São Paulo, sexta-feira, 15 de setembro de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA

Técnico do PT prevê o ajuste fiscal que candidato esconde

Eventual 2ª gestão de Lula deve reduzir expansão do mínimo e de gastos com pessoal

Coordenador de programa de governo petista diz que o Bolsa-Família já alcançou boa parte de seus objetivos e não expandirá muito mais


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois dos reajustes recordes promovidos neste ano eleitoral, um eventual segundo governo Luiz Inácio Lula da Silva reduzirá a expansão dos gastos com pessoal a taxas inferiores às do crescimento da economia e concederá "aumentos moderados" para o salário mínimo.
As afirmações foram feitas ontem por um dos coordenadores do programa de governo de Lula, o economista Nelson Barbosa, também secretário-adjunto de Política Econômica do Ministério da Fazenda.
Barbosa também avaliou que o Bolsa-Família, outro pilar da campanha petista, já alcançou boa parte de seus objetivos e não deverá repetir, daqui para a frente, as recentes taxas de crescimento do volume de gastos e do número de famílias beneficiadas. Ele participou de debate promovido em Brasília pelos conselhos regional e federal de Economia com assessores econômicos dos principais candidatos ao Planalto.
Barbosa procurou traçar um cenário otimista para as contas públicas nos próximos anos, contrapondo-se aos temores em relação à escalada das despesas permanentes da União.
Pela exposição do economista, o principal remédio para os males fiscais será o crescimento econômico. "Achamos que o crescimento tem de ser de 5% ao ano, pelo menos", disse. De 2003 a 2006, a taxa média anual ficará em torno de 2,8%.
Como a arrecadação tributária tende a se manter ou crescer como proporção do PIB, a expansão da economia reduzirá o peso de gastos como os com benefícios previdenciários e pessoal, que, ao lado dos juros, são os maiores da União.
Segundo Barbosa, um crescimento do PIB acima da casa dos 4% ao ano é suficiente para, a longo prazo, estabilizar o déficit da Previdência, que, neste ano, com o maior reajuste do salário mínimo desde 1995, deve chegar a 1,95% do produto (ou R$ 41 bilhões), com alta prevista para 2,02% em 2007.
O economista defendeu que o mínimo continue sendo reajustado em percentuais superiores à inflação, sem falar em índices -apenas usando o adjetivo "moderados"- e que reduções abranjam só despesas permanentes, e não a área social.
Neste ano, Lula beneficiou o funcionalismo federal com a maior expansão de gastos com pessoal desde, pelo menos, 1996. No Orçamento de 2007, espera-se aumento da despesa de 5,08% para 5,13% do PIB.
Para Barbosa, essa proporção terá de cair. Como a legislação restringe demissões de servidores, o caminho é dar reajustes inferiores à taxa de expansão econômica. (GUSTAVO PATU)


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