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"Ele é que está provocando o processo"
DA SUCURSAL DO RIO
Leia abaixo trechos da entrevista de Anthony Garotinho.
Folha - Leonel Brizola, presidente
do PDT, quer que o senhor seja expulso do partido, acusando-o de
omissão em sua campanha à Prefeitura do Rio. Ele tem razão?
Garotinho - Ele é que está provocando o processo. Ninguém no
PDT está a favor disso, a não ser
ele e um pequeno grupo que fica
ao seu lado. Ele quer a expulsão
porque está espantado com o tamanho da insatisfação que existe
contra a direção partidária da
qual faz parte. Brizola quer minha
expulsão porque não sabe conviver com a diferença.
Folha -O senhor desde o início
não foi simpático à candidatura de
Brizola, dizendo que havia um
compromisso entre o PDT e o PT para apoiar Benedita da Silva.
Garotinho - Se há um culpado
pela divisão entre as esquerdas no
Rio, esse culpado chama-se Leonel Brizola. Ele me disse em março do ano passado que nós não
iríamos sustentar o acordo que
havíamos feito com o PT antes de
minha eleição porque isso inviabilizaria nosso partido no Rio.
Eu contestei essa idéia e ele passou a dizer que o acordo não havia existido. Um acordo público,
com testemunhas. Daí nasceu toda nossa divergência.
Folha - Para Brizola, o senhor deveria estar fazendo campanha para
ele porque sua candidatura foi
uma decisão do partido.
Garotinho - Como vou fazer
campanha para alguém que tem
como norte fazer oposição ao
meu governo? Ele não quer ser líder, ele quer ser chefe, que não admite questionamento. Eu vou recorrer a todas instâncias do partido e, se todas me expulsarem, vou
entrar na Justiça, até o Supremo
Tribunal Federal.
Folha - O senhor quer excluir Brizola do partido?
Garotinho - Nós não queremos
isso. Nunca falamos em um PDT
sem Brizola. Queremos uma sociedade onde as pessoas tenham o
direito de manifestar seu pensamento. Em documentos que temos escrito e trocado com companheiros do partido, nós comparamos o PDT com o PT, de 1982
para frente, quando ambos entraram no processo eleitoral do país.
O PDT adotou o modelo de não
permitir correntes, discussões ou
democracia internas.
Resultado, nosso partido que
era maior do que o PT encolheu e
os petistas, que com todas suas dificuldades aceitaram o debate interno, se tornaram a referência da
esquerda brasileira.
Folha - Os seus críticos dizem que
o senhor e os "garotistas" deveriam parar de conversa e se engajar
na campanha do partido.
Garotinho - Para mim não devem existir brizolistas ou garotistas, devem existir trabalhistas, pedetistas. Não estimulo o personalismo. No Rio, só não estou na
campanha porque o Brizola não
quer. Se ele fizer um gesto de humildade, coisa digna de um líder,
e afirmar que tudo o que disse de
mim foi dito em um momento em
que ele estava amargurado, triste,
eu terei condições de fazer campanha para ele.
Folha - Uma candidatura unificada das esquerdas teria o seu apoio?
Garotinho - Total. Mas eu acredito que, na reta final da eleição, haverá o voto útil dos eleitores progressistas em um só candidato,
que enfrentará o outro candidato,
escolhido pelo voto dos conservadores, que vão optar pelo Conde.
Todo mundo sabe que se Cesar
Maia chegar à prefeitura, no dia
seguinte ele começa um governo
de oposição.
Folha - Se Brizola chegar à prefeitura, ele não vai fazer o mesmo?
Garotinho - Vou torcer para que
ele não brigue comigo.
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