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PRIVATIZAÇÃO
Preço surpreende o mercado, que temia pelo leilão devido à crise
Itaú compra o Bemge por R$ 583 mi e ágio de 85,58%
FÁBIA PRATES
da Agência Folha, em Belo Horizonte
O Itaú, segundo maior banco
privado do país, comprou o Bemge (Banco do Estado de Minas Gerais) por R$ 583 milhões -ágio de
85,58% sobre o preço mínimo-
em leilão realizado ontem à tarde
na Bovmesb (Bolsa de Valores de
Minas-Espírito Santo-Brasília),
em Belo Horizonte.
Foi a maior operação de venda
de um banco público, segundo
Paulo Zaghen, diretor de Reestruturação de Dívida do Banco Central, presente ao leilão.
O alto valor do ágio surpreendeu
o mercado, que havia visto três
grupos estrangeiros desistirem do
leilão devido à turbulência nos
mercados internacionais.
O presidente do BC, Gustavo
Franco, viu a venda como um sinal de credibilidade do país.
O valor pago pelo Itaú corresponde a 90,7% do capital total do
Bemge, que tem patrimônio líquido de R$ 290 milhões.
O Itaú deverá pagar em reais e à
vista pelo Bemge, na próxima
quinta-feira, na CLC (Câmara de
Liquidação e Custódia) da Bolsa
de Valores do Rio de Janeiro.
Do total arrecadado, R$ 534 milhões irão para o governo do Estado abater dívida e o restante para
acionistas minoritários.
Todas as empresas do conglomerado Bemge estavam incluídas
no leilão. São elas: Bemge Administradora de Cartões de Crédito,
Bemge Distribuidora, Financeira
Bemge e IFE-Banco do Estado de
Minas Gerais (agência do banco
no Uruguai).
O leilão começou às 16h, durou
45 minutos e foi muito disputado.
O Sindicato dos Bancários de Belo Horizonte tentou barrar a privatização com uma ação no início
da tarde pedindo uma liminar suspendendo o leilão. Não conseguiu.
Itaú, Bradesco e Bozano,Simonsen apresentaram proposta inicial
de R$ 486,1 milhões, R$ 443 milhões e R$ 391,1 milhões, respectivamente.
Segundo o edital de privatização,
caso a diferença de preço entre os
interessados, em envelopes lacrados, fosse igual ou inferior a 15%,
a disputa seria em viva voz.
Os dois interessados que apresentaram maiores propostas partiram para a disputa. O Bradesco
desistiu depois de ter ofertado o
11º lance, de R$ 581 milhões.
O vice-presidente do Itaú, Olavo
Franco Bueno Júnior, disse que a
aquisição equilibra a disputa com
o Bradesco, primeiro do ranking
dos bancos privados, e fortalece
sua presença em Minas.
O Bemge, último banco comercial nas mãos do governo de Minas, foi o segundo banco público
adquirido pelo Itaú. No ano passado, a instituição já havia arrematado o Banerj (Banco do Estado do
Rio de Janeiro) por cerca de R$
300 milhões.
O Bemge tem 472 agências (455
em Minas) e 123 postos de atendimento, cerca de 1 milhão de clientes e 7.480 funcionários.
O governo mineiro comemorou
o sucesso do leilão. O secretário da
Fazenda, João Heraldo Lima disse
que o governo esperava disputa,
mas o "ágio foi uma surpresa".
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