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PT e PSDB ocultam rumos da economia sob generalidades
Propostas de Lula e Alckmin são vagas e não mostram como vão enfrentar desafios
Principais candidatos não
esclarecem suas posições sobre como operar redução dos juros, do gasto público e da carga tributária em 2007
GUSTAVO PATU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A exatos 16 dias do primeiro
turno das eleições, os principais candidatos à Presidência
mantêm ocultas sob generalidades, eufemismos e tergiversações as agendas econômicas
que pretendem conduzir a partir do próximo ano.
"Nós achamos que é possível
fazer mais com cada real que
entra no setor público", dizia
ontem, em um seminário que
reuniu assessores econômicos
dos presidenciáveis, o tucano
Antonio Márcio Buainain.
"Nossa prioridade é o crescimento da economia com manutenção da estabilidade e das
conquistas sociais", revelava o
petista Nelson Barbosa.
Platitudes do gênero têm evitado que as duas candidaturas
detalhem como vão enfrentar a
lista, consensual entre elas, dos
principais desafios econômicos
do próximo governo: taxa de juros, gastos públicos e carga tributária em excesso; investimentos, infra-estrutura e crescimento insuficientes.
O PSDB nem sequer apresentou seu programa de governo. O PT apresentou um documento sem menção a reformas
ou a compromissos palpáveis.
Não é segredo que os dois
partidos, que encabeçam a disputa política nacional pela
quarta eleição consecutiva,
compartilham hoje, com algumas variações semânticas, as
mesmas diretrizes econômicas,
seguidas desde 1995.
Se os diagnósticos e as alternativas de terapia são conhecidas, permanecem um mistério
as estratégias que cada um pretende seguir a partir de 2007.
Mesmo Lula, que está no poder,
paralisou sua agenda com a crise política e a queda de Antonio
Palocci da Fazenda.
Palocci pregava reformas
constitucionais para deter a escalada dos gastos, em especial
na Previdência Social -com o
quê concordam os ortodoxos
tucanos e petistas, mas ninguém defende nas eleições.
No debate de ontem, cada lado saiu pela tangente à sua maneira ao abordar o tema. O tucano repetiu o discurso do
"choque de gestão" do presidenciável Geraldo Alckmin. "É
possível economizar nas pequenas coisas" -não é o que sugere a experiência de FHC.
O petista resolveu o problema com uma expectativa de
crescimento econômico duradouro na casa de 5% ao ano,
inédito desde a redemocratização do país. "Não existe ajuste
fiscal bem-sucedido sem crescimento econômico" -na gestão Palocci, acreditava-se que
não haveria crescimento sólido
sem ajuste fiscal.
Os dois lados preocuparam-se mais em demarcar supostas
diferenças. O petista criticou o
aumento da carga tributária e
da dívida pública nos anos
FHC, mas defendendo os gastos sociais da gestão Lula. "Para
nós, isso não é gastança, é responsabilidade social."
O tucano disse que é preciso
"superar o populismo" nos gastos públicos, mas não deu pistas sobre as reformas necessárias. "Quando a gente fala em
reformas, alguns setores se assustam. Não necessariamente
vem nada de ruim."
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