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CASO MALUF
Preso na PF desde sábado, ex-prefeito diz em entrevista que declaração do presidente na Guatemala foi "infeliz"
Lula deve procurar corruptos no PT, diz Maluf
DA REPORTAGEM LOCAL
O ex-prefeito Paulo Maluf (PP),
preso desde a madrugada de sábado, disse ontem que foi "infeliz" a declaração do presidente da
República, Luiz Inácio Lula da Silva, de que o ex-prefeito "não será
o primeiro nem o último a ser
preso" devido a irregularidades.
Irritado, Maluf disse que, se Lula quer prender os culpados, deveria começar pelo próprio PT.
"Foi uma declaração infeliz. Ele
[o presidente] não conhece os
problemas, não está a par dos
problemas. Se ele quisesse mesmo
prender os culpados, que comece
por Brasília. Tenho certeza de que
o número de presos dá a volta no
quarteirão, e a maioria do partido
dele, do PT", disse o ex-prefeito,
que concedeu sua primeira entrevista ao vivo ontem para a TV
Bandeirantes.
Com um paletó preto e uma camisa social, Maluf sorriu e brincou com a equipe de reportagem.
Antes da entrevista, leu e assinou
alguns documentos. Depois pediu a agentes da Polícia Federal
para ler os jornais que estavam
sobre um sofá -foi quando se informou das declarações feitas anteontem por Lula à imprensa, durante visita à Guatemala.
Ao falar sobre a "lição" que poderia tirar de sua prisão, Maluf
comparou-se a Jesus Cristo. Disse
que, se Cristo passou por 14 estações na via-sacra, ele passou por
140 -para os católicos, cada estação retrata as principais cenas de
Cristo à caminho da cruz.
"Olha, eu sou cristão. Cristo, na
via-sacra das igrejas, teve 14 estações. Eu já percorri 140 estações
de via-sacra de injustiças e de perseguições ilegais. Mas, graças a
Deus, tenho meus 13 netos e é por
eles que eu sobrevivo", disse o ex-prefeito, com os olhos marejados.
Ao ser questionado pelo repórter Sandro Barboza sobre as condições da prisão, Maluf reclamou
da "quentinha". Ele criticou ainda
o fato de a polícia não ter autorizado a entrada de comida especial
para o filho Flávio, com quem divide a cela.
"Aqui você não tem liberdade
para nada. A comida... Quando o
meu filho entrou, ele entregou
uma prescrição médica porque
ele tem acidez no estômago. Ele
precisa comer um certo tipo de
comida. E, todas as vezes que essa
comida apareceu, eu quero dizer,
não foi permitida a entrada", afirmou o ex-prefeito.
Advogados de Flávio Maluf pediram na Justiça Federal uma autorização para que ele receba comida enviada pela família.
Maluf disse ainda que não daria
a comida que recebe na prisão
nem para um cachorro.
"Aqui deveria ter um pouco
mais de controle de qualidade do
fornecedor da quentinha. Porque
a quentinha que hoje serviram,
para mim, e eu não tenho cachorro em casa, mas se eu tivesse, não
daria nem para o meu cachorro."
O ex-prefeito afirmou que a prisão do filho Flávio -que, apesar
de ter se entregado, foi algemado
diante de uma câmera de TV-
foi um "espetáculo global".
"Ele se entregou. Estava com
três policiais armados no helicóptero [da família Maluf]. E chegou
aqui para fazerem um espetáculo
global, algemaram ele", afirmou o
ex-prefeito.
A entrevista de Maluf foi feita
em uma sala do nono andar do
prédio da superintendência da
Polícia Federal, em São Paulo, no
bairro da Lapa. A carceragem
ocupa o terceiro andar do edifício.
O ex-prefeito chegou à sala para
ser entrevistado escoltado por
agentes da PF.
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