São Paulo, quinta-feira, 15 de agosto de 2002

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CAMPANHA

Equipe reavalia estratégia para propaganda eleitoral; Serra deve adotar linha mais "positiva e propositiva"

Tucano recua e deve poupar Ciro na TV

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidenciável José Serra (PSDB-PMDB) decidiu abandonar a tática de ataque frontal ao adversário da Frente Trabalhista (PPS-PDT-PTB), Ciro Gomes, estratégia que se mostrou até agora insuficiente para melhorar seu desempenho nas pesquisas de intenção de voto.
O núcleo da campanha tucana assistiu em São Paulo a programas eleitorais para a televisão já gravados e descartou aqueles com conteúdo mais agressivo em relação a concorrentes. A aposta será em uma linha mais "positiva e propositiva", na definição do coordenador político do comitê, deputado Pimenta da Veiga (PSDB-MG).
"Será uma campanha com objetivos claros de apresentar propostas. Não vamos aceitar esse denuncismo que alguns estavam imaginando. Não é do nosso feitio", afirmou Pimenta.
Tentando afastar o abatimento que tem tomado conta da campanha de Serra -devido ao terceiro lugar nas pesquisas, atrás de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de Ciro e praticamente empatado com Anthony Garotinho (PSB)-, Pimenta convocou ontem a imprensa para uma entrevista no comitê central, em Brasília, buscando demonstrar um otimismo sem explicitar as razões.

"Momento positivo"
"O programa eleitoral, que começa dia 20, virá num momento extremamente positivo. Estamos criando um ambiente para uma forte reação da campanha", disse o coordenador político do comitê.
Na avaliação dos estrategistas da campanha tucana, a pesquisa de intenções de voto divulgada na terça-feira pelo Ibope traz indicadores positivos, principalmente ao mostrar crescimento de Serra nas capitais e entre eleitores com ensino médio e nível superior. Nesse setor do eleitorado, considerado formador de opinião, Ciro perde votos.
Segundo o líder do PSDB na Câmara, deputado Jutahy Júnior (BA), a campanha tem ""detectado o caminho que Serra pode percorrer para crescer e quais são as fragilidades de Ciro".
A aposta dos serristas no programa eleitoral se deve ao tempo que ele terá na televisão (dez minutos à tarde e dez à noite), mais do que o dobro da soma dos períodos de Lula e Ciro.
Por isso, a campanha está concentrando os recursos na produção dos programas de Serra. Houve, inclusive, cortes em outros setores, como a encomenda de material gráfico de campanha, principalmente cartazes. Os outdoors continuarão sendo privilegiados.

Encontro com FHC
Pimenta fez uma leitura positiva até dos encontros que o presidente Fernando Henrique Cardoso terá na próxima segunda com os quatro principais candidatos à sua sucessão, em busca de aval para o acordo com o Fundo Monetário Internacional. Serra era contrário aos encontros por entender que passariam a idéia de que nem FHC acredita mais na sua recuperação, mas se rendeu à decisão do presidente.
De acordo com sua interpretação, o gesto de FHC "não credencia" nenhum deles e mostra que o presidente "está tão confiante" na vitória do seu candidato -Serra-, que não há problema em conversar com os outros. (RAQUEL ULHÔA)



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