São Paulo, quinta-feira, 15 de agosto de 2002

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Garotinho defende rompimento com FMI e diz que acordo é "espúrio"

SÍLVIA FREIRE
LUIZA DAMÉ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidenciável Anthony Garotinho (PSB) criticou ontem o acordo do governo brasileiro com o FMI, anunciado na semana passada, e disse que o país não terá "nenhuma chance de dar certo" caso não haja um rompimento com o atual modelo econômico.
"O Brasil não alcançará a estabilidade se não houver rompimento com esse modelo econômico que hoje levamos adiante e que não tem chance de dar certo em nenhum lugar do mundo."
Em palestra a estudantes da Universidade de Brasília ontem pela manhã, Garotinho caracterizou o acordo como "espúrio" e desafiou a platéia a apontar um país onde a intervenção do FMI (Fundo Monetário Internacional) tenha dado certo.
"Se alguém neste auditório me apresentar um lugar no mundo onde o receituário do Fundo Monetário Internacional -aplicado à risca- deu certo, retiro a minha candidatura", disse. Foi um dos poucos momentos em que o candidato foi aplaudido. Ao chegar, foi vaiado por parte da platéia.
Um dia após aceitar o convite para se reunir com o presidente Fernando Henrique Cardoso, Garotinho criticou indiretamente a iniciativa de FHC de se reunir com os principais candidatos à Presidência. "Como li nos jornais de hoje, o senhor presidente da República vai pedir aos candidatos à Presidência que reafirmem seu compromisso com a estabilidade. Mas que estabilidade?".
O candidato disse que irá entregar por escrito ao presidente suas críticas em relação ao acordo.
O presidenciável criticou a redução do limite das reservas internacionais do Brasil de US$ 15 bilhões para US$ 5 bilhões -prevista no acordo-, o que seria uma forma de manter a dependência em relação ao FMI e aos EUA e pressionar o Brasil a assinar o tratado da Alca (Área de Livre Comércio das Américas).
Garotinho disse que tem sido boicotado pela imprensa por suas posições contra os bancos e pelas críticas que faz à equipe econômica. "Os jornais dão três páginas para o candidato do governo e uma coluna de três centímetros para mim. Se o candidato do governo tem 12% [de intenção de voto nas pesquisas] e eu tenho 11%, qual é a diferença se a margem de erro é de dois pontos?".


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