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Heloísa quer comunicação livre de setor público e privado
Rodrigo Paiva/Folha Imagem
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A candidata do PSOL à Presidência Heloísa Helena participa de ato de campanha em São Vicente |
DA SUCURSAL DO RIO
Com a proposta de "democratizar a informação", o programa de governo preparado
pelo PSOL para a candidata à
Presidência da República e senadora por Alagoas, Heloísa
Helena, defende a reorganização "da rede de televisões e rádios", que passaria a ser "um espaço público", sem ingerências
governamental e privada.
Como isso será feito, no entanto, programa não esclarece.
O documento anuncia simplesmente que, caso saia vitoriosa
do processo eleitoral, a candidata da Frente de Esquerda
(PSOL-PSTU-PCB) revogará
"todas as decisões" tomadas
pelo governo Lula na área de
comunicações, inclusive a escolha de um padrão para a televisão digital.
A previsão era que o programa fosse anunciado no Dia da
Independência, 7 de setembro.
Entretanto, em virtude de divergências com o PSTU, inconformado com a ausência de
propostas mais duras na área
econômica, o anúncio ainda
não ocorreu. E nem sequer foi
definida uma nova data para a
divulgação.
Foco da divergência
O desentendimento entre o
PSOL e o PSTU tem como principal motivo a decisão do candidato a vice na chapa de Heloísa,
César Benjamin, de não incluir
no programa a interrupção do
pagamento da dívida externa
na hipótese de a senadora vencer as eleições.
Repudiado pelo PSTU, a corrente de extrema-esquerda da
Frente, o programa foi escrito
por Benjamin, cientista político e economista.
Por causa da falta de entendi
mento com os aliados da coligação, o candidato a vice decidiu tornar público o documento, que tem como título "Para
Governar e Mudar o Brasil" e
cujo subtítulo é "Texto Apresentado para debate na campanha presidencial de 2006".
Momento delicado
As considerações do programa a respeito da área de comunicações não foram expostas
pela candidata durante sua
campanha eleitoral. O comando da Frente avaliou que não
seria adequado, em meio a uma
"eleição presidencial difícil",
criar atritos com os empresários do setor.
De acordo com o texto de
Benjamin, no Brasil, as comunicações são controladas por
"apenas seis conglomerados",
que "recebem quase 90% do faturamento dos meios de comunicação de massa".
"Na maior parte do Brasil, a
situação mais comum é a de
monopólios regionais que associam, em uma mesma família
ou grupo, a propriedade de praticamente toda a comunicação
de massa, o controle da política
local e os cargos de representação nos níveis estadual e federal", diz o programa.
Conforme o texto, a ação desses conglomerados induz ao
"individualismo" e ao "consumo", difunde "o estilo e vida a
eles associados" e forma "uma
corrente multiplicadora de vulgarização e mediocridade que
invade a informação, a cultura e
a política".
"Para libertar o potencial
criador da sociedade, estabelecer autenticidade na comunicação, garantir o pluralismo e
difundir valores construtivos
do processo civilizatório, a rede
de televisões e de rádios deve
ser reorganizada na forma predominante de um espaço público, nem governamental nem
privado", afirma o documento.
(SERGIO TORRES)
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