São Paulo, domingo, 15 de agosto de 2004

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GIRO PELO MUNDO

Ao chegar hoje a Santo Domingo, presidente terá percorrido 163,4 mil Km só em vôos internacionais


"Milhagem" de Lula cresce 70% neste ano

EDUARDO SCOLESE
ENVIADO ESPECIAL A SANTO DOMINGO

Quando o Boeing 707 da Força Aérea Brasileira aterrissar hoje à noite em Santo Domingo (capital da República Dominicana), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá percorrido, desde o início do ano, 163,4 mil km apenas em vôos internacionais -um avanço de 70% em relação ao mesmo período do ano passado.
Entre 1º de janeiro e 15 de agosto de 2003, segundo cálculo feito pela Folha, Lula percorreu 95,6 mil km, visitando 12 países -em 32 dias fora do país. No mesmo período deste ano, computada sua aterrissagem hoje na República Dominicana, Lula visitou 14 países, em 30 dias no exterior.
Desde que assumiu a Presidência, em janeiro de 2003, Lula passou 16% do mandato em viagens ao exterior, percorrendo cerca de 360 mil km. Só nesses vôos, foram 403 horas (quase três semanas) dentro do Sucatão, como é conhecido o avião da Aeronáutica utilizado pela Presidência. Fabricada em 1958, a aeronave será substituída por um Airbus de US$ 56,7 milhões no ano que vem.
O atual volume de viagens de Lula ao exterior é o mais intenso de sua gestão. Num intervalo de um mês, entre o último 26 de julho e o próximo 26 de agosto, Lula terá visitado nove países (três na África, quatro na América do Sul e dois no Caribe).
"Se é excessivo ou é insuficiente, eu diria que ele tem feito as viagens necessárias", afirmou Marco Aurélio Garcia, assessor especial para assuntos internacionais da Presidência.
Segundo ele, o número de viagens é inferior à demanda. "Se fosse atender todas as demandas, ele faria um número muito maior de viagens. Seria incompatível com os seus compromissos no cargo. Ele tem feito as viagens que avalia como importantes e necessárias."

Integração
Atualmente, Lula justifica suas viagens ressaltando a importância de acordos comerciais, de fortalecimento e integração entre os países em desenvolvimento e até de afirmação diante de norte-americanos e europeus.
Na campanha eleitoral de 1998, porém, quando foi derrotado pela segunda vez por Fernando Henrique Cardoso, Lula pensava diferente. À época, afirmou o seguinte sobre as viagens internacionais de FHC: "Modernidade para ele [FHC] é sinônimo de carros importados e viagens ao exterior".
Desde o início da gestão, Lula já visitou oficialmente 40 países. A República Dominicana, hoje à noite, será o 41º país da lista presidencial. E o Haiti, na próxima quarta-feira, mais um. Suíça, Argentina, Estados Unidos, Paraguai e Bolívia já foram visitados oficialmente três vezes por Lula.

Temas
Os temas das agendas no exterior costumam ser ecléticos. Vão desde a inauguração de uma ponte na Bolívia até um encontro com o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush. Passam também por reuniões de cúpulas no México e pela comemoração de aniversário de uma organização internacional do café na Colômbia.
O Palácio do Planalto não esconde seu objetivo de conquistar uma cadeira definitiva no Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas), mas não traça um paralelo entre tal expectativa e a quantidade de viagens do presidente.
A questão do Conselho de Segurança tem sido comentada de forma equivocada, segundo o governo federal. "Para alguns é um delírio de grandeza, e para outros, um absurdo. Ambas estão erradas. O Brasil quer, sim, participar da reconstrução da ONU, que se encontra extremamente abalada com a guerra do Iraque, para que seus organismos representem de forma mais concreta um novo equilíbrio mundial. E achamos que o Brasil faz parte disso", afirmou Garcia, assessor especial da Presidência.
Atualmente, apenas EUA, Reino Unido, França, Rússia e China são membros permanentes do Conselho de Segurança. Para chamar a atenção da ONU, por exemplo, o Brasil aceitou de pronto o papel de liderar pela primeira vez uma força de paz da instituição, no caso, no Haiti.



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