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NO AR
Rebeldes
NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA
Não é só Ciro Gomes que
traz o eco de Fernando
Collor de Mello -do passado-
à televisão.
Se o presidenciável cearense
ainda deixa desconcertados os
que gostariam de gostar dele, o
próprio, o original Collor vai
reavivando o temor coletivo nos
telejornais.
Começou talvez com a inesperada passeata de milhares de
"caras-pintadas" em Alagoas,
no fim de semana, contra o Collor original.
Levavam cartazes com expressões antigas como "não melle o
seu voto".
Anteontem foi a vez de Ratinho, ex-parlamentar collorido,
prometer de seu palco eletrônico
que vai enviar um caminhão de
capim a Alagoas se Collor for
eleito -ele que é o líder nas pesquisas alagoanas.
Ato contínuo, Collor disse que
vai pedir direito de resposta e
conclamou os seus eleitores a
deixar de ver o Programa do
Ratinho.
O conflito subiu mais alguns
degraus com uma reportagem
da Globo, ontem, buscando
uma vez mais tomar a si o crédito pelo impeachment do ex-presidente.
Foi buscar o presidente da
UNE na época da eleição de Collor (não do impeachment), um
certo Orlando Silva, que disse
que a série "Anos Rebeldes"
mostrou "para a galera nova"
que era possível lutar.
Segundo a Globo, "os caras-pintadas mostraram que era
possível, os jovens foram às ruas
pedir a saída do presidente, contagiaram o país e o Congresso
votou e aprovou".
E a mesma Globo conclama
agora:
- Nas próximas eleições, os
estudantes estarão de novo mobilizados para cobrar... É hora
de assumir a responsabilidade
que a juventude nunca deixou
de assumir.
Collor, Ratinho, Globo: o problema de escrever sobre campanhas eleitorais na televisão há
mais de dez anos é que a farsa se
repete e se repete.
Ainda sobre 89 e seus personagens, Alexandre Garcia, ele mesmo, estava dizendo ontem, depois de uma outra reportagem
da Globo que mostrava que o
brasileiro sabe votar;
- A análise das eleições, de 88
(sic) para cá, mostram um rumo
coerente do eleitor. Numa vontade coletiva, ele pressiona por
mudanças para melhor. O eleitor pode ter cometido enganos,
mas busca corrigi-los.
E conclama Alexandre Garcia, o eterno:
- Quem nomeia, pelo voto,
tem que fiscalizar e votar.
Como ia dizendo, assistir há
mais de dez anos aos mesmos
personagens é um problema.
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