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JANIO DE FREITAS
A cena viva da luta
É difícil dar maior importância a algum fato brasileiro atual diante do que se vê acontecer no Oriente Médio.
Os palestinos e as fundas com
que atiram suas pedras, contra
as armas sofisticadas e os blindados israelenses, dão ao
mundo a cena viva do enfrentamento bíblico de Davi e Golias.
Todo povo que se levanta
contra o invasor merece o melhor respeito. Mas não é só a situação dos palestinos que contrista. Dentro de Israel dá-se,
com características diferentes,
outra luta que atravessa as décadas.
A luta inglória que os democratas de Israel, simbolizados
em um dos maiores estadistas
contemporâneos, Shimon Peres, travam contra a opressão
imposta pela aliança da extrema direita com o militarismo é
um espetáculo perturbador.
Desses que dificultam responder se a longa persistência da
luta por princípios como paz,
democracia e justiça social
atesta a força promissora dos
princípios ou, ao contrário, demonstra que não podem se impor aos famintos de poder sobre os homens e a riqueza.
País bonzinho
Seis indústrias químico-farmacêuticas vão pagar altas somas em mais um processo, nos
Estados Unidos, por combinação de preços para venda de vitaminas a outros laboratórios
e a consumidores. O novo pagamento, de US$ 335 milhões,
eleva o montante desembolsado pelas indústrias a perto de
US$ 2 bilhões. A Basf, como
sempre, está entre as atingidas,
agora acompanhada da suíça
Hoffman-La Roche, também
frequentadora das acusações, e
de uma francesa e três japonesas mal conhecidas por aqui.
Ainda há outros processos
em andamento e por serem
iniciados nos Estados Unidos.
O Canadá agiu do mesmo modo, e alguns países europeus
adotam a mesma represália.
Quatro diretores de grandes
indústrias químico-farmacêuticas foram sentenciados a penas de cadeia.
O Brasil foi incluído entre as
vítimas do cartel quadrilheiro,
no qual seria injusto esquecer
a presença do Rhône-Poulenc,
que no Brasil atua com o nome
de Rhodia. Os efeitos dos preços exploradores aqui permanecem em dois sentidos; subiram com o cartel e não caíram
depois de descoberto o cartel;
até hoje, enquanto lá fora os
quadrilheiros pagam bilhões e
cadeia por seu crime, aqui não
pagaram nem cafezinho.
Ministro bonzinho
A política antieconômica do
governo provoca desemprego,
arrocho salarial, aposentadorias de morte, mas nada disso
porque o ministro Pedro Malan não tenha bom coração. Lá
está Tereza Grossi como diretora do Banco Central, depois
da interessante doação de R$
1,6 bilhão para a felicidade de
Salvatore Cacciola e outros.
Se, porém, um caso só não
faz verão, o de Sérgio de Otero
cala os incréus. Apesar de tudo
o que já foi apurado sobre os
ganhos ilícitos desse cupincha
de Eduardo Jorge Caldas Pereira, há dois meses afastado
da presidência do Serpro, o
bom ministro não o demite.
Paga-lhe com dinheiro público
os vencimentos e vantagens do
cargo que não pode exercer por
improbidade, declarada pela
comissão investigatória que o
mesmo Malan nomeou.
Se um procurador da República requerer que Pedro Malan assuma os custos da sua bondade o protegido, vão dizer que os procuradores são fascistas.
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