|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ESCÂNDALO DO MENSALÃO/O PRESIDENTE
Mas presidente exorta nações pobres a demonstrar que "merecem" ajuda externa
Lula diz que corrupção não atrapalha combate à pobreza
LEILA SUWWAN
DE NOVA YORK
Após exortar os países pobres a
demonstrar responsabilidade interna para "merecer" ajuda internacional, Luiz Inácio Lula da Silva
foi constrangido ontem na ONU a
explicar como a crise e instabilidade política no Brasil ofuscaram
a mobilização contra a miséria.
O presidente rebateu a questão
declarando que a corrupção está
sendo combatida como nunca no
país e fez uma referência indireta
à prisão de Paulo Maluf para dar
um exemplo.
"Nunca se apurou tanta coisa
no Brasil como se está apurando,
seja pela Polícia Federal ou pelo
Congresso. Pessoas estão sendo
presas. Pessoas que estavam em
liberdade, que estavam ameaçadas de serem presas há 20 ou 30
anos, agora estão presas. Entre
prender um corrupto ou dez corruptos e devolver o dinheiro para
sua finalidade há uma diferença
grande", disse sem citar nomes.
Corrupção interna
Irritado com a pergunta sobre o
tema, feita em coletiva de imprensa, Lula disse que corrupção interna não atrapalha uma política eficaz de combate à pobreza. "A corrupção é um mal no Brasil, no planeta e em qualquer lugar em que
tenha um ser vivo", rebateu. Foi
auxiliado pelo colega chileno, Ricardo Lagos. "Não é porque existe
um problema de má utilização de
recursos que vamos nos omitir de
uma necessidade", disse.
A questão surgiu devido à fala
de Lula sobre a falta de confiabilidade no uso de recursos doados a
países pobres. "Só iremos convencer um cidadão de um país desenvolvido a doar parte de seus
ganhos se ele souber que o governo daquele país é sério."
Para Lula, esse não é necessariamente o caso do Brasil, já que o
Fundo de Combate à Pobreza se
destinaria a países mais pobres.
"O Brasil não precisa desse fundo.
É para ajudar os mais pobres e necessitados, e na medida que os
países tenham a seriedade para
trabalhar com esses recursos."
O presidente brasileiro também
se isentou da responsabilidade de
resolver todos os problemas do
país. "Não vamos resolver em
quatro anos os problemas de 500
anos", afirmou, alegando ser o
primeiro governo em séculos que
governa para todos, não apenas
30% da população.
Além do apoio de Lagos, Lula
foi cumprimentado publicamente duas vezes pelo presidente do
governo espanhol, José Luiz Zapatero, pela iniciativa do grupo de
combate à fome.
Texto Anterior: Governo busca acordo para sucessor Próximo Texto: Lula defende taxa de combate à fome Índice
|