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OUTRO LADO
Militares não comentam o documento
da Sucursal do Rio
A Folha tentou sem êxito
ouvir duas instituições e um
oficial reformado sobre a estatística do DOI-Codi do 2º
Exército. O Ministério da
Defesa informou que, por
não existir à época do regime militar e não manter arquivos sobre o período, não pode se pronunciar.
Até a conclusão desta edição, o Centro de Comunicação do Exército, em Brasília, divulgou que uma equipe destacada para pesquisar o tema ainda não havia concluído o trabalho.
O coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra, 67, comandante do DOI-Codi paulista da criação, em setembro de 1970 a janeiro de
1974, não quis dar entrevista.
Esse foi o período de mais mortes pelo DOI-Codi, dentro ou fora de suas instalações, segundo o ""Dossiê dos Mortos e Desaparecidos Políticos a partir de 1964".
De Brasília, onde vive, Ustra mandou dizer que o essencial foi relatado no livro
""Rompendo o Silêncio", de
sua autoria, publicado em
1987. O livro foi escrito depois que a atriz Bete Mendes,
ex-militante da organização
armada Vanguarda Popular
Revolucionária, o apontou,
em 1985, como o homem
que a torturara no DOI-Codi
no segundo semestre de
1970. Segundo a atriz, Ustra
usava o codinome de ""doutor Tibiriçá" em sessões de
tortura no DOI-Codi de São
Paulo. O mesmo relato foi
feito por vários outros presos. Brilhante Ustra nega
que existisse tortura no DOI-Codi. Afirma que os presos
eram bem tratados a ponto
de receberem ceias nas celebrações de fim de ano.
""Fui torturada por ele", diz
a ex-militante do PC do B
Maria Amélia de Almeida
Teles, 56. Ela ficou no DOI-Codi de 22 de dezembro de
72 a 14 de fevereiro de 73.
""No fim do ano, após uma
sessão de tortura da qual Ustra participou, ele foi levar
peru e farofa aos presos."
As mortes de responsabilidade do DOI-Codi ocorreram em confrontos armados, de acordo com o oficial:
""Lutávamos para manter a
tranquilidade do país e contra alguns brasileiros que,
por meio de atos de banditismo e terrorismo, tentavam implantar o caos".
Em ""Rompendo o Silêncio", Ustra citou 105 pessoas,
a maioria militares e policiais, que teriam sido mortas
por militantes de esquerda
no regime militar.
(MM)
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