São Paulo, terça, 15 de setembro de 1998

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PAINEL

Radicalizada sem terra
Uma ala radical do MST decidiu invadir a fazenda de FHC, que fica em Buritis (MG). A decisão foi tomada anteontem à noite em reunião em Brasília. E pode ocorrer a partir da madrugada de hoje. A propriedade, pelos critérios legais, é produtiva.

Só tira voto
Uma invasão da fazenda de FHC atrapalharia Lula e poria o presidente em xeque. O petista ficaria associado a mais um ato radical, pelas ligações do MST com o PT. E pareceria desespero de quem vai perder a eleição.

Abacaxi eleitoral
A invasão da fazenda de FHC obrigaria o Planalto a defender a propriedade, dado o simbolismo que o ato poderia ganhar, arranhando a autoridade presidencial em um momento de crise econômica e de eleição.

Análise federal
FHC tem mais uma razão para tentar uma ofensiva no Congresso logo após as eleições. A bancada da oposição deve crescer de 120 para cerca de 150 deputados na Câmara em 99. E deve aumentar o número de deputado hostis na base aliada.

Exército tucano
O comitê de FHC pretende colocar na rua 80 mil fiscais eleitorais em 4 de outubro, dia do 1º turno das eleições. Ontem, foram reunidos 70 representantes estaduais num hotel de Brasília.

Tudo pela reeleição
O tucano Arthur Virgílio será o primeiro orador do comício de FHC sábado, em Manaus (AM). Depois dele falam Gilberto Mestrinho (PMDB) e Amazonino Mendes (PFL), em cujo palanque Virgílio jurara nunca subir.

Por fora
Está sendo redigida no Planalto, e não no Ministério do Trabalho, a proposta de organização sindical do governo. Só advogados de entidades patronais foram ouvidos até agora.

Só pode ser milagre
A Universidade de Brasília nega que tenha pago, direta ou indiretamente, a conta de recente reunião de administradores da Funai em hotel no Amazonas. A Funai declarou que convênio com a UnB arcou com a conta.

Mão ianque
O programa de TV de FHC estuda utilizar o discurso de Bill Clinton (EUA) ontem defendendo novas regras para o sistema financeiro internacional. Avalia-se que ajuda a carimbar que a crise é externa. E que o Brasil não teria como ficar imune.

Choro garantido
Empresários que tinham um jantar marcado com FHC ontem à noite têm uma queixa prioritária: querem alguém ligado ao setor na equipe econômica. Vão dizer que Malan (Fazenda) e Franco (BC) os ouvem pouco.

A política como ela é
Se a disputa na área econômica se acirrar, a tendência do PFL é bancar a posição de Pedro Malan (Fazenda) no governo. Embora o partido pense exatamente como Mendonção (Comunicações), que defende propostas diferentes para a economia.

Almas gêmeas
Trecho da proposta do PFL ao programa de FHC: "É preciso substituir gradualmente a poupança externa pela interna. Este é o caminho para a acumulação de recursos para novos investimentos. E o momento crítico é agora!". É exatamente o discurso que Mendonção tem feito.

A conferir
Já há analista de pesquisas apostando que o 2º turno paulista será entre Maluf e Covas.

Candidata rebelde
Há mal-estar entre Luiza Erundina e setores da direção nacional do PSB e da seção paulista do partido devido às declarações da candidata a deputada federal atacando Francisco Rossi (PDT), que disputa o governo coligado aos socialistas.

Sucessão mineira
A campanha de Itamar (PMDB) ficou preocupada ontem com informação que circulava dando conta de que ele estaria tecnicamente empatado com Eduardo Azeredo (PSDB).

TIROTEIO

De Gaudêncio Torquato, que faz a campanha de Tereza Jucá (PSDB), sobre Nelson Biondi, marketeiro do governador Neudo Campos (PPB), ter dito que Torquato é "o campeão do baixo nível" em Roraima:
- Fazemos uma campanha de oposição bem amparada em informações e sem usar adjetivos. O Ministério Público apura corrupção de pessoas ligadas ao governador de Roraima. O Biondi vestiu a carapuça.

CONTRAPONTO

Tudo pelo voto
Candidato a governador em São Paulo, Francisco Rossi (PDT) não costuma atender ao telefone celular. No final da tarde, escuta as mensagens da caixa postal e as responde.
Há duas semanas, enquanto ia de carro de um comício para outro em São Paulo, o candidato começou sua tarefa diária.
Uma das ligações era de uma mulher que havia se identificado apenas como Angela.
Rossi, que estava rouco de discursar, ligou de volta:
- Aqui é o Francisco Rossi, a senhora ligou para mim?
Do outro lado, ela retrucou:
- Não é o Rossi, não. Eu conheço a voz dele.
O candidato insistiu, e a mulher propôs:
- Eu só acredito se você cantar "Segura na Mão de Deus".
Para surpresa dos assessores, o pedetista, que disputa uma eleição acirrada e não pode dispensar nenhum voto, começou a cantar o hino religioso. A mulher finalmente se rendeu.



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