Congresso Mineiro de Municípios.
"Os municípios são os que sofrem na carne o sacrifício dessa divisão feita hoje do bolo orçamentário", disse Edson Soares (PSDB), prefeito de Teófilo Otoni e presidente da Associação Mineira de Municípios, entidade que representa os 853 municípios mineiros.
Em resposta, FHC disse que o governo "tem sensibilidade para a questão" e que, por isso, anunciava ali a criação de uma comissão formada pelo governo federal, por Estados e por municípios que deverá discutir a reforma tributária.
FHC disse que hoje não há condições de promover a reforma por causa das consequências da crise asiática. Disse que, se for feita em 99, "deixa de ser feita no sufoco e de ser uma tábua de salvação para quem precisa sobreviver e passa a ser feita com mais racionalidade".



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