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Na oposição, PFL usará escola petista
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL
Em sua primeira eleição como
partido de oposição, o PFL vai recorrer ao que chama de "escola
PT" para tentar sobreviver em
2004, enquanto aguarda por melhores dias no futuro. Isso significa lançar candidatos no maior número possível de municípios, de
modo a assentar alicerces para as
eleições seguintes.
Pragmático, o PFL não tem ilusões e avalia que sairá menor das
eleições de 2004 do que saiu em
2000, quando estava no centro do
poder em Brasília e elegeu 1.027
prefeitos e 9.647 vereadores. Ainda assim, a cúpula pefelista supõe
que sairá maior que o PT quando
começou a acumular capital político, apesar das derrotas.
Trata-se de uma realidade inteiramente nova para o PFL, que
sempre fez política com o peso
das verbas e das nomeações federais. E o partido tem dificuldades
para fazer uma oposição programática, como fazia o PT, como
prova a divisão de sua bancada
nas votações das reformas da Previdência e tributária na Câmara.
À exceção do PT - "por reciprocidade", dizem os pefelistas
-, o partido não têm restrições a
alianças com outras legendas.
Mas também nesse aspecto prevalece o pragmatismo conhecido
da legenda. "Não seremos sócios
minoritários na derrota", diz o
presidente da sigla, Jorge Bornhausen (SC). Ou seja, para perder, o PFL preferirá lançar candidato próprio. A tal "escola PT".
Caso típico é o de São Paulo. O
PFL aguarda que o governador
Geraldo Alckmin apresente um
nome do PSDB viável eleitoralmente para a disputa na capital.
Neste caso, topará uma aliança.
Do contrário, apresentará um
candidato para utilizar o tempo
de TV do partido. Um nome possível: o do iatista Lars Grael.
Das três capitais do PFL, o partido acha que pode manter a do
Rio, comandada por César Maia,
e disputar a de Salvador (BA) de
igual para igual com o PT. Há ceticismo em relação a Curitiba (PR).
Motivo: fadiga de material. O próprio prefeito Cássio Taniguchi já
teve uma reeleição muito difícil.
A eleição de Salvador é crucial
para o mais importante cacique
pefelista, o senador Antonio Carlos Magalhães. Soberano nas eleições no interior, ACM deve enfrentar dificuldades na capital,
onde haverá um PT com nomes
fortalecidos no exercício do poder
federal, como o ministro Jaques
Wagner (Trabalho) e o líder na
Câmara, Nelson Pellegrino.
PSDB
O PSDB pretende dissecar as administrações petistas e usá-las como principal arma na disputa
municipal de 2004. Os tucanos
avaliam que vencendo em cidades
consideradas estratégicas a sigla
estará bem estruturada para enfrentar o PT nas eleições de 2006.
Os tucanos preparam um levantamento detalhado das administrações do PT. "Não tem propaganda que resolva o problema de
falta de competência", afirmou o
presidente do PSDB, José Aníbal.
Não há vetos dentro do arco de
alianças pretendidas pelos tucanos. A corrida por alianças já começou em São Paulo, onde tradicionais aliados de Alckmin, como
PTB, PPS e PSB, compõem a base
aliada do governo federal.
O partido governa 1.182 cidades,
sendo três capitais: Teresina (PI),
João Pessoa (PB) e Vitória (ES).
Para os tucanos, é possível vencer
em pelo menos mais três: Cuiabá
(MT), Fortaleza (CE) e São Paulo.
Em Campina Grande (PB), a
atual prefeita Cozete Barbosa
(PT) deve tentar a reeleição com o
provável apoio do PSDB. Ela era
vice-prefeita do tucano Cássio
Cunha Lima, que se elegeu governador no ano passado.
(RAYMUNDO COSTA E JULIA DUAILIBI)
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