São Paulo, quinta-feira, 15 de agosto de 2002

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JANIO DE FREITAS

Sem dúvida

Luiz Inácio Lula da Silva, Ciro Gomes e Anthony Garotinho adotaram a posição mais responsável diante da cobrança de Fernando Henrique Cardoso e Pedro Malan, para que "dividam responsabilidades com o governo" -segundo a expressão adotada- na adoção de novo acordo com o FMI. Os três admitem ouvir Fernando Henrique a respeito, porque convidados, mas sem envolvimento com pretensas soluções relacionadas a problemas e responsabilidades que devem ser assumidos pelo atual governo.
Na insistência de Fernando Henrique e de Pedro Malan há dois aspectos mais evidentes. Um é a prepotência da sua cobrança aos candidatos, para a qual começam por não ter autoridade moral, como se vê da própria situação do país por ambos governado. E, melhor ainda, não têm autoridade institucional para a tentativa de reproduzir a ditadura com suas mudanças de generais sem mudança de métodos, compromissos e propósitos.
O outro aspecto da insistência de Fernando Henrique e Pedro Malan é a inconfessada motivação do compromisso pedido. É evidente que só um motivo levou a tamanha insistência: a exigência do FMI, jamais referida pelo presidente e pelo ministro, de compromisso público dos candidatos como condição para o acordo. Se aceito pelos candidatos, seria um modo de amarrá-los à política do Fundo. Daí, também, a inclusão sem precedentes, e contrária a tudo o que o FMI tem feito no mundo, de US$ 24 bilhões para o próximo governo, três vezes o socorro a ser dado para amansar a hora final de Fernando Henrique e Malan.
Responsabilidade perante o Congresso, por exigência da Constituição, e perante a população devem assumir o presidente e seu ministro, expondo os termos verdadeiros do acordo que tentam passar como um grandioso presente para o futuro presidente.
Uma dúvida, se for dúvida: a quem serve a cobrança de comprometimento do futuro presidente, cobrada por Fernando Henrique e Pedro Malan -ao Brasil ou ao FMI?


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