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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/A HORA DA CASSAÇÃO
Câmara cassa Jefferson; cheque complica Severino
Com 313 votos, mandato de deputado que denunciou o "mensalão" é cassado
Empresário mostra cheque sacado por secretária do presidente da Câmara
Cento e dois dias após deflagrar a maior crise política
do governo Lula, o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) foi cassado ontem pela Câmara por 313 votos contra
156. No mesmo dia, agravou-se a situação do presidente
da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), após o empresário Sebastião Buani apresentar um cheque sacado por
uma secretária do deputado. Com a revelação, o deputado passou a sofrer pressão até de aliados para renunciar.
Jefferson é o primeiro parlamentar a perder o mandato no plenário por causa do "mensalão", denunciado pelo próprio petebista em entrevista à Folha no dia 6 de junho. Dois outros renunciaram para não perder seus
direitos políticos -Carlos Rodrigues e Valdemar Costa Neto, ambos do PL. O petebista, fiel ao estilo adotado desde o início da crise, fez um discurso, antes da votação, recheado de ataques. Não poupou o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, acusando-o de ter cometido
crime de "omissão", e buscou um apoio de última hora
ao dizer que o governo tenta transferir para o Congresso a responsabilidade pelo escândalo do "mensalão".
Severino Cavalcanti não pôde presidir a sessão que
cassou o mandato de Jefferson. Ele ficou refugiado em
sua residência oficial. A avaliação é que sua situação ficou insustentável depois de Buani apresentar um cheque de R$ 7.500, sacado em 30 de julho de 2002 por Gabriela Kênia da Silva Santos Martins, secretária de Severino. Seria a prova de que o deputado recebeu o
"mensalinho" em troca de prorrogar a concessão de
Buani para explorar um restaurante na Câmara. Sob o
risco de cassação, o deputado ainda resiste. À Polícia
Federal, sua secretária disse que o dinheiro foi destinado a pagar despesas de campanha de um dos filhos de
Severino, morto pouco tempo depois do saque.
Ao menos seis petistas, porém, tiveram o que comemorar ontem. Sob o risco de perder o mandato, os deputados conseguiram uma liminar, concedida pelo
presidente do Supremo Tribunal Federal, Nelson Jobim, que lhes dá mais tempo para definir se renunciam
ou não. A medida impediu que o Conselho de Ética da
Câmara abrisse processo contra eles ontem.
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