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São Paulo, segunda-feira, 15 de setembro de 2003

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Na oposição, PFL usará escola petista

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

DA REPORTAGEM LOCAL

Em sua primeira eleição como partido de oposição, o PFL vai recorrer ao que chama de "escola PT" para tentar sobreviver em 2004, enquanto aguarda por melhores dias no futuro. Isso significa lançar candidatos no maior número possível de municípios, de modo a assentar alicerces para as eleições seguintes.
Pragmático, o PFL não tem ilusões e avalia que sairá menor das eleições de 2004 do que saiu em 2000, quando estava no centro do poder em Brasília e elegeu 1.027 prefeitos e 9.647 vereadores. Ainda assim, a cúpula pefelista supõe que sairá maior que o PT quando começou a acumular capital político, apesar das derrotas.
Trata-se de uma realidade inteiramente nova para o PFL, que sempre fez política com o peso das verbas e das nomeações federais. E o partido tem dificuldades para fazer uma oposição programática, como fazia o PT, como prova a divisão de sua bancada nas votações das reformas da Previdência e tributária na Câmara.
À exceção do PT - "por reciprocidade", dizem os pefelistas -, o partido não têm restrições a alianças com outras legendas. Mas também nesse aspecto prevalece o pragmatismo conhecido da legenda. "Não seremos sócios minoritários na derrota", diz o presidente da sigla, Jorge Bornhausen (SC). Ou seja, para perder, o PFL preferirá lançar candidato próprio. A tal "escola PT".
Caso típico é o de São Paulo. O PFL aguarda que o governador Geraldo Alckmin apresente um nome do PSDB viável eleitoralmente para a disputa na capital. Neste caso, topará uma aliança. Do contrário, apresentará um candidato para utilizar o tempo de TV do partido. Um nome possível: o do iatista Lars Grael.
Das três capitais do PFL, o partido acha que pode manter a do Rio, comandada por César Maia, e disputar a de Salvador (BA) de igual para igual com o PT. Há ceticismo em relação a Curitiba (PR). Motivo: fadiga de material. O próprio prefeito Cássio Taniguchi já teve uma reeleição muito difícil.
A eleição de Salvador é crucial para o mais importante cacique pefelista, o senador Antonio Carlos Magalhães. Soberano nas eleições no interior, ACM deve enfrentar dificuldades na capital, onde haverá um PT com nomes fortalecidos no exercício do poder federal, como o ministro Jaques Wagner (Trabalho) e o líder na Câmara, Nelson Pellegrino.

PSDB
O PSDB pretende dissecar as administrações petistas e usá-las como principal arma na disputa municipal de 2004. Os tucanos avaliam que vencendo em cidades consideradas estratégicas a sigla estará bem estruturada para enfrentar o PT nas eleições de 2006.
Os tucanos preparam um levantamento detalhado das administrações do PT. "Não tem propaganda que resolva o problema de falta de competência", afirmou o presidente do PSDB, José Aníbal.
Não há vetos dentro do arco de alianças pretendidas pelos tucanos. A corrida por alianças já começou em São Paulo, onde tradicionais aliados de Alckmin, como PTB, PPS e PSB, compõem a base aliada do governo federal.
O partido governa 1.182 cidades, sendo três capitais: Teresina (PI), João Pessoa (PB) e Vitória (ES). Para os tucanos, é possível vencer em pelo menos mais três: Cuiabá (MT), Fortaleza (CE) e São Paulo.
Em Campina Grande (PB), a atual prefeita Cozete Barbosa (PT) deve tentar a reeleição com o provável apoio do PSDB. Ela era vice-prefeita do tucano Cássio Cunha Lima, que se elegeu governador no ano passado.
(RAYMUNDO COSTA E JULIA DUAILIBI)


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