|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Garotinho defende rompimento
com FMI e diz que acordo é "espúrio"
SÍLVIA FREIRE
LUIZA DAMÉ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidenciável Anthony Garotinho (PSB) criticou ontem o
acordo do governo brasileiro com
o FMI, anunciado na semana passada, e disse que o país não terá
"nenhuma chance de dar certo"
caso não haja um rompimento
com o atual modelo econômico.
"O Brasil não alcançará a estabilidade se não houver rompimento
com esse modelo econômico que
hoje levamos adiante e que não
tem chance de dar certo em nenhum lugar do mundo."
Em palestra a estudantes da
Universidade de Brasília ontem
pela manhã, Garotinho caracterizou o acordo como "espúrio" e
desafiou a platéia a apontar um
país onde a intervenção do FMI
(Fundo Monetário Internacional)
tenha dado certo.
"Se alguém neste auditório me
apresentar um lugar no mundo
onde o receituário do Fundo Monetário Internacional -aplicado
à risca- deu certo, retiro a minha
candidatura", disse. Foi um dos
poucos momentos em que o candidato foi aplaudido. Ao chegar,
foi vaiado por parte da platéia.
Um dia após aceitar o convite
para se reunir com o presidente
Fernando Henrique Cardoso, Garotinho criticou indiretamente a
iniciativa de FHC de se reunir
com os principais candidatos à
Presidência. "Como li nos jornais
de hoje, o senhor presidente da
República vai pedir aos candidatos à Presidência que reafirmem
seu compromisso com a estabilidade. Mas que estabilidade?".
O candidato disse que irá entregar por escrito ao presidente suas
críticas em relação ao acordo.
O presidenciável criticou a redução do limite das reservas internacionais do Brasil de US$ 15
bilhões para US$ 5 bilhões -prevista no acordo-, o que seria
uma forma de manter a dependência em relação ao FMI e aos
EUA e pressionar o Brasil a assinar o tratado da Alca (Área de Livre Comércio das Américas).
Garotinho disse que tem sido
boicotado pela imprensa por suas
posições contra os bancos e pelas
críticas que faz à equipe econômica. "Os jornais dão três páginas
para o candidato do governo e
uma coluna de três centímetros
para mim. Se o candidato do governo tem 12% [de intenção de
voto nas pesquisas] e eu tenho
11%, qual é a diferença se a margem de erro é de dois pontos?".
Texto Anterior: Ciro e Lula planejam propor agenda contra a crise a FHC Próximo Texto: Frase Índice
|