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RUMO A 2004
Comissão que avaliará aliança nas disputas municipais é consequência do apoio do PMDB ao governo petista
PT e PMDB criam grupo para discutir eleição
RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
PT e PMDB criaram na semana
passada uma comissão para discutir as alianças entre as duas siglas na eleição para prefeito nas
eleições de 2004, uma das principais consequências do acordo que
levou os peemedebistas a apoiar o
governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Por enquanto, apesar das manifestações de boa vontade, o máximo que os presidentes das duas
siglas, José Genoino (PT-SP) e Michel Temer (PMDB-SP), conseguiram definir foram as cidades
em que não há possibilidade de
entendimento, aquelas onde PT e
PMDB governam ou são o principal partido de oposição.
Genoino ficou de entregar a Temer um levantamento abrangendo as capitais e as maiores cidades
na próxima semana. Mas a expectativa é que algumas coligações
somente sairão do papel se houver intervenção dura das direções
dos dois partidos, sobretudo do
PT, onde é maior a resistência a
alianças com o PMDB.
Na reforma ministerial que deve
sair até o final do ano, o PMDB
provavelmente ficará com dois
ministérios: Comunicações e Cidades, hoje com o PDT e com o
PT, respectivamente.
Para tentar contornar as dificuldades, Temer e Genoino estabeleceram um critério preliminar: o
PMDB e PT indicam o cabeça-de-chapa nas cidades em que já detêm a prefeitura e disputam a reeleição. E discutem a vice. Casos típicos: São Paulo, governada por
Marta Suplicy (PT), e Uberlândia
(MG), governada por Zaire Rezende (PMDB).
Na primeira abordagem sobre o
mapa do Brasil feita por Genoino
e Temer, foram selecionadas as
capitais em que a aliança é considerada impossível ou muito difícil: Porto Alegre (RS), Recife (PE),
Campo Grande (MS) e Rio Branco (AC). Nas quatro, PT e PMDB
disputam o controle político estadual. Brasília, onde a rivalidade
entre as duas siglas é feroz, foi deixada de lado porque não terá eleição em 2004.
Entre as capitais em que a coligação é possível está São Paulo
(SP), muito embora Temer ressalte que o deputado José Aristodemo Pinnoti insiste em ser o candidato do PMDB. Na realidade, o
ex-governador Orestes Quércia
negocia sua indicação para candidato a vice de Marta. A resistência
é no PT e nos partidos de esquerda, seus tradicionais aliados.
Há ainda perspectivas de alianças em Curitiba (PR) e Florianópolis (SC). Em Belo Horizonte
(MG), o PMDB tenta atrair o deputado João Leite (PSB) para lançá-lo como candidato da legenda.
A eleição do Rio é outro caso
exemplar: o PMDB já tem candidato, o ex-prefeito Luiz Paulo
Conde, que se filiou com essa condição ao partido, ao lado do secretário da Segurança, Anthony Garotinho, e de sua mulher, Rosinha
Matheus. O PT do Rio quer lançar
um nome próprio e rejeita a composição com o PMDB.
Em casos como esse, Genoino e
Temer avaliam que, talvez, o melhor seja o estabelecimento de um
compromisso de "não-agressão"
entre as duas siglas, para o primeiro turno, e o apoio àquela que
passar para a etapa seguinte da
eleição. Jeitinho brasileiro.
O PT dá prioridade às alianças
com o PMDB porque quer aproveitar a capilaridade da legenda
para crescer em todo o país. O
projeto do PT é ter pelo menos
um candidato a vereador em cada
município brasileiro. O partido
fala em eleger até mil prefeitos.
Mas o número "realista" com o
qual trabalha é 500.
Para Genoino, há bastante espaço para trabalhar, dentro do PT,
as alianças com o PMDB em 2004.
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