São Paulo, sexta-feira, 15 de setembro de 2006

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PT e PSDB ocultam rumos da economia sob generalidades

Propostas de Lula e Alckmin são vagas e não mostram como vão enfrentar desafios

Principais candidatos não esclarecem suas posições sobre como operar redução dos juros, do gasto público e da carga tributária em 2007


GUSTAVO PATU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A exatos 16 dias do primeiro turno das eleições, os principais candidatos à Presidência mantêm ocultas sob generalidades, eufemismos e tergiversações as agendas econômicas que pretendem conduzir a partir do próximo ano.
"Nós achamos que é possível fazer mais com cada real que entra no setor público", dizia ontem, em um seminário que reuniu assessores econômicos dos presidenciáveis, o tucano Antonio Márcio Buainain. "Nossa prioridade é o crescimento da economia com manutenção da estabilidade e das conquistas sociais", revelava o petista Nelson Barbosa.
Platitudes do gênero têm evitado que as duas candidaturas detalhem como vão enfrentar a lista, consensual entre elas, dos principais desafios econômicos do próximo governo: taxa de juros, gastos públicos e carga tributária em excesso; investimentos, infra-estrutura e crescimento insuficientes.
O PSDB nem sequer apresentou seu programa de governo. O PT apresentou um documento sem menção a reformas ou a compromissos palpáveis.
Não é segredo que os dois partidos, que encabeçam a disputa política nacional pela quarta eleição consecutiva, compartilham hoje, com algumas variações semânticas, as mesmas diretrizes econômicas, seguidas desde 1995.
Se os diagnósticos e as alternativas de terapia são conhecidas, permanecem um mistério as estratégias que cada um pretende seguir a partir de 2007. Mesmo Lula, que está no poder, paralisou sua agenda com a crise política e a queda de Antonio Palocci da Fazenda.
Palocci pregava reformas constitucionais para deter a escalada dos gastos, em especial na Previdência Social -com o quê concordam os ortodoxos tucanos e petistas, mas ninguém defende nas eleições.
No debate de ontem, cada lado saiu pela tangente à sua maneira ao abordar o tema. O tucano repetiu o discurso do "choque de gestão" do presidenciável Geraldo Alckmin. "É possível economizar nas pequenas coisas" -não é o que sugere a experiência de FHC.
O petista resolveu o problema com uma expectativa de crescimento econômico duradouro na casa de 5% ao ano, inédito desde a redemocratização do país. "Não existe ajuste fiscal bem-sucedido sem crescimento econômico" -na gestão Palocci, acreditava-se que não haveria crescimento sólido sem ajuste fiscal.
Os dois lados preocuparam-se mais em demarcar supostas diferenças. O petista criticou o aumento da carga tributária e da dívida pública nos anos FHC, mas defendendo os gastos sociais da gestão Lula. "Para nós, isso não é gastança, é responsabilidade social."
O tucano disse que é preciso "superar o populismo" nos gastos públicos, mas não deu pistas sobre as reformas necessárias. "Quando a gente fala em reformas, alguns setores se assustam. Não necessariamente vem nada de ruim."


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