UOL

São Paulo, segunda-feira, 15 de setembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

RUMO A 2004

Comissão que avaliará aliança nas disputas municipais é consequência do apoio do PMDB ao governo petista

PT e PMDB criam grupo para discutir eleição

RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

PT e PMDB criaram na semana passada uma comissão para discutir as alianças entre as duas siglas na eleição para prefeito nas eleições de 2004, uma das principais consequências do acordo que levou os peemedebistas a apoiar o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Por enquanto, apesar das manifestações de boa vontade, o máximo que os presidentes das duas siglas, José Genoino (PT-SP) e Michel Temer (PMDB-SP), conseguiram definir foram as cidades em que não há possibilidade de entendimento, aquelas onde PT e PMDB governam ou são o principal partido de oposição.
Genoino ficou de entregar a Temer um levantamento abrangendo as capitais e as maiores cidades na próxima semana. Mas a expectativa é que algumas coligações somente sairão do papel se houver intervenção dura das direções dos dois partidos, sobretudo do PT, onde é maior a resistência a alianças com o PMDB.
Na reforma ministerial que deve sair até o final do ano, o PMDB provavelmente ficará com dois ministérios: Comunicações e Cidades, hoje com o PDT e com o PT, respectivamente.
Para tentar contornar as dificuldades, Temer e Genoino estabeleceram um critério preliminar: o PMDB e PT indicam o cabeça-de-chapa nas cidades em que já detêm a prefeitura e disputam a reeleição. E discutem a vice. Casos típicos: São Paulo, governada por Marta Suplicy (PT), e Uberlândia (MG), governada por Zaire Rezende (PMDB).
Na primeira abordagem sobre o mapa do Brasil feita por Genoino e Temer, foram selecionadas as capitais em que a aliança é considerada impossível ou muito difícil: Porto Alegre (RS), Recife (PE), Campo Grande (MS) e Rio Branco (AC). Nas quatro, PT e PMDB disputam o controle político estadual. Brasília, onde a rivalidade entre as duas siglas é feroz, foi deixada de lado porque não terá eleição em 2004.
Entre as capitais em que a coligação é possível está São Paulo (SP), muito embora Temer ressalte que o deputado José Aristodemo Pinnoti insiste em ser o candidato do PMDB. Na realidade, o ex-governador Orestes Quércia negocia sua indicação para candidato a vice de Marta. A resistência é no PT e nos partidos de esquerda, seus tradicionais aliados.
Há ainda perspectivas de alianças em Curitiba (PR) e Florianópolis (SC). Em Belo Horizonte (MG), o PMDB tenta atrair o deputado João Leite (PSB) para lançá-lo como candidato da legenda.
A eleição do Rio é outro caso exemplar: o PMDB já tem candidato, o ex-prefeito Luiz Paulo Conde, que se filiou com essa condição ao partido, ao lado do secretário da Segurança, Anthony Garotinho, e de sua mulher, Rosinha Matheus. O PT do Rio quer lançar um nome próprio e rejeita a composição com o PMDB.
Em casos como esse, Genoino e Temer avaliam que, talvez, o melhor seja o estabelecimento de um compromisso de "não-agressão" entre as duas siglas, para o primeiro turno, e o apoio àquela que passar para a etapa seguinte da eleição. Jeitinho brasileiro.
O PT dá prioridade às alianças com o PMDB porque quer aproveitar a capilaridade da legenda para crescer em todo o país. O projeto do PT é ter pelo menos um candidato a vereador em cada município brasileiro. O partido fala em eleger até mil prefeitos. Mas o número "realista" com o qual trabalha é 500.
Para Genoino, há bastante espaço para trabalhar, dentro do PT, as alianças com o PMDB em 2004.



Texto Anterior: Imprensa: Editor da Folha fala de floresta amazônica hoje
Próximo Texto: Na oposição, PFL usará escola petista
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.