São Paulo, quinta-feira, 15 de setembro de 2005

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ESCÂNDALO DO MENSALÃO/O PRESIDENTE

Mas presidente exorta nações pobres a demonstrar que "merecem" ajuda externa

Lula diz que corrupção não atrapalha combate à pobreza

LEILA SUWWAN
DE NOVA YORK

Após exortar os países pobres a demonstrar responsabilidade interna para "merecer" ajuda internacional, Luiz Inácio Lula da Silva foi constrangido ontem na ONU a explicar como a crise e instabilidade política no Brasil ofuscaram a mobilização contra a miséria.
O presidente rebateu a questão declarando que a corrupção está sendo combatida como nunca no país e fez uma referência indireta à prisão de Paulo Maluf para dar um exemplo.
"Nunca se apurou tanta coisa no Brasil como se está apurando, seja pela Polícia Federal ou pelo Congresso. Pessoas estão sendo presas. Pessoas que estavam em liberdade, que estavam ameaçadas de serem presas há 20 ou 30 anos, agora estão presas. Entre prender um corrupto ou dez corruptos e devolver o dinheiro para sua finalidade há uma diferença grande", disse sem citar nomes.

Corrupção interna
Irritado com a pergunta sobre o tema, feita em coletiva de imprensa, Lula disse que corrupção interna não atrapalha uma política eficaz de combate à pobreza. "A corrupção é um mal no Brasil, no planeta e em qualquer lugar em que tenha um ser vivo", rebateu. Foi auxiliado pelo colega chileno, Ricardo Lagos. "Não é porque existe um problema de má utilização de recursos que vamos nos omitir de uma necessidade", disse.
A questão surgiu devido à fala de Lula sobre a falta de confiabilidade no uso de recursos doados a países pobres. "Só iremos convencer um cidadão de um país desenvolvido a doar parte de seus ganhos se ele souber que o governo daquele país é sério."
Para Lula, esse não é necessariamente o caso do Brasil, já que o Fundo de Combate à Pobreza se destinaria a países mais pobres. "O Brasil não precisa desse fundo. É para ajudar os mais pobres e necessitados, e na medida que os países tenham a seriedade para trabalhar com esses recursos."
O presidente brasileiro também se isentou da responsabilidade de resolver todos os problemas do país. "Não vamos resolver em quatro anos os problemas de 500 anos", afirmou, alegando ser o primeiro governo em séculos que governa para todos, não apenas 30% da população.
Além do apoio de Lagos, Lula foi cumprimentado publicamente duas vezes pelo presidente do governo espanhol, José Luiz Zapatero, pela iniciativa do grupo de combate à fome.


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