São Paulo, quinta-feira, 15 de setembro de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/PT X PT

João Paulo anuncia adesão à candidatura de Valter Pomar; Campo Majoritário admite que disputa se encaminha para 2º turno

Prefeito de Recife adere à esquerda do PT

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Eleitor de José Dirceu nas eleições de 2001, o prefeito de Recife, João Paulo Lima e Silva, aderiu à candidatura de Valter Pomar, da Articulação de Esquerda, para a presidência do PT. João Paulo -que já tinha prometido seu voto a José Genoino e Tarso Genro- diz que sua nova opção foi motivada por questões locais.
Até anteontem seu preferido na disputa em Pernambuco era Dilson Peixoto, seu secretário de Serviços Públicos. Mas João Paulo decidiu votar em outro integrante de sua equipe, Carlos Padilha (Habitação), que é da AE. "Não tenho nada contra o Berzoini. Resolvi votar em Pomar e Padilha."
Dilson conta que, ao voltar da reunião do Campo Majoritário em que Genoino renunciou, disse ao prefeito que se sentisse à vontade para ficar "eqüidistante", mas que foi surpreendido pela decisão de João Paulo.
Em Pernambuco, a disputa é travada entre o Campo Majoritário e a Democracia Socialista (DS). Embora o prefeito minimize o impacto da decisão no cenário nacional -"sou um independente"-, com as recentes perdas, a coordenação de campanha de Ricardo Berzoini (PT-SP) já reconhece a hipótese de o Campo Majoritário enfrentar um segundo turno. "Não há chance de primeiro turno nessa crise. O mar não está para peixe", diz Francisco Campos, secretário nacional de Mobilização do partido.
Para evitar um segundo turno, o Campo aposta na convocação de eleitores em quatro Estados onde, segundo suas contas, a corrente lidera com vantagem: São Paulo, Paraná, Minas e Rio de Janeiro.
Ontem, o partido levou ao ar quatro comerciais, de 30 segundos cada, conclamando o filiado. Amanhã, as inserções se repetirão. Pelos cálculos da corrente, nesses quatro Estados, o Campo teria condições de vencer no primeiro turno. E, quanto maior o comparecimento, maiores as chances de Berzoini ganhar já no domingo, data da eleição. "Tudo vai depender do comparecimento", avalia Francisco Rocha, coordenador do Campo.
Além desses Estados, o Campo investe na Bahia, em Pernambuco e em Brasília. Ontem, o PT decidiu até instalar uma urna em Brasília para os que trabalham lá, mas têm outro domicílio eleitoral.
Para os integrantes das outras correntes, as projeções do Campo estão equivocadas. Coordenador da campanha do Movimento PT, o mineiro Romênio Pereira diz que, no Estado, haverá segundo turno, a exemplo do nacional. "Seremos a segunda maior força do PT e temos grandes chances de chegar ao segundo turno", afirmou. Coordenador da Democracia Socialista, Joaquim Soariano lança mão de mapas, segundo os quais Raul Pont chegará ao segundo turno com Berzoini. "Temos maior capilaridade", diz.
Beneficiado com adesões de última hora, Pomar resume: "Será Berzoini e um dos quatro. E todo mundo acha que vai". Os candidatos também estão recrutando seus militantes para o trabalho de fiscalização e apuração paralela.


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