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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA
Técnico do PT prevê o ajuste fiscal que candidato esconde
Eventual 2ª gestão de Lula deve reduzir expansão do mínimo e de gastos com pessoal
Coordenador de programa de governo petista diz que o Bolsa-Família já alcançou boa parte de seus objetivos e não expandirá muito mais
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois dos reajustes recordes promovidos neste ano eleitoral, um eventual segundo governo Luiz Inácio Lula da Silva
reduzirá a expansão dos gastos
com pessoal a taxas inferiores
às do crescimento da economia
e concederá "aumentos moderados" para o salário mínimo.
As afirmações foram feitas
ontem por um dos coordenadores do programa de governo de
Lula, o economista Nelson Barbosa, também secretário-adjunto de Política Econômica do
Ministério da Fazenda.
Barbosa também avaliou que
o Bolsa-Família, outro pilar da
campanha petista, já alcançou
boa parte de seus objetivos e
não deverá repetir, daqui para a
frente, as recentes taxas de
crescimento do volume de gastos e do número de famílias beneficiadas. Ele participou de
debate promovido em Brasília
pelos conselhos regional e federal de Economia com assessores econômicos dos principais candidatos ao Planalto.
Barbosa procurou traçar um
cenário otimista para as contas
públicas nos próximos anos,
contrapondo-se aos temores
em relação à escalada das despesas permanentes da União.
Pela exposição do economista, o principal remédio para os
males fiscais será o crescimento econômico. "Achamos que o
crescimento tem de ser de 5%
ao ano, pelo menos", disse. De
2003 a 2006, a taxa média
anual ficará em torno de 2,8%.
Como a arrecadação tributária tende a se manter ou crescer
como proporção do PIB, a expansão da economia reduzirá o
peso de gastos como os com benefícios previdenciários e pessoal, que, ao lado dos juros, são
os maiores da União.
Segundo Barbosa, um crescimento do PIB acima da casa
dos 4% ao ano é suficiente para,
a longo prazo, estabilizar o déficit da Previdência, que, neste
ano, com o maior reajuste do
salário mínimo desde 1995, deve chegar a 1,95% do produto
(ou R$ 41 bilhões), com alta
prevista para 2,02% em 2007.
O economista defendeu que
o mínimo continue sendo reajustado em percentuais superiores à inflação, sem falar em
índices -apenas usando o adjetivo "moderados"- e que reduções abranjam só despesas permanentes, e não a área social.
Neste ano, Lula beneficiou o
funcionalismo federal com a
maior expansão de gastos com
pessoal desde, pelo menos,
1996. No Orçamento de 2007,
espera-se aumento da despesa
de 5,08% para 5,13% do PIB.
Para Barbosa, essa proporção
terá de cair. Como a legislação
restringe demissões de servidores, o caminho é dar reajustes inferiores à taxa de expansão econômica.
(GUSTAVO PATU)
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